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Rogério pagou sozinho pelos erros de presidente e diretoria

Ao demitir o treinador depois de bancá-lo publicamente, Leco imita Aidar e segue o enredo perdedor das gestões anteriores; São Paulo teve 12 técnicos nos últimos oito anos

Em 8 de dezembro de 2016, 207 dias antes de ser demitido, Rogério Ceni foi apresentado como técnico do São Paulo e ouviu o presidente do clube, Carlos Augusto Barros e Silva, o Leco, dizer:



– Ele está totalmente preparado para essa função.

No dia 18 de abril de 2017, 76 dias antes de demitir Rogério, Leco foi reeleito presidente do São Paulo com a seguinte promessa de campanha, registrada em seu "plano de governo":

– O trabalho de Rogério vai muito além de qualquer finalidade de curto prazo.

Durante os quas sete meses em que foi técnico do São Paulo, Rogério Ceni teve que lidar com quase 40 negociações de jogadores – 22 saíram e 15 chegaram, até a publicação deste texto. Um cenário de pesadelo para um treinador inexperiente e com convicções táticas ainda em formação.

Se a ideia por trás da transformação do clube num balcão de negócios era equilibrar as contas, faz pouco sentido a criação de um débito de R$ 5 milhões – custo estimado por interromper aos sete meses um contrato que tinha dois anos de duração.

O São Paulo desmontou e remontou seu elenco com o Campeonato Brasileiro em andamento, e não deu ao treinador a chance de trabalhar com os jogadores que terminarão o ano no time. Nos últimos oito anos, 12 técnicos passaram pelo clube. E apenas um título foi conquistado.

A diretoria tricolor estava diante de uma bifurcação: poderia demitir o Rogério Ceni e seguir o enredo perdedor dos últimos anos ou aguentar as turbulências para colher frutos em 2018. Uma rodada na zona de rebaixamento bastou para o clube chutar seu maior ídolo como se fosse um Getterson.

À beira do campo, Rogério Ceni cometeu erros em série e pagou pelo noviciado. E pagou sozinho. O diretor de futebol, Vinicius Pinotti, tem menos tempo no cargo do que Rogério tinha como treinador. Mas só caiu o "totalmente preparado", aquele cujo trabalho iria "muito além" do "curto prazo".

Ao demitir Ceni, Leco permite a leitura segundo a qual usou o ídolo para ganhar uma eleição apertada e então se livrar dele na primeira adversidade. Quem acreditou no plano de governo do presidente está autorizado a reclamar de estelionato eleitoral.

No mais, as demonstrações do apoio de Leco a Ceni foram perigosamente parecidas às de Carlos Miguel Aidar a Muricy Ramalho em 2015. "Será o técnico até o fim do meu mandato", dizia Aidar dias antes de demitir Muricy, e meses antes de deixar o cargo.

Seria bom para o São Paulo se as semelhanças parassem por aí.

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