Tantos anos escrevendo sobre o São Paulo me trouxeram uma cautela natural antes de escrever sobre qualquer assunto, seja notícia ou opinião. Após rever os gols contra, as mais variadas falhas por insegurança (ou falta de técnica), escutar o estádio lotado vaiando isoladamente uma pessoa, conversar com membros da comissão técnica e reler 1000 vezes a declaração de Aguirre sobre o assunto, decidi opinar e colocar em pauta o assunto Sidão. Afinal, devemos ou não ceder ao pedido de nosso mago técnico e apoiá-lo mesmo enxergando suas falhas escancaradas?



Nasceu um dilema no cérebro e no coração de todos os torcedores após a coletiva de Aguirre no domingo. Esse dilema nasce a partir do momento em que todos nós aceitamos que o celeste treinador já provou que conhece esse elenco, sabe extrair o melhor de cada jogador, é um dos responsáveis pela união do grupo - que vive como família hoje - e pela fase do São Paulo.

Além das provas práticas; conseguir repor desfalques em partidas importantes com maestria e substituições certeiras (que na hora que a gente vê dá até um nervoso sem entender, mas 5 minutos depois sai um gol) de Aguirre no decorrer do campeonato, ainda temos as respostas dos próprios jogadores em entrevistas que dizem "o treinador disse que hoje não podia empatar, ele queria a vitória e nós demos a ele a vitória!". Aguirre - ao lado de Jardine, vale lembrar - tem o time na mão indiscutivelmente.

Porém, revendo os dois gols contra que fizemos, abro um debate polêmico. O primeiro contra o Fluminense, Sidão está fora de posição. Em vários momentos do jogo - percebe isso principalmente quem assiste do estádio - Sidão é o primeiro homem de linha(fora da grande área mesmo, quas eno meio campo) e está sempre atrasado para contra-ataques adversários. Isso acontece na jogada contra o Fluminense e Anderson Martins (não estou isentando o zagueiro, poderia tentar salvar de outro jeito a bola) cabeceia recuando para o goleiro que, fora de posição, leva gol contra no fundo da rede.

No gol contra o Atlético-MG, Sidão deixa a bola escapar com mãos de alface, a bola sobra pro zagueiro atrás embalado de corrida que faz o gol contra.

Tô enxergando muito errado? Aceito opiniões contrárias sobre os dois lances.

Além disso, um goleiro para ser do nível São Paulo Futebol Clube tem que ser no estilo fecha-gol. Viemos de nomes como Zetti e Rogério Ceni, aceitar alguém menos ruim que o Denis (e olhe lá) é aceitar pouco. Sidão não é o estilo fecha-gol com defesas impressionantes, mal consegue fazer o arroz com feijão e não consegue, ao menos, não comprometer. Foi pouco falado até a atual crise sobre ele porque com a excelente dupla de zaga que temos, dois volantes ótimos e os laterais jogando em contenção, Sidão é pouquíssimo requisitado no estilo de jogo do tricolor.

Continue lendo porque agora eu vou dar um nó na sua cabeça:



Aguirre chegou com o elenco de Dorival Junior(somente o Everton que entrou e algumas trocas pontuais), faz milagre em classificar-se para a semi do paulista, quase elimina o Corinthians(por três minutos!) e muda a cara do time em 3 jogos SEM CUEVA. Passaram-se 6 meses e ninguém lembra quem foi Cueva, ninguém exige reforços como antes e a torcida hoje vai ao estádio porque percebe a entrega de jogadores que sangram a camisa e lutam por título respondendo a uma organização tática coerente de um bom trabalho técnico.

Reinaldo, antes vaiado, hoje é líder. Hudson-capitão come a bola, Nenê e Diego Souza ditam o ritmo do elenco com experiência, Everton era a peça que faltava pra fazer o motor girar e os novinhos Luan e Liziero tornaram-se seguros. A zaga é de xerife e os laterias ficam entre o feijão com arroz à ofensividade com retenção. E todos eles merecem palmas pelo preparo físico excelente! Em seis meses, Aguirre com a diretoria de Raí trouxe o vestiário de volta ao futebol com papo de boleiro e união de família e nos levou ao patamar de melhores do Brasil.

O único vaiado é o Sidão. Sua energia destoa do restante do elenco em campo, ele é inseguro quando recebe bolas e fica duplamente inseguro quando joga no Morumbi por receber vaias da torcida. O cara já é ruim por natureza, ainda vamos vaiá-lo que Aguirre irá mantê-lo? Quando você vaia o Sidão, você vaia os outros 10 em campo, não há como isolar. Nossas vaias geram crise interna e a mídia gamba vai à loucura por achar a oportunidade. Era a brecha que o sistema queria de gerar uma crise de nós contra nós mesmos.

Agora, querida torcida que salvou o time do rebaixamento, pensem comigo: Sidão falha mas é fechado com o elenco que o defende. Aguirre fecha sua coletiva dizendo que gostaria que TODOS NÓS (elenco, torcida, comissão técnica e diretoria) estivéssemos JUNTOS neste momento. Mesmo que não gostemos de um ou de outro jogador que vivem fases melhores ou piores, mas que nós apoiássemos a todos em união! Encerra dizendo que Sidão é a escolha dele, da comissão técnica, dos preparadores de goleiros e do elenco que está fechado com ele.

Nossa energia gritante salvou o time do rebaixamento. Mas se nossa energia se desalinhar da energia de Aguirre e dos jogadores, enxergo aí um problema que pode definir se iremos ou não ser campeões.

Temos uma decisão para tomar e da forma mais coerente, usando a inteligência. Temos que decidir se no estádio apoiaremos Sidão em suas falhas ou o vaiaremos. Isso é de extrema importância pela união do grupo e alinhamento de nossos interesses.

Particularmente falando, enquanto ele for a escolha de Aguirre, mesmo enxergando seus erros gigantescos, apoiarei o Sidão. Não por ele, mas por Aguirre, por Nene, por Diego Souza, por Everton, por Reinaldo, por Rojas, por todos. Se eles estão fechados com Sidão, eu fecho com eles.

Pensem com seus corações: vocês apoiarão o Sidão?

Layla Reis