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Lembra dele? Ex-Santos e São Paulo, Axel encara carreira como treinador

Santos, São Paulo, Sevilla-ESP, Bahia, Atlético-PR, Sport, Botafogo de Ribeirão Preto, Cerezo Osaka-JAP, Portuguesa Santista, Paraná, Figueirense, Campinense, Pelotas, Santacruzense e Jabaquara. Quinze clubes na carreira, além de uma passagem pela seleção brasileira. Por essas e outras, Axel não tem do que reclamar dos quase 20 anos em que se destacou pelos gramados do Brasil e mesmo do exterior. É essa experiência que o ex-volante busca passar a seus jovens pupilos no Jabaquara, clube da quarta divisão paulista no qual dirige o time sub-20 e coordena o departamento de base.

Nascido em Santos, Axel iniciou-se no futebol de campo do Portuários. De lá, seguiu para o Peixe e, em seguida, à Portuguesa Santista. Pela Briosa, destacou-se na equipe sub-17 e chamou outra vez a atenção do Alvinegro Praiano, para onde retornou já como júnior. Chegou ao profissional santista em 1989, aos 19 anos, pelas mãos de José Macia, o Pepe - a quem o ex-volante não esconde a gratidão pela oportunidade -, permanecendo na Baixada até 1993.

O cenário com o qual o então menino Axel se deparou não era dos mais pródigos. Era a fase das "vacas magras" na Vila Belmiro, marcada pela ausência de títulos e por campanhas inexpressivas, tanto em nível estadual como (e principalmente) nacional. Mesmo assim, o ex-volante não esconde o orgulho ao relembrar os primeiros anos de Santos.

- Ter jogado no Santos foi a realização de um sonho de garoto. Foi sem ganhar títulos, mas subi justamente na fase em que o time voltava a revelar jogadores, como o César Sampaio e depois eu, Sérgio Manoel e Marcelo Passos. Claro que gostaria de ter vivido essa fase maravilhosa de hoje, com títulos, mas me sinto muito feliz pelo que passei. Quando vejo o Palmeiras rebaixado para a Série B, lembro que, mesmo aquele sendo um dos momentos mais difíceis do Santos e com todos falando que o time ia cair (para a segunda divisão), nunca deixamos isso acontecer. É um orgulho grande - destacou.

Apesar de o Santos viver uma fase de coadjuvante no futebol nacional, Axel se sobressaiu. Tanto que em 1992 foi convocado por Carlos Alberto Parreira para um amistoso da seleção brasileira contra a Costa Rica, em Paranavaí (PR) - o Brasil venceu por 4 a 2, com gols de Raí (3) e Renato Gaúcho, e o santista foi titular. Convocação essa que faz da temporada a mais marcante do volante com a camisa alvinegra.

- No Santos, digo que meus momentos sempre foram bons. Foi meu primeiro amor, foi onde me criei. Mas acredito que aquele (1992) tenha sido meu grande momento. Fui para a Seleção, atuei com nomes como Ronaldão, Valber, Lira, Luis Carlos Winck, Raí, Renato Gaúcho... E ainda pude jogar no meio-campo ao lado do Júnior, que sempre foi um dos meus grandes ídolos - recordou Axel, que tem 204 jogos pelo Santos na carreira.

Subindo a serra

Da Vila Belmiro, Axel rumou para o Morumbi em 1994. Apesar do interesse do Flamengo e de clubes do exterior, o São Paulo foi quem ficou com o volante, repassando ao Santos, em troca, outros três jogadores em definitivo (Gilberto, Dinho e Macedo), além do atacante Jamelli por empréstimo com opção de compra. Pelo Tricolor paulista, alcançou seus primeiros títulos como profissional: a Copa Conmebol e a Recopa Sul-Americana, ambos no ano em que desembarcou na capital.

Se naquela ocasião o Santos vivia uma carência de conquistas, o São Paulo passava pelo exato oposto, já que vinha de dois títulos da Libertadores e dois Mundiais de Clubes. Mas não foi só o recente currículo vitorioso do Tricolor paulista que chamou atenção de Axel quando o volante chegou ao Morumbi.

- Em termos de estrutura, o São Paulo daquela ocasião estava à frente de outros clubes. Já tinha um CT, por exemplo. Na época em que defendi o Santos, ainda não havia o CT (Rei Pelé), então a gente treinava no quartel ou na Vila. Já em relação à pressão, penso que ela foi maior no Santos. O time passava por um momento sem títulos, então a cobrança da torcida e da cidade era grande.
O São Paulo estava em uma fase de vitórias, então o torcedor vinha mais feliz. Não conquistamos a Libertadores (em 1994, o Tricolor chegou à final, mas foi derrotado pelo Vélez-ARG), mas o são-paulino estava satisfeito, porque a equipe correspondia dentro de campo - explicou.



No São Paulo, Axel conheceu outro técnico marcante para sua carreira: Telê Santana. As cobranças do treinador, reconhecido pelo elevado grau de exigência, fizeram com que o comandante fosse, segundo o ex-jogador, um divisor de águas na carreira.

- Com ele, me tornei mais profissional. Corrigi muitos erros e defeitos. Às vezes, você já é profissional, mas falta ajustar alguns detalhes. Um deles é que eu precisava chegar mais na bola (para o desarme). De fato, no Santos, eu levava muitos cartões. Outra coisa é que no São Paulo se tinha o hábito de virar bastante o jogo, então era necessário ter precisão no passe. A cobrança não era só em mim, mas também no Palhinha, Müller e os outros. Ele buscava tirar o maior potencial de cada um - apontou.

De volta ao Morumbi

Em 1997, Axel deixou o São Paulo para defender o Sevilla, mas não tardaria a retornar ao Morumbi. Após passagens por Bahia e Atlético-PR, o volante retornou ao Tricolor em 2000, para se sagrar campeão paulista pela primeira vez. O fato de ter sido lembrado pelo clube da capital já aos 30 anos de idade é algo que orgulha o hoje ex-atleta.

- Acho que aquele foi meu grande momento no São Paulo. Tenho lembranças muito boas, de ter jogado Libertadores, com o estádio cheio gritando meu nome. Mas retornar a um time como esse aos 30 anos, que é uma idade que, na época, já se considerava que o jogador estava em final de carreira, é um feito importante. Ainda mais porque essa volta foi acompanhada de um título inédito para mim - contou.

A nova experiência no São Paulo, contudo, também foi marcada por uma lembrança pouco agradável: o vice-campeonato da Copa do Brasil daquele ano, perdida para o Cruzeiro nos minutos finais da decisão. A recordação é mais dramática porque Axel é visto por alguns torcedores como responsável pelo lance que culminou no gol do título mineiro, aos 44 minutos da etapa final (o empate por 1 a 1, que perdurava até então, dava o troféu ao Tricolor). O volante, porém, se diz tranquilo quanto à jogada.

- Sei como foi aquele lance. Houve uma falta que não foi dada no início da jogada e um recuo (para o zagueiro Rogério Pinheiro, que cometeu falta no meia Geovanni e acabou expulso), para que se tirasse a bola, mas não se tirou. Na falta, o Geovanni bateu como o Ronaldinho faz hoje, por baixo. Tudo o que era para se fazer, foi feito. Mas a bola passou pelo meio, entre mim e o Carlos Miguel. Tentei cortar, mas não consegui. Tudo que era para fazer, foi feito - descreveu.

Daí em diante, Axel rodou o país em times de menor expressão, passando em 2003 pelo futebol japonês (Cerezo Osaka). O fato de a trajetória pós-São Paulo, encerrada em 2010 no Jabaquara, não ter o mesmo "glamour" de outrora não incomoda Axel. Pelo contrário.

- Tudo serve como experiência. Na maioria dos lugares em que atuei, os times eram os grandes de suas regiões. Já havia passado dos 30 anos e prolonguei minha carreira até os 38. Com 35 anos, ainda estava muito competitivo, disputando a Copa do Brasil pelo Figueirense (em 2005), eliminando o Corinthians e marcando bem o Carlitos Tevez. Fui para o Japão com 33 anos, sendo que, hoje, muitos vão para lá com 25, 26 anos. Estive além das expectativas. Quando o atleta chega a uma certa idade, é preciso se adequar à realidade e estar alegre para trabalhar. Eu entendi meu tempo - afirmou.


(Foto: Arquivo Pessoal)

Nova experiência

Axel pendurou as chuteiras, mas continua ligado ao futebol. No ano passado, assumiu os times sub-15 e sub-17 do Jabaquara, e em 2012 tornou-se responsável pelas categorias de base do time santista, cuidando ainda da equipe sub-20. No comando dos juniores do Leão da Caneleira, sagrou-se vice-campeão paulista sub-20 da Segunda Divisão. Tratam-se, segundo o ex-jogador, dos primeiros passos rumo ao objetivo de se tornar um treinador profissional.

- Fiz cursos e juntei um pouco de cada treinador com quem já trabalhei. Peguei muito do Muricy (Ramalho, técnico do Santos e que assumiu o São Paulo depois de Telê Santana), do Levir Culpi, do Geninho e do Vanderlei Luxemburgo, com quem fiz estágio. Quero dar sequência e seguir a carreira de treinador, mas achava importante começar na base. A experiência como coordenador de base também é importante, pois faz com que eu desenvolva áreas para as quais pouco atentava quando atleta - contou.

Um dos desafios da nova profissão, em se tratando de lidar com jovens que ainda almejam uma carreira no futebol, é mostrar que o Jabaquara, mesmo longe dos holofotes da mídia ou das grandes competições, pode ser o pontapé para o futuro.

- É preciso fazer um trabalho para que o garoto entenda que o Jabaquara pode ser a grande esperança para a carreira deles. Falo isso com certeza de causa, porque antes de chegar ao Santos eu passei pela base da Portuguesa (Santista). Então, eles também podem fazer essa trajetória. Hoje estão no Jabaquara, mas enfrentam Santos, São Paulo, entre outros grandes - concluiu.

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