Derrotado pelo terceiro ano consecutivo na semifinal do Campeonato Paulista, o São Paulo viu também neste domingo a volta de um antigo fantasma que persegue o clube do Morumbi nos últimos anos, mais especificamente em relação ao trabalho de seu treinador. Ao ser batido pelo Corinthians novamente, desta vez por 2 a 0, Muricy Ramalho conheceu a oitava eliminação em torneios disputados no sistema de mata-mata desde o início de 2006, período em que reassumiu o comando do time tricolor.
Substituto de Paulo Autuori no cargo, que vinha de títulos da Libertadores da América e do Mundial de Clubes na temporada anterior, o atual treinador conseguiu manter a rotina de conquistas no Morumbi, mas vive o trauma de só acumular sucessos em competições disputadas na fórmula de pontos corridos, fracassos que já renderam críticas ao trabalho de Muricy por parte da torcida e de alguns membros da diretoria são-paulina.

Conhecido pelo ótimo retrospecto no segundo semestre de 2006 a 2008, mas também com eliminações sofridas sempre nos primeiros meses do ano, o técnico tricolor sofreu o terceiro revés seguido no Estadual de São Paulo neste domingo, em pleno Morumbi. Depois de ser vice-campeão paulista em seu ano de reestréia no clube, quando o Santos ficou com o título do torneio que era disputado em pontos corridos, Muricy caiu nos mata-matas das duas edições seguintes, contra São Caetano e Palmeiras, respectivamente.

Coincidentemente, os golpes mais sofridos pelos são-paulinos foram também no primeiro semestre, mas nas disputas de Libertadores, torneio em que o clube mostra grande identificação desde os triunfos no início da década de 90, comandados pelos ídolos Raí e Telê Santana. Em busca de seu quarto título da principal competição do continente, a equipe tricolor parou no caminho justamente contra adversários brasileiros. Em 2006, ficou com o vice-campeonato após derrota para o Internacional na decisão e, nos anos seguintes, foi eliminado nas oitavas e nas quartas-de-final contra Grêmio e Fluminense, sendo que na última levou um gol nos acréscimos do hoje são-paulino Washington.

Se o São Paulo é conhecido nos últimos anos pela recuperação sempre no segundo semestre, período em que faturou os últimos Campeonatos Brasileiros (sempre em pontos corridos), o time também colecionou fracassos em outros mata-matas na mesma época do ano, no entanto, sem o mesmo prestígio dos anteriores. Sempre priorizando o Nacional, o clube usou times reservas para as edições da Copa Sul-Americana, mas caiu nas quartas-de-final de 2007 para o Millonarios (Colômbia) e na fase nacional do ano seguinte, para o Atlético-PR.

Único treinador a vencer três edições do Brasileiro de forma seguida e eleito por quatro vezes consecutivas o melhor técnico do torneio, o comandante mostra pelos números que o fracasso na disputa de mata-matas refere-se apenas à sua segunda passagem pelo clube do Morumbi. Aos 53 anos, o treinador já triunfou neste tipo de disputa por Náutico, Internacional e São Caetano, em estaduais de Pernambuco, Rio Grande do Sul e São Paulo, no modesto Shanghaï Shenhua, da China, além do próprio time tricolor, já que faturou a extinta Conmebol de 1994 com um time repleto de jovens.

Diante de mais uma eliminação, o treinador tratou de minimizar o histórico desfavorável e acredita que o tropeço é normal diante de um adversário tradicional. "Já ganhamos no mata-mata, já perdemos no mata-mata, isso é do futebol. Não gosto de ficar pensando em derrotas. Não aprendo nada com elas", disse Muricy, que foi apoiado por Borges logo em seguida. "Não vamos polemizar com essa história de mata-mata. Perdemos porque o Corinthians foi melhor. Somos tricampeões brasileiros e merecemos mais respeito", finalizou.