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Lugano detona a arbitragem e vê São Paulo prejudicado: 'Não teve um lance interpretativo a favor'

Na última segunda, durante exibição de filme em sua homenagem, ex-zagueiro e atual cartola do Tricolor lamentou as atuações dos árbitros e pediu mudanças estruturais

Superintendente de relações institucionais também se mostrou contrário ao uso do VAR em lances interpretativos (Foto: Eduardo Carmim/Photo Premium)

Ex-capitão do São Paulo e atual superintendente de relações institucionais do clube, o uruguaio Diego Lugano foi homenageado com a exibição do filme "Don Diego - Carne, osso e coração" no Cinefoot - festival de cinema sobre futebol - na noite da última segunda-feira. Durante o evento, o ex-zagueiro não poupou críticas para a atuação dos árbitros, especialmente no Campeonato Brasileiro.



Depois de expôr seu ponto de vista sobre a interferência dos erros de arbitragem na tabela do Brasileirão e se posicionar contrário ao uso do VAR em lances interpretativos, o cartola são-paulino questionou os motivos dos juízes supostamente utilizarem de critérios diferentes para apitar faltas contra e a favor do Tricolor do Morumbi.

- Historicamente, o São Paulo entende que as coisas têm que acontecer por honra, pelo bem-comum, por honestidade. Os erros acontecem, mas minha experiência nos últimos anos no São Paulo é tremenda. No ano passado estávamos desesperados e nunca vi um time grande que não tem uma interpretação a favor. Não teve um lance interpretativo, pelo menos desde que cheguei ao São Paulo há três anos, a favor. Nunca deram para o São Paulo. Falo de lances decisivivos, lances de expulsões, de pênaltis. Não falo de um cartão amarelo dentro de campo - afirmou o uruguaio.

Atualmente na terceira colocação do Campeonato Brasileiro, o São Paulo - assim como a maioria dos clubes nacionais - se envolveu em mais de uma polêmica com os árbitros nesta temporada. Abaixo, confira na íntegra o posicionamento de Lugano sobre alguns pontos relevantes sobre o tema.

Pressão dos clubes nos bastidores da CBF, reformulação da arbitragem e o posicionamento do São Paulo quanto a estes temas
Que tema complexo, né? Para falar tem que falar com profundidade e com seriedade sobre o assunto. O São Paulo sempre, historicamente, teve como política não ser muito agressivo, muito crítico com a arbitragem no Brasil, de não ter que fazer isso nos bastidores para não ser prejudicado. Acho que isso tem que ser natural, do jogo. Cada um tem que fazer o melhor. Você vê que o São Paulo dificilmente reclama, dificilmente se posiciona, salvo uma vez ou outra. Me posicionei esses dias, mas foi algo pessoal porque eu ainda tenho sangue na veia, mas é um tema que tem prejudicado muito o futebol brasileiro nos últimos anos. É uma realidade que tem de se encarar com profissionalismo, com responsabilidade e seriedade. Não tem no mundo um campeonato que a participação da arbitragem seja tão decisiva para ganhar ou para perder, e isso falo com experiência. Já joguei em cinco ou seis ligas e tive uma passagem anterior aqui no Brasil. Chegou o momento de ter uma revisão verdadeira, real. Pela indústria, pelo espetáculo, pela a origem do futebol, caso contrário o futebol perde a credibilidade. Estiva na Europa na semana passada e se comenta isso. Esta rodada de ontem quase que estavam fazendo piada porque apitam lances que não têm nada a ver. Não são erros simplesmente. Deve ter alguma origem diferente. Acho que chegou o momento de fazer uma revisão verdadeira, principalmente para que o Campeonato Brasileiro seja mais interessante ao torcedor, para que seja mais competitivo. Não pode ser que erros grotescos da arbitragem continuem fazendo diferença para você ser campeão ou cair para a segunda divisão. Tem que ter uma revisão, uma política real. Hoje, por exemplo, todos os canais de televisão tem um árbitro que comenta e que protege os outros árbitros. Uma jogada que é um escândalo, eles amenizam. Isso é real. O que vão fazer com o futebol? Acontece na América do Sul e todo mundo reclama, como aconteceu com o Cruzeiro. Aqui no Brasil é incrível como eles decidem o resultado do jogo. Um pênalti, uma expulsão. Lances capitais que é quando o cidadão precisa ter 110% de certeza para apitar, eles erram. É como um zagueiro que quer sair dando uma caneta dentro da pequena área, toma o gol e diz que é erro. Não, não é. Estão forçando o erro. Dentro da pequena área, joga-se sério. Ou como um goleiro que quando vai defender a bola faz um escorpião, como o Higuita. Aí toma gol e é erro. Não, não é erro. Você está forçando o erro. O lance que você precisa ser mais seguro, você está forçando o erro. Acho que é um tema profundo. O Campeonato Brasileiro tem cinco ou seis times competindo pelo título. Nesse aspecto é o único no mundo, mas se você começar a ver como cada time tem pontuado e como cada time tem deixado de pontuar por erros incríveis, perde-se a seriedade. Perdemos todos. Quem perde é o futebol. É um tema sério que tem que se tratar com muita seriedade. Estou falando de todos, não falo de Palmeiras ou São Paulo, falo de todos. É pelo bem do futebol.

A arbitragem pode ser decisiva na definição de quem será o campeão?
Veja os dois pênaltis do Inter contra a Chapecoense, o segundo foi incrível. O gol do Internacional contra o Corinthians, com cinco jogadores impedidos, ou o gol de ontem (domingo). Eu era da época de quando o Internacional perdeu o campeonato (referindo-se ao Brasileirão de 2005) e quase quebraram o joelho do Tinga, e o juiz expulsou o Tinga. Talvez, tenha sentimento de culpa. Aquele campeonato ficou manchado. Você lembra daquele ano dessa forma. Não perde um time, perde o futebol. Hoje, temos um campeonato que está sendo, sempre é na verdade, com esse problema. Agora está mais evidente porque tem mais times brigando lá em cima.

Uso do VAR pode ser a solução?
Não, não acho. Zero. Estive na Copa do Mundo e estive em um hotel com todos os juízes e falamos muito do VAR. Eu acho, sinceramente, que na Copa do Mundo o VAR foi um desastre. A final da Copa do Mundo se decidiu pelo mau uso do VAR, ou pelo o não uso do VAR. O primeiro gol da França não foi falta em Griezmann e foi impedimento do Pogba. O VAR não falou nada. Em um escanteio que o jogador da França não falou nada e o croata que virou de costas e a bola bateu na mão teve na VAR. Aí sim ele veio, três minutos depois e apitou o pênalti. Então, qual é a coerência? Quem fala lá em cima? Qual é a interferência disso? Ou seja, o VAR vai ser muito pior, claro que falo da forma como está hoje. Essa é a minha visão. O VAR vai ajudar muito lances matemáticos, como impedimentos e os pênaltis de ontem (domingo). Agora, os lances de interpretação vão piorar muito. Vamos ter o ano passado, quando o São Paulo quase caiu para a segunda divisão, como exemplo. Tivemos oito ou nove pênaltis contra, todos por mão na bola. Na outra área, teve umas 15 mãos na bola e apitaram um ao nosso favor. Sempre é interpretação. Quando há muita margem para interpretação vai ter sempre polêmica. Neste caso, vai ficar aumentada porque vão ter quatro caras de fora que ninguém sabe de onde e nem por que que vão falar do lance com suas interpretações. Então há que ter uma reformulação maior. Tem que sentar jogador de futebol, cartolas, árbitros e decidirem o que vão fazer com isso. Essa é minha opinião por ter sofrido dentro de campo, por ter jogado mais de 20 anos, por ter sido capitão quase 15 anos em diferentes lugares e por ter vivido essa realidade no futebol brasileiro, que é dura. O torcedor, que é quem paga a todos nós, não acredita no que está vendo, e quando isso acontece perdemos todos.



O São Paulo deve ter um posicionamento mais firme nas cobranças?
Não, não deve porque é a política do São Paulo. Quando falei foi mais por opinião própria do que do clube. Historicamente, o São Paulo entende que as coisas têm que acontecer por honra, pelo bem-comum, por honestidade. Os erros acontecem, mas minha experiência nos últimos anos no São Paulo é tremenda. No ano passado estávamos desesperados e nunca vi um time grande que não tem uma interpretação a favor. Não teve um lance interpretativo, pelo menos desde que cheguei ao São Paulo há três anos, a favor. Nunca deram para o São Paulo. Falo de lances decisivivos, lances de expulsões, de pênaltis. Não falo de um cartão amarelo dentro de campo. Acredito que o São Paulo tem que seguir com o perfil de gentleman. Tudo bem se o presidente do Palmeiras esteve hoje (segunda) na CBF. Problema deles. O Palmeiras teve um escândalo na final do Paulista, foi prejudicado. Todo mundo do futebol sabe. O futebol está perdendo credibilidade. Perdemos todos.

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