Henrique e Casemiro, da Seleção Brasileira sub-20 (Fotos: José Miguel Gómez/Reuters)

Mais de um ano e meio depois do caso Oscar, o São Paulo volta a ter problemas com jogadores formados nas categorias de base do clube. Os rebeldes da vez são Henrique e Casemiro, campeões mundiais com a Seleção Brasileira sub-20, na Colômbia.
Os dois vivem situações distintas, mas têm causado dores de cabeça proporcionais à diretoria do clube, ainda mais porque voltaram valorizados após a conquista com a Seleção. O caso de Casemiro é considerado o mais complicado.
O jogador cobra uma renovação desde fevereiro, após o título do Sul-Americano com a Sub-20. O problema é que o clube já se reuniu várias vezes com Júlio Fressato, representante do jogador, e não chegou a um acordo. O São Paulo oferece R$ 60 mil de salários mais cerca de R$ 500 mil de luvas, mas Fressato quer o dobro. Por isso, as partes romperam.
Para piorar, o jogador não está disposto a romper com seu agente, como fez outrora. Antes de subir para o profissional, ele trabalhava com Giuliano Bertolucci. É o mesmo empresário de Henrique, que agora incentiva a saída do atacante em caso de não valorização, e que já fez isso com outros atletas (leia sobre Piazon e Diogo abaixo). Casemiro se recusou a fazer o mesmo, mas agora está seduzido com o futebol europeu – seu agente diz ter propostas da Roma e Inter de Milão, da Itália.
Bertolucci, por sua vez, é persona non grata no Morumbi e, pela maneira como procedeu nos casos anteriores, o São Paulo trabalha com a possibilidade de resolver o caso de Henrique também na Justiça, mas se diz tranquilo para ganhar a causa.
Por conta do imbróglio, o atacante pediu e foi dispensado da reapresentação do elenco nesta segunda-feira. Sua volta está prevista para quinta-feira. Ele não está inscrito na Sul-Americana. Já Casemiro retornou normalmente e fez treinamento na piscina.
Nos próximos dias, o São Paulo vai se reunir com o representante de Henrique e com o próprio Casemiro. No caso do primeiro, não fará esforços para segurá-lo caso receba uma proposta. Já para o segundo dispensará mais esforços para evitar perder mais um de seus valores, como Oscar, atualmente no Internacional.
Casos positivos
Recentemente, o São Paulo teve vitórias em negociações com jogadores da base. O principal exemplo é Lucas, maior destaque do time, e que renovou em fevereiro. Depois dele, o lateral-esquerdo Henrique Miranda, o zagueiro Luiz Eduardo e Ademilson, atacante destaque da Seleção sub-17, também acertaram novos contratos com o clube.
Os primeiros rebeldes
Oscar
Primeiro a entrar na Justiça e único a ganhar. No fim de 2009, alegou falhas no contrato que assinou quando menor – mas emancipado – e cobrou salários atrasados. Ganhou a causa neste ponto. O Sampa ainda tentar reverter. Brilho na final do Mundial sub-20, marcando os três gols do Brasil.
Lucas Piazon
Com 15 anos, na base do clube, entrou na Justiça. Alegou problemas no contrato. Após perder batalha judicial, fez acordo, recebeu aumento e, por fim, foi negociado com o Chelsea.
Diogo
Situação igual à de Henrique. Ques-tionou a emancipação e a assinatura, quando menor, de vínculo de cinco anos. Perdeu na Justiça, voltou com novo contrato e acabou emprestado.
Opinião de Eduardo Protti de Andrade
Advogado especialista em contrato
"Autorizado pelos pais, Henrique foi emancipado via cartório, tornando-se "maior" para efeitos da vida civil, inclusive compromissos profissionais. A emancipação é legal no País, que encontra guarida no artigo 5, inciso I do Código Civil.
O contrato de cinco anos é válido, sendo feito por menor legalmente emancipado. Ou seja, é "menor de 18 anos com capacidade civil de maior". Com o salário em dia e as obrigações quitadas, é difícil se desvincular do clube."