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Para celebrar Dia do Goleiro, Zetti reúne 250 pupilos e conta histórias

Ao lado dos amigos Waldir Peres, Raí e Belleti, ex-goleiro da seleção brasileira organiza festa para jovens e idosos, amadores e profissionais

Que turma! Zetti, Waldir Peres e mais de 250 goleiros (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)

Waldir Peres se transformou em um dos melhores goleiros do Brasil ao perceber, lá pelos sete anos de idade, que tinha amor e vocação para fechar o gol. Raí, quando criança, desistiu das luvas ao notar que ter a bola nos pés era mais fácil do que parar atacantes rivais. Belleti chegou a ser apresentado nas categorias de base do Cruzeiro como camisa 1, mas logo foi para a linha e nunca mais voltou a usar luvas. Histórias como essas foram contadas no encontro que reuniu mais de 250 goleiros, garotos, mulheres, senhores e sonhadores, amadores e profissionais, para celebrar o Dia Nacional do Goleiro, comemorado nesta sexta-feira.

Devidamente uniformizados, todos participaram de uma uma clínica com ex-atletas de diferentes gerações, no CT do São Paulo, em Cotia, promovida pelo ex-goleiro Zetti.

- Isso é um incentivo para todas as pessoas que estão começando e sonham com a profissão. Elas desejam jogar em um clube grande, em um time amador, com qualidade, saber cair, pegar a bola, não se machucar, e tudo isso exige treinamentos. Tento passar o que aprendi como profissional - disse Zetti, dono de uma academia específica para goleiros, que conta hoje com aproximadamente 350 alunos.


Raí mata saudades da bola durante evento (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)

Convidado especial, o amigo e ex-companheiro de São Paulo, Raí, vilão de muitos deles, fez questão de participar da festa e considerou a comemoração legítima.

- O goleiro treina separado, sozinho, chega mais cedo, sai mais tarde, cai no chão, só leva bolada... Eles merecem um dia só para eles. São heróis - comentou o ex-camisa 10 do São Paulo Raí.


Ex-goleiros Carlos, Waldir Peres e Zetti (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)

Inspiração para Zetti, o ex-goleiro Waldir Peres também marcou presença. Dono de títulos Paulistas e do Brasileiro, e titular da hoje lendária Seleção de 82, o ídolo do São Paulo foi um dos homenageados no evento, e falou sobre os momentos alegres e tristes que todo goleiro acaba atravessando em sua carreira profissional.

- O goleiro precisa conhecer sua profissão. Não conheço um que tenha passado ileso, sem que tenha falhado uma única vez. É preciso estar bem treinado, com a cabeça boa, afinal, é uma função que exige personalidade para superar todas as adversidades. Injustiçados todos são. Quantos goleiros foram culpados por gols sofridos, sem antes as pessoas comentarem que a defesa era fraca? Não importa, o goleiro sempre vai levar a culpa, e ele tem que estar preparado para superar tudo isso - disse Waldir Peres.

Eram tantas histórias de goleiros em um só local que o GLOBOESPORTE.COM buscou algumas que pudessem representar a todos. Confira:

Symon Casagrande, 20 anos

Symon Casagrande em ação (Foto: Marcos Ribolli)

Filho do ex-centroavante Casagrande, hoje comentarista da TV Globo, Symon seguiu outro caminho ao perceber que não havia herdado o talento para marcar gols do pai. Sem a mínima habilidade com os pés, o filho mais novo de Casão decidiu ser goleiro aos 12 anos, inspirado pelo italiano Gianluigi Buffon, goleiro do Juventus e da seleção italiana. Desde então, a paixão pelas luvas não o deixou abandonar o sonho de, um dia, ser profissional.

- Se eu tivesse 50% da capacidade do meu pai, não seria goleiro. Ele me apoia, dá dicas, e tenta me ajudar da melhor forma. Estive no Barueri por dois anos, mas uma lesão no joelho acabou prejudicando a minha sequência. Meu sonho é jogar profissionalmente, e não vou desistir - afirmou Symon, que cursa o segundo semestre de administração de empresas, e mantém a forma na escola de Zetti, duas vezes por semana.

Bárbara Lazarini, 17 anos

Bárbara busca bolsa de estudos nos EUA (Foto: Marcos Ribolli)

Pode-se dizer que Bárbara Lazarini guarda uma frustração. Sem investimentos e incentivos, deixou de sonhar com uma carreira profissional no futebol. Hoje, ainda apaixonada pelo esporte, dedica-se aos treinamentos com outro objetivo: abrir portas em universidades norte-americanas para complementar seus estudos. Goleira desde criança, Bárbara aprendeu não apenas a agarrar as bolas, mas a defender o desvalorizado futebol feminino.

- Amo futebol, e gostaria que o feminino tivesse a mesma valorização do masculino. Chegamos ao ponto de as meninas da seleção terem de usar o uniforme dos homens porque não tinha modelo para as mulheres. Isso é um absurdo. Hoje, infelizmente, meu foco é conseguir uma bolsa em uma universidade dos Estados Unidos. Lá, sim, o esporte é valorizado. Nosso país é muito rico, tem muitas meninas dispostas a jogar, mas os clubes não incentivam, as federações não têm seriedade. Olha o Santos, por exemplo. Fechou as portas por falta de verba, mas paga o salário do Neymar. Essa é a nossa realidade - disse Bárbara.

Bunyu Izuka, 71 anos

Brunyu Izuka: paixão pela bola (Foto: Marcos Ribolli)

Aos 71 anos, Bunyu Izuka é o dono da camisa número 1 do time master do Nippo/Cotia. Apesar de ser titular, ele não está satisfeito com a situação e acredita que pode ir além. Aluno de Zetti há quatro anos, o goleiro-veterano fez um pedido ao ídolo e professor e ouviu uma promessa que o animou a treinar por, pelo menos, mais dez anos.

- Sou goleiro e, quando soube da escolinha do Zetti, fui atrás. No ano retrasado, eu disse ao Zetti que gostaria de jogar num time de verdade. Ele falou 'treina mais dez anos que eu arrumo para você', então, estou treinando. Espero conseguir antes dos 10 anos. Sou dedicado, persistente e não brinco nos treinos. Claro que a história de arrumar um time para mim não passa de uma brincadeira, mas quando treino, levo muito a sério. Goleiro que chega na academia pensando que é bagunça, não aguenta e vai embora. Tem de se dedicar - explica Izuka.

Orgulhoso do empenho de seu aluno mais 'experiente', Zetti acha graça ao lembrar do pedido feito por Bunyu, e lembra com carinho das primeiras aulas com o senhor de mais de 60.

- Quando ele chegou, eu não sabia o que fazer. Era um senhor de idade, com mais de 65 anos, e eu não tinha contato com grupos dessa faixa etária. Eu só havia trabalhado com profissionais. Mas a escola nos ensina também. Além de aprender muito com a dedicação dessas pessoas, a gente se adapta às necessidades de cada um. Fico muito feliz com o seu Bunyu e, pelo visto, vou ter que arrumar um time para ele jogar mesmo. E ele quer um só de jovens - sorriu Zetti.

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