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Enquanto os rivais levantam taças, o São Paulo se acomoda com migalhas

Por Pedro Cuenca

Em dezembro de 2008, o São Paulo venceu o Goiás por 1 a 0 e se consagrou hexacampeão brasileiro, conquistando o terceiro título em sequência. Mesmo que em outras competições o time não rendesse igual, tirando o vice na Libertadores 2006, o clube mantinha a média de um título por ano, dominando principalmente o país naquele período. Em 2009, teve a chance de conquistar o quarto título em sequência, mas um tropeço na penúltima rodada fez com que tudo isso não passasse de uma ilusão. Depois de 2008, apenas mais um título de respeito, a Copa Sul-Americana de 2012, quando a partida sequer terminou devido à confusão entre jogadores tricolores, argentinos e policiais. Um retrato do quão decadente viraríamos nos anos seguintes.



Depois do hexampeonato brasileiro, o São Paulo adotou o lema “soberano”. Torcedores e dirigentes começaram a propagar a nova alcunha por todos os cantos, como se isso fizesse a equipe jogar melhor em campo. De forma nada surpreendente, isso não aconteceu. Pelo contrário, paramos no tempo, vimos a soberania virar soberba e os rivais se inspirarem em nosso bom trabalho para levarem os troféus. De 2008 pra cá, o Corinthians foi campeão brasileiro três vezes, levou Libertadores, Mundial, Copa do Mundial e alguns estaduais; o Palmeiras conquistou a Copa do Brasil duas vezes e ainda garantiu um Brasileirão; e o Santos levou uma Copa do Brasil, uma Libertadores e dominou as conquistas estaduais. Nós? Pouco, só as migalhas.

Eu não fico irritado com o Corinthians campeão brasileiro em 2017, assim como não fiquei com a conquista do Palmeiras em 2016. É preciso reconhecer que nossos rivais, independente de qualquer polêmica, foram os melhores em campo e mereceram os títulos. O que mais me deixa irritado neste momento é ver o São Paulo acomodado nesta mediocridade que contamina todos os setores do clube. Quer um exemplo? De 2008 até hoje, o São Paulo ficou entre os cinco melhores do Campeonato Brasileiro em 2009, 2012, 2014 e 2015. Sim, somente em quatro oportunidades.

Não existe um único culpado pela mediocridade tricolor. Existe uma junção de fatores que causam problemas dentro e fora de campo. A ideia de 'time imbatível' atingiu nossos velhos e desatualizados dirigentes após o hexa. Eles acharam que poderiam mandar e desmandar dentro do clube e isso em nada afetaria o rendimento do futebol. O problema é que isso afetou muito e cabeças tiveram que rolar, criando uma crise que parece nunca terminar dentro do Morumbi. Estatuto alterado, desvio de dinheiro, favorecimento interno, reuniões que terminaram em brigas, presidente renunciando, entre outros problemas que poderiam formar um único texto.

A mudança de estatuto, planejada por Juvenal Juvêncio para lhe dar mais tempo no poder é, de longe, o que mais apontamos como problema no São Paulo. Com mais espaço para atuar na presidência do clube, JJ colocou seus aspones no poder ao seu lado, inclusive Leco. Cercado de aliados, decidiu abusar do seu cargo. Mudou de treinador diversas vezes, alterando assim a filosofia tática da equipe que já se perpetuava com Muricy Ramalho há 3 anos. Contratações duvidosas, geralmente por influências de empresários, e equipes fracas deram o tom, principalmente em 2010 e 2011. Para piorar, nossa tão promissora base acabou neglicenciada em diversos momentos e só serviu para tapar buracos ocasionalmente.

Nesse mesmo período, um de nossos rivais, o Corinthians, já começava a controlar o país com títulos frequentes. Para eles, um rebaixamento foi a porta para abrir os olhos, mudar a direção do clube e implantar uma filosofia de jogo, sempre contratando técnicos com estilos parecidos, principalmente os campeões Mano Menezes, Tite e Carille. Deixando a rivalidade de lado, precisamos admitir que esse é um planejamento correto e que tem dado frutos, apesar de tropeços em alguns momentos. Outro rival que nunca mudou seu estilo foi o Santos, conhecido por formar jogadores e ter uma filosofia ofensiva, se aproveitando disso para conquistar o estado e nos deixar para trás na lista de conquistas do Paulistão. O Palmeiras também mudou, muito por injeção de dinheiro, é verdade, mas precisou um quase rebaixamento para ver que algo deveria ser diferente. No São Paulo, porém, os sustos se acumulam e nada fazemos para sair dessa situação. Recentemente, nossa maior alegria, além de escapar do Z4, foi chegar a uma semifinal de Libertadores e ser amassado pelo Atlético Nacional. Pouco, muito pouco.

Hoje, o São Paulo é uma entidade que corre atrás de seus ídolos do passado não para homenagear ou consagrá-los, talvez até mesmo dando uma oportunidade na dificuldade. Somos um clube que abre a porta para grandes jogadores nos salvarem do desastre. Lugano foi a escapatória no começo de 2016, assim como Rogério Ceni foi em 2016. O ex-goleiro não funcionou, então precisamos recorrer a Hernanes para nos salvar da desgraça, e esse sim conseguiu dar um jeito no Tricolor. Isso sem contar Raí e Muricy Ramalho chamados para atuar nos bastidores. Aliás, a alegria do torcedor são-paulino virou a manutenção na primeira divisão, apesar de sustos, problemas e do sufoco em grande parte do Brasileirão. Isso, infelizmente, nos faz esquecer o quão turbulenta foi nossa temporada, sempre com derrotas e cabeças inchadas.

Nos últimos cinco anos, o São Paulo brigou contra o rebaixamento em três oportunidades (2013, 2016 e 2017). Em todos esses anos, nossos rivais conquistaram títulos. Nossas conquistas? Migalhas, restos dos restos ou mesmo brincadeiras com Florida Cup e Copa Eusébio. De soberanos viramos medíocres, a verdadeira quarta força do estado, a piada de todo um país. Em 2017 mesmo, veja só, lutamos o Brasileirão inteiro para escapar da ameaça de rebaixamento, enquanto o Corinthians foi campeão, Santos e Palmeiras ainda buscam o vice-campeonato. Entenderam a diferença? Quer uma coincidência? Os mesmos continuam se perpetuando no poder aqui no Morumbi, repetindo erros e afundando cada vez mais o clube.

Então a solução é mudar a direção do clube? Teoricamente, sim, mas as opções são poucas e ruins. Depender da volta de Pimenta, aquele que parou nos anos 90, ou ter que ver aqueles senhores ultrapassados se debatendo pelo poder do clube é triste, para não dizer deprimente. O São Paulo é um verdadeiro mausoléu e sem a menor perspectiva de mudança. Os sócios não escolhem quem vai nos comandar, muito menos os sócios-torcedores que todo jogo continuam gastando seu dinheiro para sofrer com a equipe. Foi triste, na maior parte do tempo, ser são-paulino na última década.

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