O técnico Ney Franco viveu sob grande pressão nas últimas semanas, especialmente com a grande possibilidade de o São Paulo ficar fora das oitavas de final da Libertadores após 26 anos. Mas o jogo contra o Atlético-MG na semana passada serviu para o técnico lavar a alma e poder prosseguir seu trabalho com muito mais tranquilidade. E é exatamente baseado na performance que sua equipe teve diante dos mineiros que agora ele não tem medo de afirmar: o São Paulo renasceu e pode ser campeão de tudo o que quiser.

Em entrevista concedida ao jornal O Estado de S. Paulo, Ney Franco falou sobre como foi administrar a pressão que o time viveu antes do jogo contra o Atlético-MG e explicou que, de agora em diante, aquela partida virou referência para o Tricolor que, se quiser ir adiante em qualquer competição, precisará demonstrar aquela mesma vontade dentro de campo.

“Estávamos precisando vencer um jogo com consistência, o que aconteceu contra o Atlético-MG. Agora deu uma acalmada porque continuamos na competição. Teria sido um desastre sair, e este momento passa a ser a nossa referência para o resto da temporada”, explicou o treinador, que não poupou elogios à entrega de sua equipe desde o apito final do juiz no confronto contra os mineiros no Morumbi.

Mais do que isso, Ney Franco considera que depois de superar um momento tão difícil, o São Paulo pode ir muito mais longe em todas as competições ao longo da temporada. “Se mantivermos a pegada, podemos ser campeões de tudo o que disputarmos.”

O treinador são-paulino também aproveitou para responder às críticas que recebeu sobre a falta de ‘padrão’ do time tricolor sob seu comando. Com a variação de esquemas táticos e a constante troca de jogadores no início da temporada, o técnico foi alvo de protestos até da torcida, que pedia Paulo Henrique Ganso titular entre outras coisas. Ney Franco, porém, manteve a tranquilidade, fez as alterações que julgou necessária e agora acredita ter um time quase que ‘ideal’ para o resto da temporada.

“Quem estuda nossa equipe sabe que sempre mantivemos a forma de jogar, com dois volante, três meias que podem variar, e um atacante fixo, no caso o Luis Fabiano. O que pegava era a dificuldade para acertar a marcação, e fizemos isso com muita propriedade. Sempre trabalhei com tranquilidade na formação da equipe, mas é claro que dependo da qualidade técnica e emocional dos atletas e, em alguns momentos, tivemos queda de produção”, explicou o comandante.

“Aos poucos fomos nos ajustando. Temos tudo para fazer a melhor temporada de nossas carreiras. Acho que passamos pelo trabalho mais difícil, temos o confronto contra o Atlético, mas temos todas as condições de passar”, garantiu.

Com o time chegando à sua formação ideal, porém, Ney Franco pode acabar perdendo alguns jogadores no meio do caminho. O volante Denilson, por exemplo, tem seu contrato de empréstimos encerrado no meio do ano, quando teria que retornar ao Arsenal, já que a diretoria tricolor não está muito disposta a investir na compra do jogador. Para o treinador, no entanto, ele é essencial para o time e deveria ser mantido no elenco.

“Minha fala é para manter o Denilson. Não vamos achar no mercado um jogador como ele, que é um dos melhores do país e tem experiência internacional, o que faz diferença a nosso favor. Estamos fazendo um esforço enorme para mantê-lo aqui, mas como treinador preciso entender se o clube não quiser mais ficar com ele”, disse.