O ex-atacante Washington, que ficou conhecido ao longo da carreira como "Coração Valente", vai levar aproximadamente R$ 1,5 milhão de São Paulo e Fluminense, segundo apuração do ESPN.com.br.

Ele tem três ações contra os clubes abertas - duas envolvendo o Fluminense, no Rio de Janeiro, e outra com o São Paulo, em São Paulo - por direitos de arena e já ganhou todas no Tribunal Superior do Trabalho.

No caso do time das Laranjeiras, o ex-atleta briga para receber a quantia que equivale aos dois períodos em que defendeu o clube, em 2008, 2010 e 2011.

No total, o jogador terá direito a levar cerca de R$ 750 mil do Flu, por 20% dos direitos de arena correspondentes ao período.

O valor é semelhante ao que será levado pelo processo movido contra o São Paulo, correspondente aos anos de 2009 e 2010.

Washington fez mais de 80 jogos por cada um dos clubes, coincidência que explica porque o valor pleiteado nas ações é parecido.

Os processos estão em fase de execução provisória. Os clubes já perderam nos respectivos tribunais regionais e também no Tribunal Superior do Trabalho.

Ainda cabe recurso no Supremo Tribunal Federal, mas as chances de reverter as condenações são remotas. Os cálculos dos valores exatos estão sendo feitos na Justiça.

O advogado de Washington é o especialista em direito desportivo Leonardo Laporta, que também representa diversos outros ex-atletas em ações semelhantes.

Outro lado

Procurado pela ESPN, o São Paulo informou por meio da assessoria de imprensa que não comentaria o processo. Já o Fluminense preferiu não comentar porque entende que o processo ainda não foi concluído.

O que é o direito de arena?

Uma brecha na lei e um acordo feito pelo sindicato de atletas de futebol. Isso é um resumo do que é a briga pelo direito de arena, o 'cachê' que os jogadores recebem por aparecerem na TV, e que não se confunde com os salários e prêmios que recebem.

Para entender, o direito de arena consiste na negociação relacionada com a transmissão ou retransmissão das imagens dos espetáculos ou eventos desportivos dos quais participem os atletas. Sua regulação jurídica se encontra no artigo 42 da Lei Pelé, de 1998, que dá como 20% do valor como o mínimo ao que os atletas têm participação.

O direito de arena não se confunde com o direito de imagem, apesar de estar a ele vinculado. O direito de imagem pertence ao atleta de forma individual, inserido no rol dos direitos da personalidade, protegido pela constituição, e é marcado pelas características que individualizam a pessoa humana enquanto ser em sociedade.

Já o direito de arena pertence à entidade de prática desportiva a que está vinculado ao atleta, e se refere à exposição obrigatória do atleta em aparições públicas, razão pela qual faz jus a um percentual do valor arrecadado a esse título. Com isso, na Lei Pelé, de 1998, os atletas teriam direito a no mínimo 20% do valor - a lei foi alterada em março de 2011.

O problema é que, enquanto os clubes se apoiam em um novo acordo judicial, este entre o Clube dos Treze, as federações estaduais e a CBF, datado de 2000, no qual se estipulou a redução para 5% do percentual de repasse do direito de arena para os jogadores, os atletas creem que os 20% combinados anteriormente é que são devidos.

Assim, buscam seus direitos na Justiça.