Estádio do Morumbi deve ter setores renomeados

Assistir um jogo do São Paulo no Morumbi na Arquibancada Waldir Peres. Quem sabe no espaço José Poy ou no setor Leônidas da Silva? Talvez nas cadeiras Rogério Ceni. Hoje pode parecer estranho essa nomenclatura, mas o clube tricolor já trabalha nos bastidores para tirar do papel a ideia do conselheiro Silvio Cassiano. Ela consiste justamente em renomear setores do estádio, acabando com indicações como "Laranja" e "Azul" para prestar reverência aos ídolos são-paulinos.


"É um projeto que foi idealizado há cinco anos, quando o São Paulo resolveu pintar todo o Morumbi da cor vermelha. Os setores ficaram todos iguais. Não tem mais sentido nomear uma arquibancada de 'azul' e outra de 'laranja', como aparecem nos ingressos, se o estádio tem apenas uma cor", disse Cassiano ao ESPN.com.br.

Ele contou que a ideia surgiu ao assistir um jogo ao lado do filho, Enrico, e levou diretamente ao presidente Juvenal Juvêncio. Isso foi em 2012. "Conversei também com o Roberto Natal, vice, e houve interesse. O departamento marketing gostou. Mas não teve andamento", lamentou.

A ideia também foi aprovada na gestão do presidente Carlos Miguel Aidar, em 2014. Foi encaminhada ao marketing, mas Cassionao disse que a falta de apoiadores para financiar o projetou acabou fazendo com que ela fosse "engavetada" novamente.

A presidência de Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, também aprovou o projeto, mas apenas neste ano ele está caminhando para finalmente ganhar vida.

De acordo com Cassiano, dos mais de 1.500 jogadores que já defenderam o São Paulo dede 1930, ao menos 80 nomes de ídolos foram encaminhados para escolha dos conselheiros. Eles é quem vão chancelar quem será homenageado.

"É claro que tem casos que são impossíveis de ficarem fora. Leônidas da Silva é um ótimo exemplo. Ele ajudou o São Paulo a se consolidar como um campeão nos anos 40. Foi um dos primeiros ídolos junto com Friendereich, que veio desde o Paulistano e foi importante na conquista do título de 1931", disse Cassiano.

Outros nomes devem ser escolhidos também por uma questão de justiça.

"Poy é um ídolo do São Paulo, mas tem um detalhe que talvez só os são-paulinos da minha geração saibam. Na época em que o São Paulo estava vendendo as cadeiras cativas do Morumbi, o Poy conseguiu vender mais de 50% sozinho, sem ganhar nada. Foi amor clube. É justo ele ser homenageado. Já levei isso à comissão que está trabalhando na reorganização das cadeiras cativas", explicou Cassiano.

Mas a ideia do conselheiro vai além da simples troca de nome.

"É transformar o estádio em um Memorial. Idealizei colocar na entrada de cada setor, em um espaço que seja de bom acesso, uma placa de aço escovado com a caricatura do jogador, o nome completo dele, o apelido e o currículo no São Paulo. É uma forma de eternizar nossos ídolos", disse.

Cassiano ainda não sabe dizer qual o custo o projeto deve ter nem quantos nomes serão utilizados. A explicação é simples. O Morumbi tem muitos setores - ele até lembrou que na arquibancada superior já existe um espaço com o nome Leônidas da Silva - e é preciso saber a quantidade e o custo das placas.

Também não há data prevista para o pontapé inicial. Cassiano explicou que tudo está andando e, apesar de o projeto já ter passado duas vezes no conselho deliberativo, ele será submetido mais uma vez quando estiver mais detalhado.

Por fim, ele explicou que o clube não terá recursos para pagamento de "royalties" para os homenageados.

"Esse projeto é do fundo do coração de um são-paulino. Não foi bolado pensando em algum ganho, alguma vantagem. Foi pensando para valorizar nossa história, reconhecer os ídolos e eternizá-los. Vamos ter de ter a autorização deles, claro que sim. Mas não poderemos pagar por isso. Se eventualmente algum pedir direitos de imagem ou algo do gênero, vamos ter de repensar a inclusão. A explicação é simples: não teremos recursos. Não queremos impor nada. Nem queremos discutir com os ídolos. Mas é importante deixar claro que é uma homenagem que estamos prestando para chegar aos futuros torcedores", completou Cassiano.