Foto: Arquivo Histórico do São Paulo FC

Segundo atleta que mais vestiu o manto tricolor - 617 vezes, superado apenas por Rogério Ceni -, Waldir Peres deixou um enorme legado de conquistas e demonstração de amor ao clube para as próximas gerações. Os feitos do goleiro, que sofreu um mal súbito em Mogi Mirim (SP) e faleceu devido a um infarto cardíaco no último final de semana, foram exaltados por outros dois grandes ídolos do clube: Muricy Ramalho e Zetti.



Na década de 70, Muricy e Waldir atuaram juntos e fizeram parte de uma das equipes mais vitoriosas na história do Tricolor. A trajetória de ambos no time são-paulino, além das memoráveis conquistas, rendeu uma amizade que foi além do futebol. “Tive a oportunidade de jogar e conviver com o Waldir. Era muito mais do que um companheiro, era um amigo, porque aproximamos as nossas famílias e vivemos grandes momentos juntos”, disse Muricy, que completou.

“Ele é um ídolo do São Paulo, disputou Copa do Mundo e tenho a certeza de que a torcida jamais se esquecerá. O grande legado dele, além das conquistas, foi a lealdade ao clube. Não trocou o São Paulo por qualquer contrato, ficou 11 anos e teve comprometimento com a camisa. E o Rogério Ceni, anos depois, seguiu esse legado. O Rogério aprendeu muito com ele neste sentido, e por isso são profissionais diferentes de qualquer outro”, afirmou o ex-comandante são-paulino, que recordou momentos ao lado do arqueiro.

“Nossa amizade começou no São Paulo, mas ficou ainda mais forte no Rio de Janeiro. Nos reencontramos no América-RJ e aproximamos as nossas famílias. Nossos filhos cresceram juntos, convivemos bastante e isso marcou as nossas vidas. Tenho grandes recordações desta fase”, completou Muricy. Assim como o ex-treinador, Zetti também valorizou a carreira de Waldir Peres e revelou inspiração no ídolo para iniciar a sua trajetória no futebol.

“Vi o Waldir jogar. Quando ele estava em grande fase na carreira, eu tinha 16 ou 17 anos e estava na minha formação. Então isso me motivou bastante, porque ele era um grande goleiro e fez história. Me espelhei nele, confesso, e foi um dos meus grandes ídolos na adolescência. Ele jogava com simplicidade, era rápido, ágil e fazia defesas firmes, seguras. E isso sempre me chamou a atenção. Foi, sem dúvida, um dos melhores goleiros do futebol brasileiro. Felizmente tive a felicidade de viver essa época e acompanhar a carreira do Waldir”, citou o arqueiro, que emendou.

“Ele marcou uma geração, principalmente com a conquista do Campeonato Brasileiro de 1977, e eternizou o seu nome no São Paulo. Anos depois, construímos uma amizade e era sempre um prazer encontrá-lo. O Waldir sempre foi respeitado, e isso mostra que o torcedor valorizou a sua carreira. A alegria dele de jogar, o amor pela camisa e as inesquecíveis defesas marcaram o Waldir, que deixou um legado. A imagem dele, vitoriosa, está eternizada no São Paulo e no futebol brasileiro”, finalizou.

Nascido em Garça, interior do estado de São Paulo, no dia 2 de janeiro de 1951, Waldir Peres chegou ao Tricolor em 1973 proveniente da Ponte Preta e permaneceu no Tricolor Paulista até 1984. Ao todo, obteve 300 vitórias pelo Tricolor. A maior conquista do goleiro foi o título do Brasileirão de 1977, nos pênaltis, em um Mineirão lotado contra o favorito Atlético-MG.

Waldir ainda foi campeão paulista de 1975, 1980 e 1981, pelo time do Morumbi. Mesmo após se aposentar, Waldir Peres nunca deixou de frequentar o São Paulo Futebol Clube, sempre presente, seja assistindo partidas ou recebendo justas homenagens pela carreira de atleta.