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A indefinição sobre o futuro de Lugano no São Paulo

Presidente Leco é contra renovação. Diretores e conselheiros se dividem. Postura do zagueiro de reivindicar melhorias desagrada. Condução do caso a 20 dias para fim do vínculo também incomoda

Lugano tem futuro incerto no São Paulo: contrato termina em 20 dias (Foto: Marcos Riboli)

Lugano ficará sem contrato no São Paulo daqui a 20 dias. O zagueiro de 36 anos, campeão da Libertadores e Mundial em 2005, não sabe qual será seu futuro. Renovar ou não o contrato do ídolo divide o clube internamente.



O presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, e o uruguaio não mantêm diálogo sobre o assunto. Até agora o jogador não foi chamado pelo mandatário para definir o futuro. A forma como a questão está sendo conduzida incomoda pessoas próximas ao defensor. A demora na decisão gera ansiedade e certo constrangimento.

Leco e outros diretores são contra a prorrogação. O técnico Rogério Ceni se mostrou favorável publicamente pela primeira vez na última quinta-feira. Já internamente não faz "campanha" pela renovação. O comandante apoia a permanência, mas não se opõe em caso de saída, pois não se trata de um jogador titular (detalhes abaixo). O diretor de futebol Vinicius Pinottii e o ex-diretor e conselheiro influente Marco Aurélio Cunha são favoráveis à continuidade do zagueiro. Assim como a maior parte da torcida. O GloboEsporte.com mostra bastidores do caso.

O "sindicalista"

Lugano tem perfil diferente do boleiro tradicional. O zagueiro é contestador. Questiona o que não concorda e aponta o que vê de errado no clube. Ele defende melhorias para o grupo e briga pelos funcionários, quando necessário. Não tem medo de reivindicar o que considera correto.

Essa postura é adotada ao longo da carreira nos clubes pelos quais passou, incluindo o São Paulo, e seguirá dessa maneira até o fim. O perfil do uruguaio, no entanto, não é bem aceito por todos internamente. Ele é visto como uma espécie de sindicalista, por brigar pelos direitos coletivos e confrontar superiores. Em alguns momentos, na avaliação diretiva, o atleta teria passado do ponto em reivindicações. Em outros, porém, há reconhecimento de que ele está correto.

O vestiário do CT da Barra Funda, por exemplo, é um dos locais que precisa de reforma (ponto, aliás, em discussão entre Tricolor e patrocinador Banco Inter/MRV Engenharia). A estrutura do local é similar à da primeira passagem do uruguaio no Morumbi, de 2003 a 2006. Essa é uma das melhorias defendidas por Lugano, incomodado com a falta de títulos recente do São Paulo (o último foi a Sul-Americana de 2012).

O custo versus benefício

Na avaliação diretiva, a análise fria dos números de salário versus produção em campo não justifica a renovação do contrato de Lugano. A justificativa é de que o jogador não entrega de volta seu custo, em relação ao número de vezes em que é usado. Outro argumento é de que o dinheiro poderia ser investido para pagar os salários de um reforço importante.

Lugano participou de oito dos 31 jogos do ano. Em 2016, fez 25 partidas e dois gols (a última vez em que ele havia atuado tanto na carreira foi na temporada 2010/2011, quando jogou 30 vezes pelo Fenerbahçe, da Turquia).

A tendência sinalizada por Rogério Ceni é de que a proporção de jogos de Lugano siga parecida até o término da temporada. Maicon, Rodrigo Caio, Lucão e Éder Militão se encaixam melhor no estitlo de jogo que o técnico pensa para o time. Há quem defenda uma redução salarial para confirmar a permanência até o fim do ano.

Essa visão do custo versus benefício, no entanto, é contestada pelos favoráveis à renovação. O argumento é de que Lugano não se lesionou nenhuma vez desde que retornou ao São Paulo, no início de 2016, e praticamente sempre esteve à disposição para jogar. Se não foi escalado, ponderam, foi por opção dos treinadores. Além disso, a avaliação é de que o desempenho foi regular, nas vezes em que foi acionado neste ano.

Outro argumento é de que o custo versus benefício de Lugano não pode ser analisado somente dentro das quatro linhas. A influência positiva sobre os mais jovens no dia a dia, a mentalidade vencedora, a aceitação da torcida e a liderança exercida também teriam de entrar na balança, pois se trata de um ídolo.

O jogador também nunca reclamou publicamente por ser poucas vezes escalado. Ao contrário disso, costuma apoiar os mais jovens como Lucão, Lyanco (antes de ser vendido) e Rodrigo Caio, outros zagueiros. Além de chamar para si a responsabilidade em momentos de turbulência, como após a eliminação tripla em que o uruguaio deu entrevista coletiva em meio à crise.

Um contraponto ponderado internamente, no entanto, é de que a uma boa forma de exercer liderança é com performance no campo.


Vinicius Pinotti aprova renovação de Lugano, e Leco é contra a prorrogação do vínculo (Foto: Marcelo Hazan)

A condução da renovação

Independentemente da decisão a ser tomada, a demora por uma definição do futuro de Lugano atrapalha a vida do jogador. Segundo pessoas próximas ao zagueiro, ele não sabe, por exemplo, se mantém o filho matriculado em escolas da capital paulista até o fim do ano. Em caso de saída, ele teria de repensar o planejamento da família. A forma como o processo vem sendo conduzido não deixa o uruguaio contente, pela história construída ao longo dos anos no clube.

Lugano e Leco não conversaram sobre valores ou formas de acertar a situação. Diante da demora por uma definição, será que o defensor vai topar renovar, caso haja esse movimento por parte do São Paulo? Não há uma resposta para essa pergunta.

Certo mesmo é que Lugano não jogará em outro time brasileiro, se sair do Tricolor, e nem vai se aposentar agora. Ele tampouco pensa nesse momento em um jogo festivo ao término da carreira, pois só vai parar de jogar quando sentir não ter mais condições físicas.

Antes de retornar ao São Paulo, Lugano tinha uma cláusula no contrato com o Cerro Porteño que dizia o seguinte: a única maneira para deixar o time paraguaio seria em caso de proposta do Tricolor, com os mesmos valores do vínculo até então vigente.

O uruguaio veio ao Brasil para participar da festa de despedida de Rogério Ceni, no Morumbi, e foi ovacionado por mais de 60 mil são-paulinos, no dia 11 de dezembro de 2015. A enorme pressão da torcida foi importante na decisão de decidir pela repatriação. Exatamente um mês depois, no dia 11 de janeiro de 2016, a volta do jogador foi anunciada. Na ocasião, Leco declarou ao site oficial:

– O Diego volta para retomar uma história marcada por títulos e uma identificação tão forte que a distância só fez fortalecer nossos laços de afeto mútuo. Ele será uma peça importantíssima não só dentro das quatro linhas, já que sua experiência, caráter e dedicação também serão fundamentais para ajudar a formar um grupo vencedor e de muita fibra, que joga qualquer partida como final de campeonato.

Em abril, Leco venceu Pimenta na eleição para presidente e agora se vê diante de uma das decisões mais importantes do novo mandato. Até o fim do vínculo de Lugano, no dia 30 de junho, o São Paulo vai fazer mais cinco jogos. Depois disso, o destino do ídolo é um ponto de interrogação.

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