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Confira a segunda parte da entrevista com Rogério Ceni

Antes do Choque-Rei, ele falou ao LANCENET! com exclusividade

No DVD do hexa, você diz aos jogadores na preleção da decisão, contra o Goiás, que passou a noite pensando em algo para falar a eles. Como é essa rotina de pensar num tema para motivar os companheiros?
Alguém tem de falar e as pessoas sempre esperam, naquele momento, que eu fale. Gostaria de dividir, é sempre aberto para todos. Mas alguém tem de tomar a frente. Às vezes o Hernanes fala, o André Dias, o Rodrigo. Fico mais contente porque sinto a participação deles. Gostaria de não precisar, que só eles falassem, mas é necessário criar o fato, fazer entender o porquê de estarmos ali, a oportunidade que a vida oferece para a gente conquistar algo.

Você chegou a chorar nessa preleção contra o Goiás. Certamente não pensou em chorar na véspera...
Não penso muito no que vou falar na véspera. Há fatos que ficam gravados na cabeça, de um livro, um filme, mas normalmente são coisas de momento, que saem naturalmente. Naquele dia, eu me emocionei pelas circunstâncias do campeonato: éramos carta fora do baralho e chegamos dependendo de uma vitória. Disse que demoraria muitos anos para que outro time fosse tricampeão brasileiro, era uma oportunidade única para nós. Naquele momento, tem de focar no lado emotivo, familiar: filhos, pai, mãe, isso cria um argumento psicológico muito favorável.

Após algumas declarações da diretoria sobre a briga com a Federação Paulista de Futebol, atuações da equipe, o torcedor ficou em dúvida sobre a importância do Paulistão para o São Paulo. Vocês querem esse título?
Nós queremos ganhar sempre o próximo jogo. Não importa onde seja, por qual competição, se há briga ou não com federação. Pode-se dizer que há o subconsciente pensando na Libertadores, mas isso dura até cinco minutos antes de entrar em campo. Quando jogo uma partida, é para fazer meu melhor, e não interessa em que campeonato seja. No futuro, terá um peso menor que uma Libertadores, mas é algo natural das competições. O torcedor pode ter certeza de que entramos para fazer nosso melhor. É que está tudo muito equilibrado. No interior, você sofre para ganhar, num clássico é difícil apontar favorito. Mas o São Paulo quer se classificar, chegar à final e vencer.

E se isso acontecer, as fases finais vão se confrontar com a Libertadores. Há um planejamento para passar por uma maratona de decisões?
É difícil saber o que vai acontecer, mas a comissão técnica sabe disso. Estarão, no mínimo, três dos quatro grandes na semifinal. E se for a Portuguesa, ela joga de igual para igual com os outros. O Santo André tem menos chances, mas também vai brigar. Essa reta final promete muita emoção, até agora não tinha nada. O Campeonato Paulista é longo, desgasta os jogadores para, por enquanto, nada. Agora sim haverá disputa. Estamos pouco à frente dessas equipes, por outro lado, um ponto apenas atrás do Corinthians, com a possibilidade de terminar em segundo. Só o Palmeiras que já tem o primeiro lugar garantido. Pode ser agora, na próxima rodada, mas isso é certo.

Nesses 13 anos, você sempre foi líder. Mas mudou sua forma de liderar?
Sempre tive minhas convicções na vida. Desde os 13, 14 anos, quando decidi que ia trabalhar no Banco do Brasil. Fui sozinho, fiz entrevista, comecei a trabalhar. É a iniciativa e o desejo de fazer as coisas. Melhorei como ser humano porque passei a entender as pessoas como elas são, e não querer que entendam o jogo, o momento, da mesma forma que eu. Saber que, de formas diferentes, também querem vencer, cada um do seu jeito. Isso ajuda a ser mais compreensivo: não querer que as pessoas sejam como você.

Tem noção de quantos jogadores atuaram a seu lado nesse período?
Ah, impossível. Mas, com certeza, foram dezenas. Acho que centenas...

E deve ter encontrado gente de todo tipo. Como é lidar com personalidades tão diferentes?
Tem de ter o tato de trabalhar com gente, isso é importante. Saber conviver, trabalhar com pessoas diferentes. É preciso flexibilidade para se encaixar nas mais diversas situações porque, apesar de ser um grupo, cada um tem seus problemas: o cara que não joga e fica triste, que joga e fica eufórico demais, o que está super bem e cai de produção. Tem de conversar e escutar bastante, fazer com que a pessoa não guarde as coisas para si, fique bem no dia-a-dia, segurar o cara 20 minutos depois do almoço num hotel para conversar. Tudo isso faz parte de entender a vida das pessoas, compreender seus problemas fora de campo. Isso vai além das quatro linhas. Procuro ser exigente demais comigo mesmo para não ter de exigir tanto dos outros.

Houve algum caso em que a conversa não bastou, e você precisou ser mais incisivo, mais duro?
Sabe que não! Acho que nunca aconteceu algo fora do comum. A conversa acontece diariamente entre nós. Nunca houve necessidade de brigar. Já presenciei discussões, quase brigas, mas o melhor jeito de se resolver as coisas é conversando. Não adianta alterar o tom de voz. Procuro fazer isso somente no lado motivacional, não numa discussão. Isso é compreender as pessoas da forma como elas são. Se não mudarem por vontade própria, o tempo vai mostrar a elas o caminho que escolheram.

Seria possível passar 13 anos como titular, dessa forma, sem os títulos, principalmente conquistados de 2005 para cá?
A qualidade individual do atleta não está essencialmente ligada a títulos, mas lógico que fortifica muito a imagem, a presença. No caso de alguém que fica tantos anos, se faz mais necessário para que você se sinta útil e as pessoas vejam sua utilidade. Foram anos ótimos coroados com títulos. Não acho que uma coisa esteja diretamente relacionada à outra.

Depois de 13 anos como titular, essa idolatria que o cerca, os títulos e recordes, ainda há um grande objetivo de carreira?
Tudo que realizei, gostaria de realizar em dobro. Se ganhei uma Libertadores, um Mundial, o Brasileiro, o Paulista, quero fazer acontecer de novo. O Phil Jackson (técnico do Los Angeles Lakers, time de basquete nore-americano) tem uma frase que diz o seguinte: depois que a última garrafa de champanhe for bebida, é necessário voltar ao campo de batalha, pois as vitórias de hoje não tornam o dia seguinte mais fácil. E é verdade. Pelo contrário, depois que você ganha, as pessoas esperam que você ganhe mais. Espero ganhar todo ano e estender essa fase de títulos do São Paulo, que dura de 2005 a 2008, para que se torne o ciclo vitorioso mais longo da história do clube.

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