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A desonestidade de tirar os méritos de Dorival na recuperação do São Paulo

por André Rocha

No Brasil é muito comum dar méritos na vitória e atribuir a culpa em um revés a apenas um personagem, sem considerar o todo. No futebol, o esporte dos elos fracos e fortes, das falhas e lampejos que podem decidir jogos e campeonatos, mais ainda.



Na seleção brasileira atual, todos os méritos são de Tite. Ainda mais para aqueles que rotularam a geração de jogadores como fraca sem perceber que ela era apenas mal treinada. Assim como transferiram para o treinador até os louros do ouro olímpico no Rio de Janeiro por uma suposta interferência no trabalho de Rogério Micale. Uma falácia já rechaçada pelo próprio Tite, simplesmente por ser absurda. Ninguém arma ou arruma uma equipe numa conversa. Sem contar que Micale usou Neymar por dentro no ataque canarinho e o treinador da principal prefere utilizá-lo partindo do lado esquerdo.

Impossível não lembrar do Flamengo campeão brasileiro de 2009. O ''time de Petkovic e Adriano''. Imagem reforçada pelo fracasso de Andrade na carreira de técnico de futebol. Mas é inegável que ali havia um sistema tático e uma maneira de jogar que privilegiava o talento da dupla que desequilibrou na reta final daquela competição. Se fosse apenas pelas individualidades, o Fla que teve a dupla e mais Edilson, Alex, Denilson e Gamarra em 2000 teria obrigatoriamente que conquistar todos os títulos possíveis naquele ano. Não foi o caso.

Agora é o São Paulo. De Hernanes e do apoio da torcida apaixonada. No grito e no talento. Para os mais radicais, apesar de Dorival Júnior.
Uma desonestidade, pois se o tricolor do Morumbi acumula cinco jogos sem derrota – três vitórias e dois empates – e, com nove pontos de vantagem sobre o 17º colocado Sport faltando quatro rodadas, pode dizer que está livre da ameaça de rebaixamento, há muito do trabalho do comando técnico.

Porque apoio da torcida existia com Rogério Ceni. Talvez até maior do que agora no que se refere à paixão, pois ela era multiplicada por ter o maior ídolo do clube à beira do campo. Várias vezes o Morumbi esteve lotado. No Paulista, na Copa do Brasil, na Sul-Americana e no início do Brasileiro.

Mas o time não se acertou, também pela inexperiência de Ceni, que deixou o clube eliminado em todas as competições de mata-mata e em 17º no Brasileiro, no Z-4. E aí entra o orgulho de boa parte de torcedores e da mídia ligada ao São Paulo em não admitir o fracasso. Muitos bancaram o sucesso do treinador pelo pensamento mágico de achar que um profissional que é bom em uma função pode ser competente em todas.

Não aconteceu e então agora é mais fácil creditar o desempenho em campo na conta das contratações de última hora, especialmente Hernanes. Não há a mínima dúvida de que os nove gols e as três assistências, além dos 24 passes para finalizações em 18 partidas contribuíram, e muito, para o crescimento da equipe.

Mas olhar para o desempenho individual desconsiderando o coletivo é um dos grandes equívocos do jeito brasileiro de ver futebol. Porque Hernanes é um meio-campista, não um Neymar que no Santos era acionado toda hora, ou precisava vir na intemediária para criar toda a jogada no talento para definir. Aliás, o time que precisou menos de seu poder de decisão foi exatamente o comandado por Dorival.

Talvez a resistência ao treinador seja pelo jeito sério, sem o carisma de outros personagens do nosso futebol. Ou pelo passado mais ligado ao Santos e ao Pakmeiras; por não ter o currículo recheado de conquistas de peso apesar dos bons trabalhos na maioria das equipes que comandou. Quem sabe por algumas escolhas infelizes ao longo da carreira que culminaram no rebaixamento ou em um enorme risco?

A recuperação nas últimas rodadas salvou São Paulo e Dorival do sofrimento. A rigor, o 4-1-4-1 tricolor que deu liga depende muito mais de Cueva do que de Hernanes. O time sentiu muito a falta do peruano, à serviço de sua seleção na repescagem das eliminatórias, nos empates com Chapecoense e Vasco. Pela movimentação às costas dos volantes adversários como ponta articulador que sai da direita para criar as jogadas. Gera também espaços para os companheiros, inclusive o camisa 15.

Dos nove gols marcados, cinco foram na bola parada – três de pênalti e dois de falta. Ou seja, o São Paulo não vive dos lampejos de Hernanes, da jogada iniciada e finalizada pelo meio-campista. É uma equipe que ganhou mais segurança defensiva e trabalha a bola a ponto de proporcionar momentos de espetáculo, com ações ofensivas bem coordenadas. E aí o meia de 32 anos se destaca.

A equipe evoluiu às duras penas dentro de um ambiente político conturbado, de um elenco desigual e muito mexido ao longo da temporada, com a confiança abalada pela temporada ruim. Não é justo atribuir o insucesso de Ceni a este cenário e não reconhecer o valor do trabalho do atual treinador no mesmo contexto. Houve uma melhora de desempenho com a troca de técnico. Na experiência e nas ideias mais claras com métodos para aplicá-las no campo. Só não vê quem não quer.

Fica a dica para as ''viúvas'' de Rogério, que vai seguir sua vida no novo ofício em Fortaleza: aceitar sempre dói menos.

(Estatísticas: Footstats)

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