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Por amor ao futebol, técnico do São Paulo na Copinha deixou carreira de engenheiro aos 20 anos

André Jardine trabalhava e cursava engenharia civil quando largou tudo para administrar uma escolinha de futsal. Passou por Inter e Grêmio antes de chegar ao São Paulo, em 2015

André Jardine largou faculdade e emprego de engenharia para se dedicar ao futebol (Foto: Igor Amorim/saopaulofc.net)<

André Jardine não fez carreira nos gramados e nem chegou ao São Paulo por indicação de amigo, empresário ou diretor. A tragetória do técnico tricolor, que enfrenta o Botafogo-SP neste sábado, às 21h, no estádio Santa Cruz, pela terceira fase da Copinha, começou em 1999.


Estudante do segundo ano de engenharia civil, o jovem de 20 anos trabalhava em uma construtora quando recebeu um convite para ser sócio em uma escolinha de futsal. Sem perder tempo, aceitou o desafio: em menos de 24 horas, pediu demissão do emprego e transferiu sua faculdade para educação física.

- Foi um dia importante na minha vida. Eu me via dono de uma escolinha ou treinador de categoria de base, mas estava em outra área. Quando recebi o convite, entendi que era um sinal. A vida estava oportunizando aquilo que eu sonhava - lembrou o treinador, que sempre foi ligado ao esporte.

Jogou nas categorias de base do Grêmio até os 15 anos, foi atleta do infanto e juvenil de vôlei da Sogipa com 17 - e ganhou bolsa de estudos na faculdade por conta do talento nas quadras -, e atuou na segunda divisão do futsal gaúcho, aos 27 anos, quando conciliava a carreira de atleta com a vida de treinador das categorias de base do Internacional.

Aliás, no Colorado, subiu degrau a degrau, do sub-10 ao sub-20, entre 2004 e 2014. O bom trabalho o levou ao arquirrival Grêmio, como técnico do sub-17, posteriormente sub-20, e até no profissional.

Com mais de 30 títulos conquistados na base da dupla Gre-Nal, incluindo Gaúcho, Copa do Brasil e Copa Santiago, ganhou em julho de 2014, após a demissão do técnico Enderson Moreira, o comando interino do time principal na partida contra o Vitória. Parecia uma porta de entrada para o "profissional", mas um convite do São Paulo o levou para outro caminho.

- Foi uma grande vitória abrir o mercado de São Paulo. Tem muitos profissionais competentes no Rio Grande do Sul, mas reconhecidos apenas lá. Quando recebi esse desafio, não pensei duas vezes. Além do São Paulo ser um grande clube, o estado de São Paulo é uma vitrine muito grande. Meu trabalho passou a ser muito mais reconhecido e valorizado - comentou.

Jardine tem conversado com Dorival Jr sobre possíveis reforços da base (Foto: Marcelo Hazan)

No Tricolor desde 2015, Jardine coleciona títulos importantes. Campeão da Libertadores, bicampeão da Copa do Brasil de forma invicta, bicampeão da Copa RS, Copa Ouro e Paulista. Mas engana-se quem pensa que a vida do treinador, à frente do clube considerado com melhor estrutura nas categorias de base, é fácil.

- Pelo investimento, somos colocados em xeque o tempo todo. Tem a parte boa, que é a estrutura, o investimento, mas tem a cobrança, a responsabilidade pelos resultados, lançar meninos, vender, e ver garotos como solução para o time principal.

Apesar das cobranças, o treinador tricolor não vê a obsessão por títulos como tarefa mais árdua de sua carreira. Dispensar um garoto, segundo ele, é mais difícil para a pessoa e para o profissional André Jardine.

"Quando sabemos que o menino não vai ser aproveitado ou não vai ter o contrato renovado é bastante difícil. É, sem dúvida, a pior parte da nossa profissão"

- Quando sabemos que o menino não vai ser aproveitado ou não vai ter o contrato renovado é bastante difícil. É, sem dúvida, a pior parte da nossa profissão. Definimos o futuro de muitos meninos, mas ao mesmo tempo somos funcionários do clube, com interesses e intenções. Há doação, sacrifícios por parte deles. Tem que encontrar esse equilíbrio - disse Jardine, que escolhe a parte motivacional como determinante para o sucesso de um elenco.

Muitos atletas chegam ao último ano do sub-20 sem uma garantia. Essa incerteza, misturada à ansiedade e pressão de família e empresários, muitas vezes influenciam na vida dos atletas. Por outro lado, os jogadores mais jovens que chegam para o Sub-20, via de regra estão motivados para mostrar mais serviço. Esse conflito, segundo Jardine, também exige do comandante são-paulino.

- Às vezes o menino mais novo surge com mais talento que o mais velho, mas é o último momento do mais velho para mostrar seu futebol. Estabelecer um critério de justiça não é fácil. Diretor pensa de uma maneira, o menino de outra, o empresário, a família, o treinador. Viver no meio disso tudo e tomar decisões é o que mais cansa, desgasta, e sabemos que as decisões fazem a diferença na vida deles, do clube.

Jardine enfrenta o Botafogo neste sábado pela terceira fase da Copa São Paulo (Foto: Celio Messias/saopaulofc.net)

Futuro profissional

Jardine não tem pressa para chegar ao profissional. Ele entende que chegar ao time principal é o caminho natural na carreira de um treinador. Feliz na base do São Paulo, a ideia é seguir estudando e ganhar bagagem para, assim que surgir uma boa oportunidade, ter segurança e respaldo para executar um bom trabalho na categoria principal.

- Vejo a base do São Paulo uma excelente vitrine e oportunidade para mostrar meu trabalho. Neste momento não existe ansiedade. Sei o quão difícil é esse passo. Os treinadores não têm muito tempo para mostrar serviço e acabam tendo que dar um passo para trás. Quero dar passos conscientes, firmes, seguros. Quando eu der um passo para o profissional, que seja firme, para um bom projeto, um bom clube, e eu realmante sinta que estou bem preparado. Enquanto não acontece, quero evoluir, aprender, e o São Paulo oportuniza tudo isso - disse Jardine, que é funcionário do clube e tem contrato como técnico do sub-20 Tricolor até o fim de 2018.

Novas perspectivas e conceitos no mercado

Observando o surgimento de profissionais considerados novos à frente de grandes clubes, o treinador do São Paulo acredita que o conceito dos dirigentes tem acompanhado o desenvolvimento e a profissionalização do futebol. Na opinião de Jardine, nomes como Fábio Carille, Jair Ventura e Zé Ricardo mostram uma nova safra de bons técnicos e de oportunidades.

- Os clubes estão olhando com bastante carinho para a base. Os profissionais estão se preparando, estudando, evoluindo, e a base é uma faculdade importante, talvez a melhor preparação para aprender, testar e desenvolver seu método, ideias, modelo de jogo. O mercado pede novas ideias, novas cabeças, novos treinadores e dirigentes. E isso é salutar para o futebol brasileiro - comentou Jardine.

Um exemplo, para ele, foi a ascensão de Zé Ricardo. Técnico da base do Flamengo, foi vice campeão brasileiro em 2016, e atualmente dirige o Vasco.

- Há dois anos estávamos no mesmo lugar. Ele é prova concreta que treinadores da base podem e têm condição. Por muito pouco ele não foi campeão brasileiro. Um treinador que jogava contra nós, estava inserido no contexto. Tem que ter paciência e acreditar que em algum momento vão apostar no seu trabalho - resumiu.

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