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Há 15 anos, presidente do São Paulo 'provocava' rivais no marketing e projetava ter mais torcida que o Corinthians

Júlio Casares apresenta projetos do marketing do São Paulo embalado pelo título Brasileiro de 2006 GazetaPress

Desde 1993, quando as pesquisas de tamanho de torcida tornarem-se frequentes no Brasil, o Corinthians figura como o segundo clube mais popular e há um bom tempo está à frente do São Paulo, rival deste domingo (2), na Neo Química Arena, pela décima rodada do Campeonato Paulista. Uma história que o atual presidente do clube tricolor, Júlio Casares, tentou mudar há 15 anos.



Na época, então diretor de marketing do São Paulo, ele encabeçou projetos que visavam ampliar o número de torcedores, fazendo o clube saltar do terceiro para o segundo lugar, cativando o público mais jovem e até quem não tinha nem sequer nascido.


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Assim, surgiram campanhas baseadas no marketing de experiência, como o “Batismo Tricolor”, a “Calçada da Fama”, o “Embaixador Tricolor”, o “Torcedor do Futuro” e, o mais polêmico, o “Dia da Conversão”, que foi anunciado na imprensa, mas não foi realizado.

O primeiro consistia em batizar filhos de são-paulinos no Morumbi, numa cerimônia de meia hora, com padrinhos, juramento, execução do hino do clube e até um certificado. No início, custava R$ 120. Em 2019, quando foi retomado por uns meses, R$ 298.

O “Torcedor do Futuro” poderia ser interpretado como uma tentativa de "catequização", pois foi desenvolvido para introduzir crianças de escolas públicas no universo tricolor, com um tour pelo Morumbi e contato com ídolos do presente ou do passado.

O “Dia da Conversão” era bem mais ousado e o próprio nome já deixava claro a cutucada nos rivais, pois Casares prometia dar a chance para jovens chateados com as fases ruins de Corinthians, Palmeiras e Santos “virarem a casaca” e mudarem o time de coração.

Esse projeto foi divulgado pela primeira vez em uma entrevista do então diretor de marketing tricolor ao jornal "Agora São Paulo", em novembro de 2007. Segundo ele, o "Dia da Conversão" fazia parte do plano de ampliação da torcida são-paulina.

“Muitas crianças que torciam para Corinthians, Palmeiras e Santos, por exemplo, já participaram do 'Batismo'. Então, surgiu a ideia de criar esse novo projeto para aumentarmos ainda mais essa mudança de time. Quem aderir vai assinar um termo, como se fosse um contrato, dizendo que se tornou um legítimo são-paulino. Com isso, também haverá um compromisso nosso de sigilo absoluto nisso”, disse.

O projeto não chegou a ser colocado em prática, mas a ambição do dirigente chamou a atenção pela criatividade. Vale lembrar que naquele momento o marketing dos clubes nacionais ainda engatinhava. As ações eram focadas em promoções e vendas de produtos licenciados.

Casares chegou a afirmar que torcida são-paulina aumentaria e passaria a torcida do Corinthians em dez anos. A afirmação foi feita em entrevistas também para a "Folha de S.Paulo" e no antigo “Debate Bola”, programa comandando por Milton Neves na TV Record.

“Quando a gente fala em dez anos, a gente fala de planejamento […] O São Paulo vai ser a maior torcida do Brasil em dez anos”, disse à época, ao vivo,, causando revolta no doutor Osmar de Oliveira e no jornalista Juarez Soares, ambos corintianos e já falecidos.

Na TV Record, Casares afirmou que 20% dos "batizados" tricolores eram filhos de pais corintianos, acrescentando que "os jovens falam que é legal torcer para o São Paulo", exemplos que usou para reforçar a tese de que a torcida são-paulina superaria a corintiana.

Havia algo além do marketing que dava confiança ao dirigente naquele momento. O desempenho em campo.

Corinthians e Palmeiras sofriam péssimos momentos, enquanto o Santos tinha sucesso estadual. Já o São Paulo comemorava um ressurgimento. Tinha vencido o Paulista, a Conmebol Libertadores e o Mundial de Clubes em 2005. Em 2006, ganhou o Brasileiro.

Foi na esteira desse sucesso que o clube do Morumbi começou a lançar os projetos citados acima, além de comercializar camisas especiais (como a famosa "4-3-3", em alusão aos quatro títulos brasileiros, três Libertadores e três Mundiais). Até grama do estádio e pedaço das redes das metas defendidas por Rogério Ceni foram colocados à venda pelo departamento de marketing.

Previsão naufragou
De 1993, quando o instituto Datafolha iniciou a série de pesquisas sobre as maiores de torcida no Brasil, até 2019, ano da última publicação, o São Paulo figurou quase sempre na terceira colocação, mais próximo do quarto e quinto do que do Corinthians.

Na primeira edição, o São Paulo tinha 7% da preferência nacional, na terceira posição. Sete anos depois, aparecia no quarto lugar, atrás do Palmeiras. Em 2001, estava empatado com o clube alviverde e o também o Vasco. Todos com 7%.

Em 2006, voltou a figurar na terceira posição, com 8%. Naquele ano, o Datafolha apontava Flamengo (15%) e Corinthians (13%) como os clubes mais populares do país, e com folga. A margem de erro foi de dois pontos percentuais, para mais ou para menos).

Em 2019, ano da última pesquisa, o Flamengo teve 20% da preferência nacional seguido pelo Corinthians (14%) e pelo São Paulo (8%). Assim como em 2006, a margem de erro da pesquisa foi de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Além de a projeção de Casares não ter se confirmado, o São Paulo saiu de um dos melhores momentos da história, com o tricampeonato brasileiro (2006/07/08) e a Copa Sul-Americana de 2012, para entrar em um dos piores, com um jejum de títulos.

O atual presidente tricolor não ficou todos esses anos no mesmo cargo. Chegou a exercer outras funções na diretoria. Foi vice-presidente de Carlos Miguel Aidar e membro do conselho de administração na gestão Leco, por exemplo. Já o departamento de marketing foi alvo de duras críticas de torcedores e especialistas nos últimos dez anos, justamente por ter deixado de investir na criatividade.

O exemplo maior citado até por dirigentes tricolores é o sócio-torcedor. O São Paulo foi pioneiro na criação, mas no último ano teve o plano oferecido aos torcedores apontado como um dos piores entre os grandes clubes do Brasil.

Do outro lado, os rivais avançaram dentro e fora de campo. O Corinthians inaugurou o próprio estádio, um CT moderno e ganhou o título mais cobiçado: a Libertadores. Ainda levantou a taça do Campeonato Brasileiro de 2011, 2015 e 2017, do Mundial de Clubes de 2012, da Recopa Sul-Americana de 2013, da Copa do Brasil de 2009 e do Campeonato Paulista de 2009, 2013, 2017, 2018 e 2019.



O Palmeiras também saiu do inferno próprio (com uma Série B em 2013) para o Olimpo do futebol. Foi campeão brasileiro em 2016 e 2018, venceu a Copa do Brasil em 2012 e 2020, festejou a Libertadores de 2020 e também o Paulista de 2020. Além de ter o Allianz Parque, revigorado tanto como estádio quanto casa de shows, "abocanhando" até eventos antes realizados no Morumbi.

Voltando ao duelo Corinthians x São Paulo deste domingo, ele será o primeiro para Júlio Casares desde que ele assumiu a presidência tricolor. A fase é melhor para o time do Morumbi, que turbinou o elenco e vem colhando bons resultados na temporada.

Ninguém no departamento de futebol nega que o objetivo do projeto é acabar de vez com a seca de taças. E todos também reconhecem que o Corinthians, clube que o presidente imaginava que superaria em torcida, foi uma pedra no sapato nos últimos anos.

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Comentários (5)
02/05/2021 19:04:05 Rodrigo Alves

Num tem como almentar torcida jovem com jogos nesse horario. Palhaçada isso ai. No domingo jogo de 22h15 é foda.

02/05/2021 16:40:46 Leandro Barbosa

Agora então nem se fala.....paralisação das aula por covid19 aumenta o alfametismo aumenta a torcida do corinthians

02/05/2021 15:29:00 L.P

Pode fazer o marketing que for . Se Não tiver título a torcida não aumenta muito.

02/05/2021 11:44:16 Jackson de França Azevêdo

Materia desnecessária parece torce contra, pracque lembrar isdo agora?

02/05/2021 10:46:11 Orlando Alexandria

Quer aumentar a torcida... Tem que ganhar titulos... Foi assim que nossa torcida sempre cresceu

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