Antes de a bola rolar, alguns torcedores provavelmente recordaram o histórico recente de eliminações contra equipes inferiores tecnicamente. O medo nesta ocasião era até de se entender. A eliminação para o Mirassol, nas quartas de final do Paulistão do ano passado, deixou cicatrizes.
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Mas a atual equipe de Crespo deu mais uma amostra de que nesta temporada as coisas podem ser diferentes. O São Paulo entrou em campo ciente do que teria que fazer para eliminar o rival, e a primeira delas era não deixá-los jogar.
As partidas do São Paulo no comando do argentino, aliás, têm se caracterizado por essa forma de jogo. Crespo pede uma marcação pressão, e os adversários têm dificuldades. Logo no primeiro minuto de jogo, por exemplo, Pablo apareceu na área para girar e chutar com força.
Ali estava o Tricolor de 2021.
A pressão se estendeu até que o primeiro gol fosse feito, aos 30 minutos do primeiro tempo, com Gabriel Sara. E diferente de anos passados, o São Paulo não passou a se defender depois de abrir o placar. Pelo contrário: passou a habitar ainda mais o campo do rival.
Foram necessários apenas mais três minutos para ampliar o marcador, dessa vez com Liziero. O Tricolor jogava fácil, sem medo de rodar a bola de um lado para o outro até encontrar o jogador melhor posicionado para arrematar.
Nem mesmo o golaço de Renato Cajá, de falta, para diminuir a vantagem, mexeu com o time.
O show de Benítez
O segundo tempo serviu para mostrar que além de um jogo coletivo que funciona, o São Paulo também tem um meia que destoa e pode ser a principal engrenagem desse time na temporada. Trata-se de Martín Benítez.
O argentino já tinha ido bem na etapa inicial, participando dos dois gols, mas foi nos 45 minutos finais que ele colocou o jogo "no bolso" e levou o Tricolor à vitória com ainda mais tranquilidade.
Puxando contra-ataques e distribuindo passes com categoria e lucidez, Benítez mostrou que o meio de campo articulador tem um dono. No ano passado, o São Paulo teve dificuldades para ter esse jogador pensador.
Por muitas vezes Igor Gomes teve essa responsabilidade, mas nunca conseguiu responder à altura. Gabriel Sara, por sua vez, não tem essa característica como principal, e Benítez caiu como uma luva para esse time.
Os 4 a 2 foram construídos com o jogador participando de todas as jogadas. Caso mantenha o nível na semifinal e em uma possível final, o Tricolor desponta como favorito a levantar o troféu que tanto almeja.
No domingo, a equipe enfrenta o Mirassol, o carrasco do mata-mata no ano passado, e tentará exorcizar de vez a sina de cair para times de menor expressão - se avançar, enfrenta o vencedor de Palmeiras x Corinthians.
Contra a Ferroviária, a equipe deu uma demonstração de que o futebol bem jogado e os destaques individuais podem fazer um primeiro semestre que não se vê no clube desde 2005, ano do último título paulista conquistado pelo Tricolor.
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