Lúcio e Cris foram expulsos contra Atlético-MG e Santa Fe (Fotos: LANCE!Press e AFP)

Um tem 34 anos, 105 partidas pela Seleção Brasileira, campeão do mundo. O outro já chegou aos 35 anos, também tem experiência com a Amarelinha e foi multicampeão no futebol francês. Mas o currículo de Lúcio e Cris - contratados como solução para as defesas de São Paulo e Grêmio - não está sendo suficiente para agradar às torcidas. Ainda mais depois da rodada da Copa Libertadores desta semana, na qual os dois abusaram da violência e foram expulsos.

A experiência de Lúcio não significou controle diante do Atlético-MG, ainda aos 35 do primeiro tempo. Em desvantagem numérica, o São Paulo acabou sofrendo a virada em pleno Morumbi e terá a dura missão de vencer o Galo em Belo Horizonte. O prejuízo causado ao Grêmio pelo cartão vermelho de Cris foi menor graças ao volante Fernando, que marcou o gol que evitou o empate dos Gaúchos na Arena diante do Independiente Santa Fe, da Colômbia.

As expulsões, por si só, não gerariam tanta revolta entre os torcedores. O problema é que os "réus" não são primários. No clássico contra o Palmeiras pelo Paulistão, Lúcio tentou acertar uma cotovelada em Valdiva. Errou, mas não escapou do cartão vermelho. Sem contar o mal estar criado com a revolta depois de ter sido substituído contra o Arsenal de Sarandí. Já Cris acabou com o ímpeto do Grêmio depois de ser expulso contra o Fluminense, ainda na primeira fase da Liberta. A classificação chegou a ficar ameaçada.

Especialista da posição, o ex-zagueiro Mauro Galvão entende que a dificuldade inicial dos dois jogadores é por causa da mudança de estilo de jogo que o futebol brasileiro tem com relação ao europeu.

- A adaptação é difícil. Eu vivi isso também quando voltei. Eles passaram mais de 10 anos fora e é uma mudança de estilo. O jogo no Brasil e na América do Sul é mais no chão, com campos maiores, onde os jogadores têm mais espaço. Por isso, o tipo de marcação é diferente. Na Europa, o time inteiro tem mais disciplina tática e os zagueiros não ficam tão expostos - comentou o ex-defensor, que atualmente é coordenador das divisões de base do Vasco.

A queda de produção da dupla não deveria ser uma surpresa se as temporadas recentes dos dois jogadores fossem observadas. Lúcio chegou em um acordo com o São Paulo sem nem ter completado seis meses de Juventus, da Itália, clube para onde se transferiu após deixar a Inter de Milão. Com o trio Chiellini, Bonucci e Barzagli soberano no time bianconero (e na seleção italiana), Lucio não teve espaço. A saída aliviou os dirigentes da Velha Senhora.

Cris atuou com mais frequência no Galatasaray, de onde veio antes de fechar com o Grêmio. Só que o fato de ter perdido espaço no Lyon - que já não tem mais essa força toda na França desde a saída de Juninho Pernambucano - foi um dos sintomas da queda de produtividade. O zagueiro chegou com o aval de Luxemburgo ao Grêmio, que esperava o mesmo defensor que brilhou na tríplice coroa pelo Cruzeiro. Mas não houve nem lapsos daquele Cris ainda.

Se continuarem assim, Lúcio e Cris vão ter o mesmo destino de outro ex-companheiro de Seleção Brasileira: Anderson Polga, que voltou ao Brasil para jogar pelo Corinthians e acabou não renovando após atuações ruins. Mas, por enquanto, os dois zagueiros ainda têm tempo para reverterem o jogo.

- Penso que eles têm qualidade para jogarem bem. Certamente vão jogar em alto nível por aqui - completou Mauro Galvão.