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'Cotia tem talento suficiente para o São Paulo nunca mais comprar jogador', diz Michael Beale

Em situação crítica no Campeonato Brasileiro, o São Paulo, aparentemente, já virou a página "Rogério Ceni" e, com Dorival Júnior, busca, agora, somente a recuperação na tabela. No entanto, o ex-auxiliar técnico inglês Michael Beale, em entrevista exclusiva ao Esporte Interativo, falou, por mais de 40 minutos, sobre todos os problemas que levaram o time a essa situação e as possíveis soluções.


No Brasil por aproximadamente seis meses, Beale se demitiu do cargo há duas semanas, alegando que o projeto inicial não estava mais motivador. Porém, o auxiliar ressaltou a importância de Cotia para o futuro do Tricolor, que em sua visão tem talento de sobra.

"Cotia tem talento suficiente para nunca mais comprar algum jogador. Na minha opinião. Se vocês olharem para a Europa e ver o time do Ajax, na última temporada, era um time muito jovem, e quase ganharam a Liga Europa. É um modelo que o São Paulo pode seguir. Não vejo que tem que repor jogador velho por outro de salário alto... Militão, Brenner, que tem um talento impressionante. Cotia é a solução para qualquer problema financeiro do São Paulo, mas é preciso ter um ano ou seis meses para aceitar que os meninos irão jogar", disse.

Michel Beale, porém, faz uma análise a respeito do momento em que os jovens estão sendo vendidos. De acordo com o auxiliar, o tempo para a transição deve ser maior.

"Cotia é um recurso enorme do clube, o maior, mas deve ter um plano de como usá-lo e em qual momento usar para trazer dinheiro. Deveria ser usado para o clube ter sucesso primeiro no campo, e, para isso acontecer, você precisa de um técnico lá, para que ele esteja à vontade com a pressão externa e deixar a transição acontecer. O clube precisa comunicar e garantir isso. Essa direção precisa passar isso, se é o que essa direção quer, porque ninguém pode falar qual a direção que o São Paulo vai tomar, e isso não é uma crítica, é um fato, o São Paulo está perdendo a direção", acrescentou.

Um dos jogadores que ainda podem deixar o clube é o meia Cueva, um dos mais técnicos do elenco. Perguntado se o São Paulo perderia o rumo com sua possível saída, Michael Beale discordou, e citou exemplos passados.

"Ele é um jogador único, que quando está jogando bem é muito difícil de se repor. Mas o São Paulo é um clube tão grande que é normal perder grandes jogadores. No passado, perdeu o Kaká e tudo seguiu. Então se o negócio for bom para o Cueva e para o clube, tenho certeza que o negócio vai acontecer. O Dorival tem as ideias dele e da direção dele. Precisam escutar os torcedores. Eu acredito que o Lucas Fernandes está pronto para jogar. Com o passar dos anos, ele criou muita confiança em si mesmo. Lucas Fernandes é um jogador excepcional e, se o Cueva sair, eu adoraria vê-lo jogar".

Por fim, o inglês comentou a respeito dos treinadores brasileiros, e elogiou, inclusive, seus antigos rivais, Eduardo Baptista, Fábio Carille e Dorival Júnior.

"Uma coisa vou te falar. Quando fui para o Brasil, amava o jeito que o Santos jogava, eu tenho um respeito muito grande pelo Dorival e desejo sucesso. O jeito que o Santos jogava mostrou que ele é um treinador muito bom. E gostaria de mencionar outros dois treinadores. Achei muito injusta a demissão do Eduardo Baptista. Ele é um jovem treinador e estava fazendo um bom trabalho, não tinha problemas. Ele teve um resultado ruim contra a Ponet Preta, o resto foi um ótimo trabalho. Carille é outro treinador muito, muito bom e ótima pessoa. Ele lida muito bem com os profissionais. Acho que ele merece crédito por esse momento. O Brasil tem bons treinadores, mas eles são muito trocados. Espero que no futuro eles fiquem mais nos seus clubes, e que o Brasil dê chances à nova geração", completou.

Confira outros trechos da entrevista exclusiva com Michael Beale

Proposta da Inglaterra em março

A situação é que eu nunca iria aceitar o trabalho. Vim para o Brasil por um longo contrato, e saí porque o plano não foi seguido. Foi uma decisão minha, pessoal. Não teve discussão e até agora não tem discussão. Deixei uma mensagem para os diretores quando fui embora e para os jogadores. Todos foram muito legais comigo. O Rogério não tinha problema com nenhum jogador. E a minha decisão de sair foi acertada, porque logo depois mandaram o Rogério embora. Seria muito fácil para mim, ficar e receber o pagamento da multa quando me mandasse embora, mas não é do meu caráter fazer isso. O clube não me deve nada, foram legais comigo.

Leco
O Leco sente a mesma pressão que o Rogério. Eu acho que ele quer o melhor para o São Paulo. Quando as coisas não vão bem, todas as críticas vão para ele ou para o técnico, então eu acho que ele quer o bem para o clube. Não tive muita relação com ele. Foi amigável comigo quando o vi, e quando a pressão começou, a linguagem corporal muito. Eu não tenho críticas, os fatos falam por si. Falando por mim e pela minha experiência, um clube que troca de treinador muitas vezes, é muito difícil construir e montar um time. De 2015 até agora 45 jogadores saíram e 46 chegaram. Isso é impossível.

Passagem de Rogério Ceni no São Paulo
Eu não quero criar nenhum drama, mas foi um difícil primeiro trabalho. Eu acho que o Rogério Ceni gosta muito do São Paulo e só tentou fazer aquilo que ele achou que era o melhor para o clube. Ele ficou surpreso com o qual difícil as mudanças tornaram a situação. Acho que ele não esperava que muitos jogadores iriam embora. Ele contava com eles para o time. O Luiz Araújo, junto com o Pratto, marcava todos os gols do time. O Thiago Mendes, ele o respeita muito, tinha uma relação excelente com ele. Perder jogadores tornou tudo mais difícil. Acho que os jogadores gostaram do seu trabalho, e eu pessoalmente gostei de ter trabalhado com ele. Acho que em outro time ele vai fazer um ótimo trabalho.

Adaptação da família no Brasil
Por que isso agora, depois que me demiti? Por que essa pergunta não foi feita antes da minha decisão? A verdade é que eu me decepcionei muito, e isso me dá preguiça. Não vou nem falar em nada que aconteceu atrás, por respeito ao clube, mas fiquei decepcionado com isso. Vim em janeiro e fomos para a Flórida. Minha família chegou, ficou 90 dias e voltou. Voltou por um problema de visto criado pelo clube, não por mim... Falavam que eu não conversava com os jogadores, que eu não falava português. É mentira isso. Eu nunca tive aulas de português, nenhuma, aprendi falando com os jogadores todos os dias. Para desmentir a declaração do Leco (que a família não teria se adaptado), eu tenho mensagens de todos os jogadores e pessoas da comissão me agradecendo. A verdade é que se o projeto tivesse bem, ninguém falaria isso.

Jogo mais difícil e o jogo que mais gostou
A gente não estava preparado para jogar contra o Palmeiras quando jogamos lá. Eles foram fantásticos. Deixavam a gente ter a bola e pressionavam a gente. Demonstraram muito respeito e era o melhor time do Brasil naquele momento. Poucos times fizeram isso com o São Paulo. O Cruzeiro fez a mesma coisa, recuaram e aí nos pressionaram. Mostram muito respeito pelo nosso time. Meu jogo favorito treinando o time do São Paulo foi contra o Santos. Uma linda experiência, jogar em Santos. O jogo foi muito bom, ganhamos por 3 a 1 e qualquer time poderia ter ganhado.

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