Neste sábado, Rogério Ceni vai se reencontrar com o único jogador no futebol brasileiro cuja trajetória pode ser comparada à sua.

e mais Confira a segunda parte da entrevista com Rogério Ceni

Enquanto Marcos completa uma década de titularidade no gol palmeirense, Rogério é absoluto na meta do São Paulo pelo 13º ano consecutivo. Numa época em que os ídolos possuem prazo de validade, não é a toa que a torcida tricolor tem em seu camisa 01 um verdadeiro heroi.

Com 852 partidas, 83 gols e dez títulos como titular, Ceni é exemplo até mesmo para Marcos que, em entrevista ao LANCENET!, disse ser um orgulho a comparação com o colega. Mas a admiração é recíproca. A Copa do Mundo de 2002, em que Marcos foi titular, marca o convívio mais duradouro entre os ídolos.

- O Marcos é um cara sensacional, de caráter fantástico, bom relacionamento, traz coisas positivas para o grupo. Ele passa uma imagem de pessoa boa para a sociedade - elogia o são-paulino.

Admiração à parte, Rogério sabe que é fundamental para o São Paulo vencer o Choque-Rei deste sábado, no Morumbi. Afinal, faltam três rodadas para que os quatro semifinalistas se definam. O São Paulo briga por uma vaga com Corinthians, Portuguesa, Santos e Santo André. E quem pensa que o Campeonato Paulista, desprezado por parte dos dirigentes, não interessa ao capitão, está muito enganado. A sede por mais títulos é cada vez maior.

- Quando jogo uma partida, é para fazer meu melhor, e não interessa em que campeonato seja. Espero ganhar todo ano e estender essa fase de títulos do São Paulo, que dura de 2005 a 2008, para que se torne o ciclo vitorioso mais longo da história do clube.

Confira a seguir a entrevista exclusiva que Rogério Ceni concedeu ao LANCENET! na véspera do clássico, em que fala sobre os 13 anos como titular, sua evolução como líder, Marcos, entre outros assuntos.

O Marcos chegou ao décimo ano como titular do Palmeiras. Você já tem 13 no São Paulo. Acha que algum jogador poderá repetir isso no futebol brasileiro?
Pode haver alguma exceção, mas a regra do futebol, hoje, diz que é muito difícil se manter bem, jogando por tanto tempo no mesmo clube. Há espaço para contratações, uma grande chance de se destacar e ir embora daqui. E também é exceção passar tantos anos bem tecnicamente, em condições físicas ideais, sem lesões.

O Marcos teve muitas lesões na carreira. E você detesta ficar fora até de um treino. Já se imaginou no lugar dele, como reagiria se tivesse de ficar meses sem atuar?
Vejo no Marcos uma pessoa muito mais paciente do que eu. Mais tranquilo, calmo, ou ao menos passa essa expressão. Eu, talvez, se tivesse tido todas essas lesões que o Marcos teve, não teria a mesma calma para voltar após cada contusão, parar por dois, três meses. Não conseguiria reagir tão bem quanto ele reagiu nesses últimos anos. Cada um carrega o fardo que pode carregar. A paciência é uma das maiores virtudes que o ser humano pode ter.

Acho que a comparação entre vocês cabe mais pela história nos clubes do que tecnicamente...
Também concordo. São estilos totalmente diferentes, a grande comparação é no sentido histórico. Os anos que ele tem defendendo o Palmeiras, o número elevado de jogos criam essa identificação. O Marcos é o ponto de referência do torcedor, isso é super importante para um clube. Pode haver jogadores numa fase fantástica, como o Keirrison, mas o ponto de referência maior sempre vai ser aquele cara que jogou a vida toda no mesmo lugar.

E o que essa comparação traz de bom a você? O Marcos diz que é um orgulho ser comparado a alguém que tem mais jogos, mais gols e mais títulos do que ele.
Como goleiro, a gente vê todos os dias a capacidade dele. Pude conviver com ele na Copa do Mundo de 2002. O Marcos é um cara sensacional, de caráter fantástico, bom relacionamento, traz coisas positivas para o grupo. Ele passa uma imagem de pessoa boa para a sociedade. Para a criançada, os jovens, isso é muito legal. Como ser humano, ele traz benefícios para as pessoas porque é sempre alegre, bem humorado, são características que, em momentos de dificuldade, têm de ser valorizadas. Eu mesmo não tenho esse bom humor, essa simpatia, ele está sempre pra cima. São virtudes do ser humano.

O Marcos também disse que gostaria de ser mais seu amigo, conviver mais contigo. É difícil ter amigos no futebol?
Acho difícil porque a gente joga uma vez a cada três dias. Cheguei em casa às quatro horas da manhã de quinta-feira e, às 23h, já estava concentrado. Não sobra tempo nem para a família. Gostaria muito de conviver com o Marcos por mais tempo, mas a vida é muito corrida. Outro cara que gostaria de encontrar mais é o Valdir Joaquim de Moraes (atual observador-técnico do Palmeiras e ex-preparador de goleiros do São Paulo), que também é meu vizinho de muro (o CT do São Paulo fica ao lado da Academia de Futebol do Palmeiras), mas o tempo é o mais precioso. Tenho de treinar, me preparar, tenho minhas filhas. Sem dúvida, acrescentaria muito conviver mais com o Marcos, seu Valdir, e outras pessoas que não trabalham comigo.