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São Paulo e o ciclo da pequenez – por Wender Peixoto

“O São Paulo está endividado, não tem recursos para montar um time campeão”. Essa tem sido a frase mais ouvida pelo torcedor são paulino nos últimos anos.

“O São Paulo não tem dinheiro pra investir como fez outrora. A verdade é que tem muito torcedor achando que o clube tem a grana do Flamengo e do Palmeiras, e não é realidade. A nossa realidade é outra e faz tempo, quanto mais rápido vocês acordarem para a nossa realidade, melhor! Vender jogador é a essência do futebol brasileiro.”

As frases acima entre aspas são citações dos defensores dos desmanches constantes semestrais dos times do São Paulo, mas não faz sentido algum para clube grande. Clube grande tem a premissa de contratar bons jogadores, mantê-los para montar um time forte, disputar títulos e vender alguns atletas que atingem grande valorização.



Todo são paulino consciente sabe que o clube não vive uma era de prosperidade. A rivalidade da responsabilidade x irresponsabilidade não chega a ser o evento principal da questão para o enfraquecimento nos últimos anos. O São Paulo não deixa de contratar jogadores, o problema é vendê-los rapidamente.

O clube pagou a maior parte da sua dívida bancária e saiu do buraco. Mas continuará na mesquinharia até quando? Ninguém está exigindo contratações absurdas de R$ 30 milhões. Estamos pedindo para o clube segurar os bons jogadores por mais um tempo. Hoje se negocia cedendo parte dos direitos federativos ao jogador. Quem não quer?

O Grêmio parou de se desmanchar para manter jogadores talentosos e disputar títulos, pois percebeu que se endividava para remontar elenco a cada seis meses. Em Santos também fazem assim.

O São Paulo vende todos os jogadores que se destacam e renova os contratos dos duvidosos. Nunca tem time titular e plano tático definido. Pior: não forma ídolos. As peças de altos salários (Wesley) que não apresentaram nada em jogos decisivos sempre viram nova esperança como nos fracassos anteriores ano após ano.

Certo: montar uma base forte no time, mantê-la e vencer títulos para faturar o triplo na venda de jogadores. O São Paulo inverteu essa lógica, não prioriza títulos para aumentar receitas. SPFC é um varejo entre sócios visando lucro na compra e venda de jogadores, e nada mais importa? A finalidade do São Paulo virou pagar comissões e direitos econômicos a terceiros, não é pagar dívida como muitos acreditam.

Há um ciclo vicioso. Sem time vencedor, o São Paulo nunca conseguirá equacionar as suas dívidas aumentando receitas. Pensamento de curto prazo é para Ponte Preta. Não há segredo no futebol para time grande. Sem equipe forte, as receitas caem, o estádio não enche, as cotas diminuem. Com equipe forte avança-se nas competições, fatura-se premiações altas. Estamos torcendo pra um clube ou um banco?

Nenhuma equipe grande sagrou-se campeã se desfazendo dos jogadores principais, exemplos não faltam. Uma venda ou outra, sim, mas todos não. Por cair precocemente em todas as competições, o São Paulo teve prejuízo de R$ 30 milhões já em 2017. Enquanto desmantelar e vender os times, será assim: sempre endividado.

“Ah, mas o jogador não quer ficar...”, dizem alguns. Está parecendo que o jogador tem sonho desesperado de jogar na Europa somente pelo São Paulo, porque nos outros clubes estão ficando ao menos dois ou três anos no principal. Tem como segurar sim.

Vender bons jogadores a todo o momento e desmontar times a cada seis meses é o ciclo da pequenez para times sem expressão, a chave do endividamento e gastos com futebol. O torcedor são paulino está cansado de assistir os rivais sendo campeões todos os anos, inclusive com jogadores fracos, e o seu clube preocupado em vender as jóias.

Em cinco anos SPFC vendeu R$ 400 milhões em jogadores, média aproximada de 14 milhões por atleta. Hoje no mercado um atleta de nível médio/baixo custa os mesmos 14 milhões. Nesses cinco anos gastou-se o mesmo para repor considerando aquisições, luvas, salários e custos. Compensa economicamente vender geral, levando em conta que é difícil acertar na reposição de um bom jogador? Responda, Leco.

Se o São Paulo continuar vendendo bons jogadores e desfazendo os seus times, Pratto, Maicon e Jucilei não permanecerão, pois são jogadores vencedores. Escalação do São Paulo nos últimos dez anos: Caixa, Saldo, Crédito, Receita, Juros, Déficit, Ativo, Balanço, Lucro, Demanda e Comissão. Cadê o futebol?

Wender Peixoto

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