Leonardo (à esq.), Denis e Leo são os candidatos para substituir Rogério Ceni (Foto: Nelson Coelho/Diário SP)

Nesta sexta-feira (26) se comemora o Dia do Goleiro. A data faz o são-paulino se lembrar de um interrogação: quem vai ocupar o lugar de Rogério Ceni quando o Mito se aposentar, ao fim deste ano?

No Tricolor, três jovens despontam como candidatos ao trono do herói. Apesar de saberem da enorme pressão, Denis, Leonardo e Leo se preparam para, em breve, tentar ocupar a lacuna deixada pelo melhor jogador do Mundial de 2005.

Aos 26 anos, Denis já disputou 76 partidas no lugar do capitão. Teve grandes atuações e sabe como é encarar a dura missão de substituir o astro.

“A responsabilidade é sempre grande por você ser titular em um clube como o São Paulo. Mas aqui é maior por haver um ídolo como o Rogério”, disse Denis, que destacou o trabalho de seus companheiros.

“Todos os goleiros aqui estão se preparando para, quando isso (aposentadoria do Rogério) acontecer, estarmos prontos para entrar em campo e dar continuidade ao que ele faz”, completou o arqueiro.

“Quem for entrar tem de saber que vai substituir um ídolo”, afirmou Leonardo, de 20 anos, que subiu das categorias de base há duas temporadas.

“É um sonho jogar no São Paulo e uma responsabilidade grande entrar no lugar do maior nome da história do clube”, acrescentou Leo, de 22 anos.

Inspiração/ Esta não é a primeira vez que um grande herói do Tricolor terá de ser substituído. Antes de Rogério Ceni, por muitos anos, a torcida gritou os nomes de Waldir Peres, Gilmar Rinaldi, Zetti... No entanto, o camisa 1 do Tricolor ganhou a admiração de toda uma geração não só por suas defesas, mas também por seus gols.

No CT da Barra Funda, Denis também arrisca seus chutes durante os treinos. E, assim como os demais candidatos, sempre que possível, busca conselhos do ídolo.

“Ele nos aconselha bastante e acho que cada dia e treino ao lado dele aprendo mais. A experiência que ele transmite para a gente é muito importante”, disse o arqueiro Denis.

Bicampeão mundial com o Tricolor em 1992 e 1993, Zetti sabe como ninguém da dificuldade dessa passagem de bastão. Quando ele deixou o clube, em 1996, o próprio Ceni assumiu o seu lugar no gol.

“O Rogério está há muito tempo no São Paulo e, no momento em que tomar a decisão (de se aposentar), vai abrir uma briga dentro do time para ver quem vai pegar esse lugar”, prevê o ex-goleiro.

Zetti prepara goleiros para o futuro em sua academia
Não é só no CT de Cotia que pode surgir um novo talento no gol. Ídolo na década de 90, Zetti trabalha hoje com sua academia, a Fechando o Gol, na formação de arqueiros.

O bicampeão mundial de 1992 e 1993 treina 320 goleiros de todas as idades em sua escola, que se localiza em Santo Amaro, na Zona Sul de São Paulo.

“Antes, o goleiro era o sujeito ruim na linha que jogava no gol. Hoje, o menino está mais direcionado, quer ser goleiro. Essa procura dos garotos é espontânea na academia”, explicou Zetti, que comemorou o Dia do Goleiro no último sábado com seus alunos no CT do São Paulo, em Cotia.

Para quem se preocupa com o ditado segundo o qual “onde o goleiro pisa não nasce grama”, a academia conta com dois campos diferentes. “Colocamos grama sintética especial”, disse Zetti.

Entrevista

Denis_
Goleiro do São Paulo

‘Cresci vendo o Rogério jogar e me inspirei nele’

DIÁRIO_ Por que escolheu ser goleiro?
DENIS_ Escolhi por ser uma posição diferente de todas as outras. Acho que gostei de jogar no gol por ter uma responsabilidade maior, por você não poder errar... E também por usar um uniforme diferente, ter um outro jeito de ver o jogo, lá atrás... Isso tudo me inspirou ainda mais para eu seguir nessa posição tão diferente. Todo mundo vai ao estádio para ver o gol, mas a gente está lá justamente para impedi-lo.

Começou no futebol jogando no gol?
Comecei jogando na linha, mas depois, aos 12 anos, fui para o gol e não parei mais.

Em qual outra posição você jogou futebol?
Já joguei de centroavante e zagueiro. Mas nada dava certo, aí fui para o gol. Gostei e comecei a treinar bem, isso me motivou a continuar.

O goleiro merece ter um dia só para ele?
Os goleiros merecem ter o seu dia. É sofredor, o mais criticado e o único que não pode falhar. Então, ter um dia para homenagear o goleiro é muito importante para a gente.

O Rogério é o seu ídolo?
Cresci vendo o Rogério jogar. É um atleta em quem me inspirei muito. Se hoje estou aqui no São Paulo, é porque me espelhei nele também. Tenho o Rogério como ídolo, além de ser uma pessoa com a qual aprendi muito aqui dentro do clube.

Há outros goleiros que também serviram de inspiração para você?
Eu também me espelhava muito no Marcos (ex-Palmeiras). Peguei ainda um tempo do Taffarel jogando pela seleção brasileira e, por isso, eu me inspirei nele também.