Ônibus do São Paulo foi apedrejado por torcedores — Foto: Reprodução

A Polícia Civil de SP investiga a possibilidade de que um funcionário do São Paulo tenha informado torcedores sobre a rota que seria utilizada pelo ônibus que levou a delegação ao Morumbi, no último sábado, para a partida contra o Coritiba.



O veículo foi atacado por torcedores próximo à ponte Eusébio Matoso, na Zona Oeste. Pedras estilhaçaram os vidros, mas ninguém ficou ferido. No local, a Polícia Militar prendeu 14 pessoas – cinco delas continuam presas – e encontrou outros objetos, como barras de ferros e rojões, além de quatro bombas caseiras.


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Os explosivos não foram utilizados e tiveram que ser destruídos por uma equipe do Esquadrão de Bombas da PM.

Chamou a atenção dos investigadores a rota utilizada pelo ônibus, tida como muito incomum para os jogos do São Paulo no Morumbi.

Segundo um policial ouvido pela reportagem, o Batalhão de Choque da PM sempre define três rotas ao fazer escoltas – opções para o caso de algum acidente no caminho, por exemplo. A que levou a delegação ao estádio no sábado é considerada o “Plano C”.

Geralmente, o São Paulo usa a Marginal Tietê para ir ao Morumbi, eventualmente se desloca pelo bairro da Lapa. No sábado, utilizou a ponte Eusébio Matoso, ainda que não houvesse incidentes ou trânsito reportado – o dia e horário era tido como “tranquilo”.

De acordo com policiais militares, a rota foi discutida com membros do São Paulo e que o temor de uma emboscada – o time vive momento de grande pressão de torcedores – teria motivado a troca do trajeto mais utilizado.

Na madrugada de domingo, um único funcionário do São Paulo prestou depoimento no 14º Distrito Policial, em Pinheiros, onde foi registrada a ocorrência.

O supervisor de segurança do clube, Marcos Roberto Costa dos Santos, relatou o episódio como testemunha e contou que estilhaços atingiram o atacante Luciano, e que uma pedra foi encontrada dentro do ônibus por Volpi. Ele afirmou ter visto cerca de 30 agressores, mas nenhum identificado com roupas de torcidas organizadas.

A suspeita de que os torcedores tenham sido avisados foi o que causou a discussão entre o goleiro Tiago Volpi e o gerente de futebol José Carlos dos Santos logo após o ataque, segundo um investigador ouvido pelo ge.

Santos é citado por policiais civis por intermediar, informalmente, a relação entre o clube e torcedores organizados. Não há, porém, elementos que liguem o gerente à suposta informação repassada aos homens que apedrejaram o veículo, por enquanto.

A polícia civil espera agora a decisão da Justiça sobre o pedido da quebra de sigilo telefônico dos celulares que foram apreendidos na ação. Além dos aparelhos dos 14 presos, a polícia também apreendeu o telefone de Bruno Arcanjo Silva, diretor da Torcida Independente.

Silva não estava no local, mas policiais ouviram o nome dele ser citado pelos torcedores detidos como sendo o responsável por planejar o ataque. Ele se apresentou espontaneamente à delegacia e negou participação.

Na última segunda-feira, a Justiça determinou a liberação de nove dos 14 homens presos para que respondem às acusações em liberdade – eles não poderão se aproximar de estádios de futebol.

Outras cinco pessoas continuam presas por, segundo a juíza Vivian Brenner De Oliveira, terem passagens pela polícia – quatro deles por crimes relacionados ao Estatuto do Torcedor.



Advogado de 13 dos 14 presos, Renan Bohus diz que todos eles negam serem donos dos explosivos encontrados próximos ao local do ataque. Ele acionou o STJ (Superior Tribunal de Justiça) para que um habeas corpus seja concedido aos cinco homens que permanecem na cadeia.

Procurado pelo ge, o São Paulo informou que não se manifestará:

– O São Paulo não fará comentários sobre o caso para não atrapalhar as investigações, que estão sendo conduzidas pelas autoridades competentes e correm em segredo de Justiça.

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