Adilson Batista e Muricy Ramalho. O primeiro, um belo zagueiro na década de 90. O segundo, um meia habilidoso e que esteve cotado para jogar a Copa do Mundo de 1978, mas acabou perdendo a chance porque sofreu uma séria lesão no joelho quando atuava no futebol mexicano. Aposentados, seguiram carreira de treinador. O primeiro, mais novo, tem no currículo dois títulos mineiros conquistados pelo Cruzeiro (2008 e 2009). O segundo tem uma extensa lista de conquistas, incluindo seis estaduais, quatro brasileiros e recentemente a Taça Libertadores.

Apesar da atribulada rotina e da falta de garantia para a continuidade de um trabalho, os dois, rivais no clássico deste domingo na Vila Belmiro, podem dizer sem dúvida nenhuma que são amigos, coisa rara no mundo do futebol. Confidentes, conversam constantemente por telefone e um funcionou como conselheiro do outro nas recentes mudanças de emprego.




Muircy virou 2010 na crista da onda, já que havia acabado de conquistar o título brasileiro pelo Fluminense. Porém, alegando falta de estrutura, deixou o time das Laranjeiras durante a primeira fase da Taça Libertadores. Após ficar poucos meses desempregado, foi para o Santos, para substituir exatamente Adilson Batista, que foi demitido após ter sofrido apenas uma derrota em 11 partidas disputadas. Antes de aceitar o convite santista, Muricy ligou para Adilson e se informou do que teria pela frente.

- Ficamos amigos. Só não conseguimos nos encontrar muito por causa do trabalho. Mas nos falamos sempre por telefone, rádio. Trocamos informações. Ele sempre me liga para perguntar muitas coisas, e eu também o procuro, como fiz antes de assumir o Santos. Ele passou por aqui e me passou algumas coisas de estrutura, de como funciona o clube, jogadores, tudo. É um cara da nova safra de treinadores. É correto, competente, estudioso. Esse é o estilo do Adilson – elogiou Muricy.

Com Adilson Batista aconteceu a mesma coisa. Antes de assumir o São Paulo, ligou para o amigo para se informar. Afinal, ninguém melhor para contar os bastidores do Morumbi do que o técnico que foi tricampeão brasileiro pelo clube. O atual comandante são-paulino até brincou com o rival deste domingo.

- Essa troca, esse contato é só para quem tem caráter, ética e é trabalhador. Quando o Muricy ia para a Seleção, ele me indicou para treinar o Fluminense. Sempre admirei o Muricy , é um profissional capacitado, vencedor, trabalhador. A gente torce pelo sucesso dele, pelo caráter. Ele está com a vida ganha, tem um compromisso importante só em dezembro (referindo-se ao mundial de clubes). Vamos nos enfrentar e espero vencê-lo – concluiu.