publicidade

Ressaca ajudou na criação do apelido ‘profeta’ de Hernanes e autor se emociona com repercussão

Você, são-paulino, ou que telespectador fã do “Globo Esporte SP” já pode ter visto recentemente o ‘resgate’ das profecias de Hernanes na atração global. Mas quem colocou este apelido de ‘Profeta’ no ídolo tricolor? Tiago Leifert? É, o apresentador tem parte nessa história, mas o responsável direto pelo ‘batismo’ foi Guilherme Caram, ex-editor de imagens do programa.


Na última segunda-feira, Tiago Leifert revelou como foi criado, em 2009, o apelido de Hernanes e admitiu que seu editor na época é quem teve a ideia do apelido que pegou e no meia são-paulino. Mais do que ter dito, ele ainda revelou que Guilherme Caram havia chegado de ressaca, já que tinha ido para balada na noite anterior.

O ex-editor do Globo Esporte, que hoje mora nos Estados Unidos, confirmou a historia em entrevista ao Torcedores.com. Caram guarda todos os detalhes o dia da criação do “Profeta” e relembra que funcionários do São Paulo não queriam que a brincadeira continuasse.

“Eu chegava por volta de 7h da manhã. O Tiago Leifert era sempre o primeiro a chegar, aí quando cheguei ele falou assim ‘Gui, não lembro qual foi o repórter que foi no CT do São Paulo e não rendeu matéria. O Hernanes deu entrevista, mas não teve nada de importante, mas dá uma olhada nessa entrevista e vê se a gente consegue aproveitar alguma coisa”, se recorda.

“Acabei assistindo a entrevista e chamei o Tiago. ‘Cara, o Hernanes está viajando aqui, acho que dá para nós fazermos uma brincadeira’. Aí o Tiago montou tudo e fizemos a brincadeira (do Profeta). E logo que foi ao ar, o Juca (Pacheco), assessor de imprensa do São Paulo, ligou muito bravo. Disse que estávamos queimando o Hernanes, que era sacanagem. Aí o Tiago pegava pilha com essas coisas, ele não concordou, porque não estava queimando o Hernanes, estava criando um personagem”, contou.



Aí o Tiago Leifert falou ‘Gui, agora sempre que o Hernanes falar, vamos procurar fazer alguma coisa engraçada, diferente’. E foi acontecendo, deu super certo. Cada vez mais a assessoria do São Paulo ficava brava, mas via que a galera estava abraçando. E quando vimos que havia se tornado algo grande, a gente falou ‘Agora temos que dar uma folheada nisso, vamos criar uma vinheta’.

RELEMBRE UMA DAS MATÉRIAS DA ÉPOCA


BALADA + NOITE MAL DORMIDA + RESSACA = AJUDARAM NA CRIAÇÃO DA VINHETA

“No dia que ele falou para criar a vinheta, eu tinha ido direto da balada. Eu tinha meus 20 poucos anos, era novo, solteiro e a gente entrava muito cedo. Perto lá da Globo tem todas as baladas da Vila Olímpia, Itaim Bibi (bairros nobres de São Paulo), ali da região. Então o que a gente fazia, menos o Tiago Leifert, porque ele sempre foi muito disciplinado (risos), a gente saía da balada e muitas vezes ia direto para a Globo e dava uma cochilada ali no estacionamento. Então quando dávamos uma esticada (na balada), a gente já ia direto mesmo para o trabalho”, relembra.

“Aí foi que um dia eu fui direto e ainda estava alegrão. O Leifert chegou e falou ‘A entrevista do Hernanes foi surreal, sensacional e vamos elevar. Vamos fazer uma vinheta, pensa em alguma coisa do tipo ‘Hernanes, o Filósofo’. E aí eu sentei e antes de ir para a arte eu botei a entrevista e falei ‘Vou dar um migué aqui, fingindo que estou vendo a entrevista e vou tirar um cochilo. Só que aí eu deitei, encostei a cabeça para trás, mas não conseguia parar de dar risada das coisas que o Hernanes falava (risos)”, relembra Caram.

“Em uma dessas eu falei ‘Ele não é um Filósofo, ele é o ‘Profeta’. E quando fui para a arte e fui meio que ‘viajando’. E aí eu sempre gostei de fazer os pedidos a pé, eu não ia por telefone. E no caminho fui pensando e rindo ‘Vou de Profeta mesmo, que esse cara é o Profeta’. E comecei a viajar e pensei ‘Vou por uma música por trás, algo bem gótico, bem para cima’. Aí eu fui em um site que eu ia muito e escrevi lá ‘Prophets’, em inglês. E aí apareceu a música do “Simon & Garfunkel – The Sound of Silence” e aí ficou a vinheta e ela ficou muito poderosa com essa música e aí surgiu o ‘Profeta’ e achamos que seria só daquela vez que iríamos usar, mas no mesmo dia o negócio explodiu”, completou.

“Agora tem oito anos que o Hernanes tem esse apelido”, concluiu.

Hernanes, quando ainda jogava na Itália, virou dono de uma vinícula, e o rótulo de seu vinho é “Ca’ del Profeta”. Guilherme Caram se surpreendeu ao saber que o camisa 15 é proprietário de uma marca com o apelido dado por ele e como fã quer provar a bebida.

“Ele tem um vinho que se chama Profeta? Não sabia (risos). Nossa não sabia. Fico feliz. Nunca pensei em pedir direito autoral, porque era meu trabalho e ele é o Profeta. Simplesmente dei um nome para o que ele é, e o Hernanes construiu a marca, ele é o cara que fala bem, fala engraçado, que joga muito, porque ele joga demais, sou fã do futebol do Hernanes”, afirmou.

“Mas se eu aceitaria alguns vinhos de graça? Claro, sou fã de vinho. Todas as viagens que faço de férias são para vinículas, sou fanático por vinho e teria o maior prazer em experimentar o vinho do Profeta e aceitaria muito como presente. E se ele não me mandar como presente, faço questão de comprar uma garrafa e deixar exposta aqui no meu escritório como um troféu, que é o maior valor, o maior prêmio que eu posso ter é ver a criação indo para o mundo. Para mim isso não tem preço. É um legado, vai durar mais do que minha própria vida, do que a vida do Hernanes. Daqui a 100 anos vão passar os gols do Hernanes na TV falando que ele era o Profeta”, cravou.

Hoje com 33 anos, Guilherme Caram ‘largou’ o jornalismo em 2013 e atualmente é empresário em Miami, onde representa uma empresa de produtos de antienvelhecimento e também faz o trabalho de coach, onde ajuda as pessoas conquistarem suas liberdades financeiras.



CONFIRA A ENTREVISTA NA INTEGRA:

– Se o apelido fosse “O Filósofo”, que era o inicial, você acredita que teria pego tanto quanto “Profeta”?


Não teria pego. Não teria, porque veio muita coisa por trás do “Profeta”. A vinheta foi muito poderosa, o pessoal da arte mandou bem demais naquela vinheta. E a vinheta era um “Profeta”, era ele subindo o morro, nossa no dia eu estava muito zoado (risos), joguei lá “Prophets” e confiamos ‘Vai ser animal’. E botamos a música junto com o editor de imagens, o Joel Carneiro, que merece os créditos também. E quando foi para o ar, foi muito forte. A música forte, a vinheta forte, Profeta é algo forte. Na Itália eles gostam muito disso, porque lá tem muitos filósofos, mas… Profeta né, é poderoso.

E assim, talvez o “Filósofo” tenha mais haver com o Hernanes, porque ele filosofa demais, ele não fazia profecias. Mas é o acaso, você tem sorte também (risos). Às vezes você dá uma errada, uma viajada e a sorte está ao seu lado, e ele estava em uma fase muito boa. Então ele dava muita entrevista e foi tudo junto.

– Como foi lidar nos primeiros dias, meses e anos ao ver que o apelido havia pego em Hernanes?

Quando ele estava no Brasil era meio que tudo normal, era coisa interna, aqui no Brasil, da região, São Paulo… Eu como são-paulino fiquei muito feliz de ter ajudado a criar um personagem que estava voando no meu time. Mas não imaginava que na Itália aconteceria isso (a repercussão). Quando ele foi apresentado como ‘Profeta’, eu me emocionei demais, eu chorei, fiquei feliz, mas também tendo aquele ‘Pô, o Hernanes nunca vai saber que foi eu’. Aí até conversando com minha esposa no dia eu falei ‘Olha o apelido que eu dei, todo mundo lá na Itália cantando ‘il Profeta’, camisetas nas ruas escrito ‘il Profeta’… mas nunca ninguém vai saber a origem. Mas minha esposa brincava falando ‘Fica tranquilo que a gente sabe que foi você’.

E eu queria muito que ele soubesse, queria muito. Assistindo a gravação do “Bem, Amigos”, filmaram a TV (com o Hernanes assistindo a explicação do Tiago Leifert) e na hora eu mandei mensagem para o Tiago agradecendo ‘Cara, você não tem ideia do quando este crédito significou para mim. Faz tempo que eu estava torcendo para ele ficar sabendo’.

Acho que o Tiago nunca tinha sido perguntado como tinha sido criado, porque todos sempre acharam que foi ele. E hoje estou feliz pra caramba de ver que algo que me deu orgulho nos últimos oito anos, agora o Hernanes sabe que foi eu o autor. Então eu fui dormir na ilha de edição escutando o Hernanes e até hoje o Tiago não sabe… vai ficar sabendo agora (risos).



– Seus amigos acreditavam que você tinha inventado o “Profeta” para o Hernanes?

Eles sempre acreditaram, porque eles sabem sou meio maluco. Então eles sempre brincavam, todo jogo do Hernanes na Itália, que ele fazia gol e chamavam ele de Profeta, meus amigos me mandavam.

Porque tinha várias outras maluquices que fazíamos no Globo Esporte, porque o Tiago sempre dava liberdade para mim. Até demais. Ele se arriscava para poder dar liberdade para toda nossa equipe criar e a gente viajava. Às vezes dava certo e às vezes dava errado, muitas coisas que eu fazia, que ele mesmo falava que eu tava viajando, mas podia fazer. Falava ‘Nossa, que porcaria que você fez hoje (risos). Tinham outras que entrava para a história, era questão de arriscar. Você pode arriscar, fazer algo diferente e dar super certo como pode dar super errado. É questão do seu chefe te dar liberdade e o Tiago sempre deu muita liberdade para nós criarmos.

– Você era o único editor na época no Globo Esporte?

Eu era um dos cinco editores de texto e cinco editores de imagem. Uma equipe bem unida, bem eclética e eu era um dos cinco editores que mexia nas matérias dos repórteres, criávamos piadas, a gente viajava mesmo. A ideia do Tiago Leifert era ‘Vamos fazer algo diferente, além do futebol… vamos criar’. E ele pedia, ele forçava muito isso da gente. É muito difícil você ser criativo e engraçado todos os dias ás 7h da manhã, muitas vezes virado da balada (risos).

Mas ele puxava a gente ‘Vocês têm que criar, inventar, inovar’. Até em Copa SP de Futebol Jr. Como que a gente ia fazer a Copinha ser engraçada, fazer algo legal? E a gente conseguia, ele viajava junto com a gente.

Pra mim a coisa mais engraçada que a gente criou no Globo Esporte não foi o “Hernanes, o Profeta”, foi uma matéria, porque tem uma cidade no interior de São Paulo que é muito conhecida por seus rodeios, Barretos, e o São Paulo só jogava em Barretos, a sede deles era lá. E foi em uma partida contra o Goiás, foi em 2009 ou 2010, foi um 7 a 0 ou 8 a 0… foi uma puta goleada e eu pensei ‘Vou montar os gols, que graça podemos fazer?’. Aí o Tiago virou para mim e falou ‘O jogo foi em Barretos, por que a gente não faz os gols narrando como se fosse aqueles narradores de rodeio fazendo rima?’.

Na hora eu falei ‘Meu deus, que viagem (risos)’. Vamos tentar né. Me mijei de rir. Aí escrevemos o texto juntos, ficou engraçado e foi para o ar. E quando ia para o ar, eu olhava tenso para o rosto dos outros jornalistas na redação, se eles davam risada eu ficava aliviado, deu certo. Se não dessem risada, deu errado. E naquele dia eu estava tenso, pô narrar os gols como locutor de rodeio. E quando foi ao ar a redação foi a baixo de dar risada. Naquele dia falamos ‘Mais uma que deu certo’.

VEJA TAMBÉM
- Veja a provável escalação do Tricolor para o jogo de hoje
- Veja como assistir Barcelona-EQU vs São Paulo ao vivo
- Clube pede que árbitro Raphael Claus seja afastado até o fim de CPI e não apite clássico


Receba em primeira mão as notícias do Tricolor, entre no nosso canal do Whatsapp


Avalie esta notícia: 7 4

Comentários (5)

Enviar Comentário

Para enviar comentários, você precisa estar cadastrado e logado no nosso site. Para se cadastrar, clique Aqui. Para fazer login, clique Aqui.