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Além do "sutiã": tecnologia no futebol traz sensor inteligente às chuteiras

Sensores inteligentes nas chuteiras fornecem dados físicos, técnicos, táticos, de marcha e controle de carga (Imagem: Divulgação / Player Maker)

Há cerca de cinco anos, imagens de jogadores utilizando "sutiãs" por baixo da camisa de jogo causaram surpresa e curiosidade. Desenvolvido para carregar um GPS individual, o adereço hoje em dia já é algo comum nos principais clubes do Brasil e do mundo. A tecnologia no futebol, porém, segue se desenvolvendo e um novo equipamento promete trazer um "raio X" ainda mais completo dos atletas: os "sensores inteligentes" criados para serem utilizados nas chuteiras.



Criado em 2017, em Israel, pela empresa "Player Maker", o produto já é utilizado por clubes como Manchester City, Norwich City e Crystal Palace, na Premiere League; Toronto FC, LA Galaxy e Atlanta United, na MLS, além de clubes na Argentina, Colômbia, México, Chile e outros. No Brasil, o equipamento foi contratado pelo Fluminense e o Azuris para os profissionais, e por Atlético-MG, Bahia e Botafogo para o futebol feminino.


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A principal diferença apontada entre os sensores inteligentes de chuteiras e o GPS dos "sutiãs" é que além do equipamento fornecer dados dos movimentos dos atletas, também gera informações da interação jogador-bola.

"Ao ser montado na chuteira, em vez de apenas medir o movimento do jogador, somos capazes de rastrear a interação jogador-bola. Podemos medir a velocidade do chute, por exemplo, o número de toques, a porcentagem de uso do pé dominante de um jogador em relação ao pé não dominante, o número de posse de bola, o número de recuperações e bolas perdidas, o ritmo de jogo, etc.", explicou ao UOL Esporte o CEO da Player Maker no Brasil, Thiago Oliveira.

A riqueza de dados dos sensores inteligentes também tem como objetivo ajudar o trabalho do departamento de fisiologia dos clubes.

"Com a ferramenta é possível transcender a análise de carga tradicional para o refino do movimento humano durante sua ação competitiva", declarou Juliano Spineti, fisiologista do Fluminense.

Segundo os desenvolvedores do equipamento, a ideia é "levar o laboratório para o campo".

"Antigamente para fazer teste de simetria, de marcha, você tinha que entrar num laboratório, tinha que ir para uma esteira. E aí você não estava dentro do seu contexto esportivo. Quando você leva isso para o campo, consegue contextualizar de maneira muito melhor o que está sendo feito. As situações de jogo são muito mais caóticas do que no laboratório", avaliou Thiago Oliveira.

O fato da tecnologia estar no pé também facilita para que se obtenha uma maior gama de dados de análises.

"Quando coloco o GPS na escápula (parte superior das costas) de um atleta, estou medindo o centro de massa. Então ali já estou fazendo uma ponderação. E quando eu coloco no pé do atleta, estou direto na coleta de dados por perna", comparou o CEO.

Segundo estudos, os sensores inteligentes para chuteiras captam cerca de mil hertz por segundo em acelerações, enquanto que os GPS's dos "sutiãs" captam uma média de 400 hertz por segundo.

Presilhas desenvolvidas por ex-Nike para causar menos desconforto


Presilhas foram desenvolvidas por ex-funcionário do setor de criação da Nike e suportam frio, calor, chuva e neve (Imagem: Divulgação / Player Maker)

O equipamento em si consiste em presilhas que se encaixam nas chuteiras pouco abaixo da altura dos tornozelos. Elas são feitas de borracha e tiveram seu design desenvolvido por um ex-funcionário que trabalhou durante anos no setor de criação da Nike, empresa de material esportivo norte-americana.

Criados para suportar chuva, calor, frio e neve, os sensores também têm como objetivo causar menos desconforto nos jogadores, algo que acontece, por exemplo, com os "sutiãs", onde muitos atletas costumam, inclusive, utilizá-lo por cima da camisa durante os treinamentos.

A contrapartida é a de que, por estar num local de muito mais exposição aos contatos físicos, há o risco de danos com o tempo. Os desenvolvedores afirmam, entretanto, que isso não ocorre com frequência.

"Claro que quando tem algum choque muito característico de trava de chuteira no sensor, pode danificar, mas é difícil. Temos uma média de, a cada ano, por questões de pancada, do botão emperrar ou algo assim, um a dois sensores danificados", ressaltou o CEO da Player Maker, complementando: "As presilhas elásticas, com o tempo, têm que repor. Tem o atrito, o desgaste natural, mas somos muito satisfeitos com o feedback dos atletas. Os caras esquecem que estão utilizando".

Informações táticas


Dados são convertidos em insights usando inteligência artificial e algoritimos para tablets e outros dispositivos (Imagem: Divulgação / Player Maker)

Além das informações físicas e de análise de carga e marcha, a tecnologia também promete dados táticos caso, por exemplo, todos os jogadores estejam utilizando os sensores ao mesmo tempo.

"Se utilizarem, por exemplo, num coletivo de 11 contra 11, e todos estiverem com os sensores, consigo dar toda a análise tática. O sensor identifica na inteligência artificial as interações de passe entre os sensores. Então eu sei que o sensor 1 é do mesmo time do 2, do 3 e do 4, e ele identifica quem tocou para quem, quem roubou a posse de bola do outro time, quanto tempo o time ficou em média com a bola, quanto tempo recuperou...", explicou Thiago Oliveira.

Adaptável para outros esportes? Seleção argentina de futsal utiliza


Embora tenha sido desenvolvida para o futebol de campo, a tecnologia vem sendo utilizada e experimentada em outros esportes. A seleção argentina de futsal profissional e da base, por exemplo, já usa os sensores há dois anos.

"Por conta das presilhas, fica ali um pouquinho mais alto (nas chuteiras de quadra), mas os atletas de futsal geralmente estão mais curvados, com a plante do pé para frente. Ainda que exista o choque e arrebente mais presilhas, não há reclamação acintosa de que incomoda. Não tem sido uma questão", garantiu Thiago Oliveira.

A utilização dos sensores no futsal também ajuda a explicar o motivo pelo qual não é certo chamar a tecnologia de "GPS", uma vez que ela não precisa de uma infraestrutura de antenas para ter plena funcionalidade, algo que existe com os "sutiãs" e pode ser um problema nas modalidades indoor.

Além da seleção argentina de futsal - recentemente vice-campeã mundial — algumas universidades norte-americanas têm utilizado o equipamento para a prática de futebol americano.

O que os sensores inteligentes fornecem


Sensores inteligentes nas chuteiras de futebol fornecem dados da interação jogador-bola
(Imagem: Divulgação / Player Maker)




Análise Física

Distância percorrida
Distância em alta intensidade
Distância em sprint
Aceleração/Desaceleração
Velocidade Máxima
Sprints (Quantidade)
Ritmo de trabalho (m/min)

Análise Técnica

Toques (Quantidade)
Interação com cada perna (% - percentual)
Envolvimentos (Quantidade de posses de bola por jogador)
Estilo de jogo (% de posse - 1 toque / curta / longa)
Tempo de posse de bola (em segundos)
Porcentagem de posse de bola (em segundos)
Passes (Quantidade)
Passes completos (% - percentual)
Recuperações de posse (Quantidade)
Perdas de posse (Quantidade)

Análise Tática

Rede de passes
Posse de bola (% - percentual)
Passes (Quantidade)
Passes completos (% - percentual)
Passes por posse (quantidade)
Tempo por posse (em segundos)
Tempo para recuperação de posse (em segundos)

Análise de Marcha e Carga

Tempo da passada
Tempo de contato no solo
Tempo de flutuação
Ritmo ou cadência
Taxa de assimetria
Velocidade do passe

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