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Aidar faz balanço do 1º ano como presidente e fala de Sabella, dinheiro, Ceni, Ricardo Oliveira, decisões...

Aidar completou primeiro ano como presidente tricolor na última quinta (Luís Blanco/Diário SP)

Não é preciso mais do que dez minutos de papo para constatar que Carlos Miguel Aidar perde o amigo, mas não perde a piada. E o estilo brincalhão e provocador foi uma das grandes marcas dele no primeiro ano como presidente do São Paulo, completado na quinta-feira — Aidar já havia ocupado o cargo de 1984 a 1988. Sem fugir das perguntas, o advogado de 68 anos atendeu ao DIÁRIO durante um almoço e reconheceu que pode contratar Ricardo Oliveira com uma condição: que ele não tenha mais qualquer vínculo com o Santos, rival desta noite na semifinal do Paulistão. Aidar também colocou o dedo na ferida sobre Libertadores, crise financeira, Juvenal Juvêncio, Rogério Ceni, Sabella, Luís Fabiano…

BLOG_ O que mudou na sua rotina desde que virou presidente do São Paulo?
CARLOS MIGUEL AIDAR_
Mudou quase tudo. Antes, eu era um advogado como todos os outros e ia diariamente ao meu escritório. Hoje, reservo só as manhãs de sexta-feira para passar por lá. Mas, às vezes, surge compromisso de última hora no São Paulo e nem sequer às sextas apareço.

Vários presidentes deixam o cargo calvos, gordos, depressivos… o senhor já apresenta algum sintoma?
Fiz uma operação bariátrica há oito anos, até porque, na época, tinha diabetes tipo 2. Hoje, não tenho mais nada. Corro, me cuido e tenho o mesmo peso.

Qual seu maior acerto no primeiro ano como presidente?
Há pelo menos dois grandes acertos: no plano administrativo, foi contratar o Instituto Áquila para fazer um diagnóstico do São Paulo, estabelecer metas e criar um modelo de gestão. Já dá para dizer que o clube começou a se estruturar como uma empresa comercial. Já no futebol, a maior realização foi ter levado o time até o vice-campeonato brasileiro um ano depois do quase rebaixamento na temporada anterior.

Sua gestão tem sido marcada por frases polêmicas. Arrepende-se de alguma delas?
Não. O que as pessoas não entendem é que sou uma pessoa alegre, de bem com a vida, que brinca com a peixada, fala da distância do Itaquerão, dos dentes do Kaká… Não tenho intenção de ofender ninguém. O problema é que hoje há uma grande patrulha. Tudo é muito chato. Mas não posso ficar mudo.

E as farpas trocadas publicamente com o Paulo Nobre?
Eu só me defendi das declarações do presidente do Palmeiras (que se irritou por perder Kardec para o São Paulo).

O senhor vive dizendo que o São Paulo atravessa grave crise financeira. Comprar o Alan Kardec por R$ 14 milhões não foi um erro?
Não foi e eu vou explicar o porquê. Existe a perspectiva do Pato não ficar, assim como o Luís Fabiano. Na época, a gente não tinha Centurión e Cafu e o Ewandro não havia se firmado. As alternativas para o ataque eram limitadas. Sem contar que eu considero o Kardec um excelente jogador.

O Luís Fabiano disse que conversará com o senhor e poderá até sair imediatamente. Considera essa chance?
Assim que acertamos a saída do Muricy, corri ao CT para dizer aos jogadores que o São Paulo perdia um ídolo. Completei afirmando que nos restavam dois ídolos: Rogério Ceni e Luís Fabiano. Como posso querer mandar embora um cara que eu tenho como ídolo?

Mas ele pode sair no fim da Libertadores?
O Luís Fabiano é como o Muricy: só sai do São Paulo se quiser. Está totalmente descartado perdê-lo antes do fim de dezembro, quando acaba o contrato. A menos que ele diga que quer ir embora

O Rogério Ceni se aposenta mesmo em agosto?
Se o São Paulo for campeão da Libertadores, ele fica até dezembro. Isso está previsto no contrato.

E se não for campeão?
Ele só não se aposenta no meio do ano em caso de título.

Acredita que dá para o São Paulo ser campeão com o futebol que tem jogado?
Eu sempre alimento a esperança, até porque ter esperança não faz mal a ninguém.

O Corinthians pode ter empatado com o San Lorenzo para atrapalhar o São Paulo?
Cheguei do Uruguai muito cansado e só vi o primeiro tempo, quando o Corinthians pressionou. Depois, soube que eles tiraram o pé. Mas é natural.

O São Paulo perdeu três dos quatro clássicos que disputou contra o Corinthians na sua gestão e provavelmente terá de vencer na quarta-feira para passar de fase na Libertadores. Imagina que é possível?
Imaginar é diferente de desejar. Eu desejo uma vitória convincente do São Paulo. É disso que estamos precisando para ganhar confiança e embalar no ano. No fundo, eu acredito.

Uma eventual eliminação na fase de grupos da Libertadores exigirá mudanças radicais?
Não, não. Não será o fim do mundo nem motivo para caça às bruxas. O elenco ainda está tentando se ajustar. Nem eu como presidente sei responder qual a escalação, por causa de contusões, suspensões…

Qual sua culpa no momento conturbado do time?
Recentemente, passei a acompanhar o futebol mais de perto, algo que eu deveria ter feito desde o começo. Mas eu gosto do trabalho do Ataíde Gil Guerreiro (vice de futebol). Ele tem pavio curto, meio rude, mas é o jeito dele.

O Ricardo Oliveira ainda pode ser contratado?
Eu gosto muito do futebol do Ricardo Oliveira, mas jamais o tiraria do Santos. Somente se ele ficar livre, sem vínculo com o Santos, passa a interessar.

Vale a pena esperar tanto tempo pelo “sim” do Sabella?
Ele é o cara. Ficamos bem impressionados com o que ouvimos a respeito do São Paulo, do futebol… E o Sabella acompanha todos os clássicos brasileiros de casa, graças a uma antena parabólica. Certamente, ele verá Santos x São Paulo.

Não teme que ele leve meses para se adaptar ao futebol, à cultura e ao idioma daqui?
O Sabella já jogou no Grêmio, já foi auxiliar-técnico do Passarella no Corinthians, fala bem português… Essa adaptação não será tão problemática.

O Luxemburgo está totalmente descartado?
O Luxemburgo é a opção da torcida do São Paulo. Nas redes sociais, no estádio, é o nome que pedem. Mas o nosso nome é o Sabella.

O Juvenal Juvêncio virou seu maior opositor após ser demitido da diretoria das categorias de base. Como surgiu o racha?
Havia uma série de divergências, principalmente em assuntos relacionados à Cotia. Eu queria mexer fortemente lá e ele não aceitava.

E como está a relação entre vocês hoje?
Faz tempo que não ouço falar dele. Não sei nem onde anda, embora saiba que ele gosta de pôr um foguinho aqui e acolá. Antes, até me preocupava com a saúde dele (Juvenal luta contra um câncer na próstata).

Como anda a saúde financeira do São Paulo?
A saúde está frágil. O São Paulo teve uma preocupação muito forte em pagar impostos e acabou se endividando com bancos. Enquanto isso, todos os outros clubes ignoraram os impostos e agora estão sendo beneficiados pela MP. É quase uma anistia que todos terão, exceto o São Paulo.

O São Paulo ainda gasta R$ 8 milhões por mês com bancos?
Praticamente isso, porque pagamos R$ 2,8 milhões de juros e outros R$ 5 milhões com amortização da dívida. O problema maior é que não temos tido caixa e todo mês sou obrigado a ir aos bancos renegociar.

Qual é a alternativa para sair da crise?
A dívida bancária é de R$ 160 milhões. Também temos um déficit mensal de R$ 2,7 milhões. A única saída é vender jogador. É isso que tem dado sobrevida ao São Paulo nos últimos dez anos.

Quanto é necessário para colocar as contas em ordem?
A venda do Lucas garantiu cerca de R$ 80 milhões para o São Paulo. Esse valor ajudaria muito. Mesmo que a gente tenha de vender mais de um jogador para chegar nisso.

Há proposta por alguém?
Proposta concreta, não. Só sondagens e especulação da imprensa em cima de Rodrigo Caio, Souza e Boschilia.

Quando o São Paulo voltará a ter um patrocinador máster?
O Douglas (Schwartzmann, vice-presidente de marketing) está negociando várias coisas. Mas ele já conseguiu dois patrocínios importantes para nossas mídias digitais, com a Gatorade e a Copa Airlines.

É verdade que elas vão pagar, juntas, R$ 12 milhões?
Há cláusulas de confidencialidade que me impedem de falar em valores, mas estamos muito satisfeitos com os acertos. E esses contratos, assim como o da Under Armour (nova fornecedora de material esportivo), ratificam a expansão da nossa marca no mercado estrangeiro.

Em que pé está o projeto de modernização do Morumbi?
A negociação começou a caminhar e encontramos vários parceiros, como construtora, incorporadora, exploradora comercial, empresa de estacionamento. A ideia é apresentar o projeto em 60 dias para o Conselho Deliberativo esperando pela aprovação.

E como o estádio vai ficar?
Acabaremos com a pista de atletismo, criando um novo lote de arquibancadas inferiores. O andar térreo vira um centro comercial e o Morumbi passa a ter cobertura e ganha nove mil lugares. A ideia da arena para shows continua, mas com capacidade maior. Ainda faremos dois prédios de estacionamento.

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