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Dia do treinador: A trajetória de Ney Franco

Nas últimas décadas, o futebol se caracterizou pelo salto qualitativo na área do treinamento, e, conseqüentemente, no desempenho dos atletas e das equipes, seja nos campos físico ou técnico; tático ou psicológico; clínico ou administrativo. Concepções táticas variadas, didáticas e modelos de treinos diferenciados e a interdisciplinaridade de tratamento dos atletas são algumas mudanças no futebol atual. Tais evoluções permitiram ao futebol adquirir um tratamento científico, exigindo a atuação de profissionais altamente qualificados para atuar em todas as áreas do treinamento. E o técnico exerce uma função primordial na estrutura da Comissão Técnica, assumindo um papel de liderança entre os demais profissionais envolvidos no processo.

Nesse sentido, por acompanhar a carreira de Ney Franco da Silveira Júnior e ter sido seu professor, posso afirmar que ele reúne as principais qualidades de um Técnico vencedor. Seu nome está consolidado e conquistou seu espaço no futebol profissional brasileiro. Encontra-se atualmente entre os principais técnicos do País. Ney Franco conseguiu alcançar o sucesso na carreira, por aliar a sua formação acadêmica à experiência na prática cotidiana do futebol, entre outros requisitos.

Formado em Educação Física pela Universidade Federal de Viçosa em 1992, Ney apropriou-se de conhecimentos em todas as áreas do treinamento, principalmente no tocante aos componentes físico, técnico, tático e psicológico. Sua experiência com a prática cotidiana do futebol iniciou-se na Universidade como atleta da LUVE (Associação Atlética Acadêmica da UFV), e posteriormente como Técnico da Seleção de Viçosa na Taça BH de Futebol Júnior, considerada como uma das mais importantes competições da Categoria no Brasil. A partir daí, após a conclusão do Curso, Ney passou a desempenhar a função de Preparador Físico da Categoria Sub 15 do Atlético Mineiro, atuando como tal no período de 1992 a 1995.

Em 1995, no início da gestão de Zezé Perrela no Cruzeiro, como Presidente do Cruzeiro, recebeu o convite para trabalhar como Técnico do Infantil. Daí, até 2005, Ney Franco passou por todas as categorias da base do Cruzeiro, conquistando títulos estaduais, nacionais e internacionais em todas elas. Os 14 anos de experiência nas categorias de base do futebol e as observações e contatos com Técnicos experientes e renomados que dirigiram o Cruzeiro o credenciaram para assumir na reta final do Brasileiro de 2004, o posto de Técnico da equipe profissional daquele Clube.

Em 2005, o Cruzeiro estabeleceu uma parceria com o Ipatinga Futebol Clube, propiciando a Ney Franco sua grande oportunidade no futebol profissional. Com sua experiência de anos dedicados a formação de jogadores, conseguiu estruturar um elenco vencedor, conquistando o Título de Campeão Mineiro ao vencer o Cruzeiro em pleno Mineirão, com mais de 85 mil torcedores presentes no Estádio. Foi uma vitória de 2 a 0, para não deixar nenhuma dúvida com relação ao trabalho realizado.

Em 2006, dando continuidade ao trabalho que, mais uma vez, propiciou o bom desempenho do Ipatinga, disputou novamente a final do Campeonato Mineiro contra o próprio Cruzeiro, conquistando o vice-campeonato. Também fez uma campanha excelente com o Ipatinga na Copa do Brasil, sendo eliminado na semifinal pelo Flamengo. Ney Franco já despontava, então, como um dos mais promissores técnicos da nova geração. E, foi por isso, que o Flamengo o contratou. Ney Franco chegou ao Flamengo para substituir Waldemar Lemos no Brasileiro de 2006. Ele assumiu o time após a derrota por 2 a 1 para o Cruzeiro, no Mineirão. Sua estréia foi no empate em 2 a 2 com o Santos.

Depois do período de paralisação para a Copa do Mundo, o técnico, que havia levado o Ipatinga à semifinal da Copa do Brasil, faturou o torneio nacional ao vencer o Vasco.

No Campeonato Brasileiro de 2006, levou o time ao 11º lugar na competição. Começou o ano de 2007 conquistando a Taça Guanabara sobre o Madureira e garantindo a participação do Flamengo na final do Campeonato Estadual. O time foi bem na Taça Libertadores na primeira fase e fez a segunda melhor campanha no geral, ficando atrás apenas do Santos. Conquistou o Campeonato Carioca nos pênaltis após dois empates contra o Botafogo, mas foi eliminado pelo Defensor (URU) nas oitavas-de-final da Taça Libertadores. No comando do Flamengo, Ney Franco, em 74 jogos, conquistou 33 vitórias, 18 empates e 23 derrotas, com 108 gols a favor e 101 contra. O fato é raro na história recente do Flamengo.

Tanto o é, que o último treinador que chegou a completar um ano no clube foi Zagallo, entre as temporadas 2000 e 2001. Em sua passagem pelo Flamengo, como profundo conhecedor das categorias de base, Ney Franco não exitou no primeiro jogo das finais da Copa do Brasil em escalar o meia Renato Augusto, na época, uma promessa de apenas 18 anos, jogador recém-saído dos juniores e promovido a titular. Após sua saída do Flamengo, Ney Franco assumiu o Atlético Paranaense no Brasileiro de 2007. Encontrou a equipe paranaense na zona do rebaixamento e terminou a competição em 12º lugar com 54 pontos, garantindo ao CAP uma vaga na Copa Sul-Americana de 2008.

Em julho de 2008, Ney assume o Botafogo, sendo que o time estava abalado pela traumática perda do Campeonato Carioca e pela eliminação na Copa do Brasil. Ney conduziu o Botafogo durante o Campeonato Brasileiro, e terminou a competição na sétima posição. Em 2009, Ney seguiu á frente do Botafogo e levou seu time à conquista da Taça Guanabara e à final da Taça Rio. Tendo perdido a Taça Rio para o Flamengo, o resultado se repetiria na decisão do Estadual e, com isso, ficou com o vice-campeonato.

Em agosto, Ney Franco deixou o cargo de Técnico do Botafogo depois de 13 meses de trabalho. Foram 75 partidas, com 34 vitórias, 18 empates e 23 derrotas. Entretanto, no dia seguinte à sua saída do Botafogo, Ney Franco acertou com o Coritiba para o restante do Campeonato Brasileiro de 2009, com a missão de ajudar o clube a sair da incomoda posição que o deixava na zona de rebaixamento.

Na última rodada do campeonato do ano passado, o Coritiba, que enfrentou o Fluminense, empatou, não conseguindo manter sua vaga na Série A em 2010, e sendo rebaixado. Mas é bom ressaltar que sob o comando de Ney Franco, o Coritiba melhorou muito a sua campanha no returno do Brasileiro, terminando em nono lugar. No entanto, a má campanha na primeira metade do Brasileirão foi decisiva para o rebaixamento.

Mesmo com a queda para a segunda divisão a Diretoria do Coritiba entendeu e reconheceu o trabalho desenvolvido por Ney e o manteve para a temporada de 2010. Ney começou a competição com uma série invicta de 8 partidas pelo Coritiba onde perdeu a invencibilidade para o rival Paraná Clube, mas esta derrota não abala seu time que conquistou o super-mando de campo (bônus para melhor time da primeira fase do paranaense) e com a mídia apontando o seu time como o principal candidato ao titulo. Na segunda fase, com uma ótima campanha, o Coritiba foi Campeão Paranaense invicto, vencendo a competição com uma rodada de antecedência em cima do arqui-rival, Atlético Paranaense.

No inicio do ano, Ney assume papel importante no momento mais difícil do Coritiba, associando-se ao clube e demonstrando que ele quer devolver o clube à Série A do Brasileiro. Ney Franco recebeu propostas interessantes de outros Clubes do Futebol Brasileiro, mas tomou a decisão de cumprir seu contrato até o fim e de devolver o Coritiba a 1ª Divisão do Brasileiro em 2011. E o objetivo foi alcançado, com a conquista do Título de Campeão Brasileiro da Série B.

Mas, em 23 de setembro, um convite feito pela CBF deixou Ney Franco muito satisfeito. Escolhido pelo Técnico da Seleção, Mano Mesnezes e pelo Presidente da CBF, Ricardo Teixeira, Ney foi anunciado como novo técnico da Seleção Brasileira Sub-20 e coordenador das divisões de base. Sua principal missão será classificar o Brasil às Olimpíadas de Londres, por meio do Sul-Americano Sub-20, que será disputado em 2011, no Peru. Mas, apesar do anúncio, Ney Franco seguiu no comando do Coritiba até o final do seu contrato, devolvendo o Coritiba a divisão de elite do futebol brasileiro.

É mais um desafio para Ney Franco. Um profissional que tem demonstrado respeito aos Clubes que tem tido a oportunidade de dirigir. Mas, acima de tudo ética e equilibro principalmente nos momentos mais difíceis. O trabalho que vai desempenhar a frente da CBF será baseado na sua experiência e conhecimento de quem trabalhou por treze anos nas categorias de base. Assim, tenho a certeza que Ney Franco poderá contribuir de forma decisiva para que o futebol brasileiro possa encontrar caminhos melhores nas próximas décadas.

Essa é a trajetória de sucesso de Ney Franco, pautada em um comportamento ético, procurando convergir o lado pessoal com o profissional. Atuando como gestor e facilitador de pessoas, informações, situações e resultados, usando sua experiência e os seus conhecimentos movido por resultados e não por impulsos, não deixando se abater pelos momentos críticos.

Ao longo de toda a sua vida, Ney vem tendo sempre a mesma postura serena e comedida que apresenta nas entrevistas de vestiário, após os jogos e, em sua conduta no dia-a-dia dos treinamentos, sem exaltar o time na vitória nem crucificar a equipe na derrota.

Aliando a liderança aos critérios de justiça e de lógica, e com seu carisma aplica eficazmente as estratégias de trabalho, tendo uma visão do todo, primando por um trabalho recheado de conteúdo e composto pelas mais modernas técnicas de treinamento. Mesmo com sua larga experiência procura entender e se atualizar, constantemente, o funcionamento de todas as áreas que envolvem a performance esportiva.

Na atual estrutura do futebol, o que se espera dos profissionais é que sejam especialistas, mas ao mesmo tempo, multidisciplinares, multifuncionais, que suportem bem as pressões e dificuldades, tenham grande rapidez de resposta e possuam uma alta capacidade de aprendizagem. E, Ney Franco, esse mineiro de Vargem Alegre, que não esquece de suas origens, e muito menos os amigos conquistados ao longo de sua vida, se encaixa nesse modelo de técnico moderno. Um entendedor profundo de estratégias e táticas, mas acima de tudo do ser humano.

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