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Muricy Ramalho: 'A Libertadores está engasgada na minha garganta. Chega!'

Treinador fala sobre torneio continental, futebol gaúcho e seleção

Muricy Ramalho não quer ficar marcado como colecionador de títulos brasileiros e estaduais como Vanderlei Luxemburgo. Para um técnico que deseja a seleção brasileira vencer a Commebol de 1994 com os reservas do São Paulo tem peso fraco demais. Precisa de mais vitórias fora do Brasil: a Libertadores e o Mundial de Clubes, ainda não conquistadas por ele. Muricy chegou ao Tricolor no início de 2006, logo após o time ter sido campeão do mundo com Paulo Autuori.

Para conseguir os títulos desejados, vai adotar estratégia idêntica a que o Internacional utilizou em 2006, ano em que o Colorado venceu a Libertadores e o Mundial de Clubes. Já convenceu a diretoria a evitar o desperdício no Paulistão e no Brasileirão. Como Abel Braga fez, Muricy enfim ganhou a permissão de apostar todas as forças na principal competição do continente.

– A Libertadores está engasgada na minha garganta. Já perdi duas. Chega! É preciso acabar com a enganação. Para vencê-la é preciso priorizar. Só técnica não adianta. É preciso jogar com força, encarando o adversário, cobrando o árbitro. Acrescentar um tom mais forte, parecido com o que se joga no Sul – diz, lembrando das duas passagens pelo Inter.

Agência RBS: Qual a sua ligação com o futebol gaúcho?
Muricy: É uma questão de estilo. No Sul, o futebol é levado a sério, como eu gosto. As duas passagens pelo Inter me ajudaram a crescer como técnico. O futebol é competitivo, de preenchimento de espaço, velocidade no contragolpe. Parte do que sei desenvolvi no Inter e coloco em prática no São Paulo.

O Inter tentou contratá-lo de novo este ano. Fez uma proposta indecente (R$ 460 mil mensais). Mas você recusou mesmo ganhando bem menos no São Paulo.

Muricy: Sou muito amigo do Vitório Piffero. Ele me consultou por consultar. Sabia que eu não sairia do São Paulo antes de dezembro de 2009. Tenho palavra. Se existe um legado que quero deixar é que o treinador brasileiro precisa ter caráter. Não pode abandonar o clube no meio do contrato (este ano, Muricy recusou R$ 300 mil livres de impostos do Santos; R$ 300 mil da seleção mexicana e R$ 520 mil do Al Saad do Catar).

E você pensou mesmo que o Grêmio fosse brigar até o fim do Brasileiro?
Sim. Eu não sou burro como muitos. Foi um adversário duríssimo. O Celso Roth fez o time encaixar. Com poucas peças, o Grêmio brigou rodada a rodada conosco. Se fosse campeão não seria nenhuma injustiça.

O problema no Brasil é que pouca gente entende de futebol. O Celso Roth tem de ser aplaudido de pé. O Grêmio fez uma campanha maravilhosa graças ao técnico. Ao técnico, entendeu? Mantendo a base e buscando reforços, o Grêmio será um adversário terrível na Libertadores. E o Inter se arrumou tarde. Mas tem ótimo time e fará sucesso em 2009.

Você não aceita ser chamado de colorado. Trabalharia no Grêmio?

Só trabalhei no Inter e adorei, mas no futuro se houver convite do Grêmio, aceito. Sou profissional, meu filho, não existe clube ou cor de camisa para mim. Não entro nessa.

O São Paulo está se reforçando com jogadores de características físicas muito fortes como Eduardo Costa, Renato Silva, Washington e fechou com o Arouca. O time trocará a técnica pela força?

Não. Apenas acrescentará mais pegada, competitividade. A competição exige. Mas o que eu quero de verdade é jogador envolvido com o clube. Não quero mais jogador com contrato de seis meses como aconteceu com o Adriano, que voltou para a Inter de Milão. Ele não fica com a cabeça no São Paulo. Aqui só jogará atleta com contrato de pelo menos um ano.

Agora, no final de 2008, você se encontrou com Rubens Minelli, também tricampeão brasileiro seguido. Ele foi o grande injustiçado na história da Seleção. Segundo ele, o fato de ter trabalhado mais em São Paulo e no Rio Grande do Sul o prejudicou. Você tem medo de seguir o mesmo caminho?


Não. Hoje, a comunicação, a televisão, conseguiu acabar com o bairrismo. No tempo do Minelli se tinha a impressão que o Rio Grande do Sul era muito longe e estava fora das decisões políticas que eram tomadas no Rio, na CBF. Hoje, não. Todos acompanham de perto e sabem como é o trabalho no Inter, no Grêmio. E eu não tenho essa loucura pela seleção, não faço campanha pela mídia, não tento queimar o Dunga. Nada. Eu quero, mas não vou ficar frustrado se não chegar.

O Dunga merece estar lá?

Os números não mentem. O Brasil é o segundo nas Eliminatórias. O trabalho está ótimo. O Dunga pode cometer os erros dele em termos de relacionamento com a imprensa, deixar o clima um pouquinho mais pesado do que deveria. Mas ninguém pode contestar a eficiência do trabalho dele.

Você planeja trabalhar na Europa?

Para isso você tem de jogar a sua carreira na mão de um empresário forte. Fui procurado (várias vezes por Juan Figer) e não aceitei. Se tiver de ir será natural. Não planejo a minha carreira, eu vivo o dia-a-dia. Está ótimo trabalhar no Brasil, no São Paulo.

Mas você terá um aumento, não é?

Espero que o São Paulo reconheça tudo o que fiz e as propostas que recusei. Mas aqui é um pouco difícil. Se o clube dá um real de aumento quer prorrogar o contrato por um ano. O presidente Juvenal Juvêncio sabe o que eu fiz. Agora é com ele.

Esse seu lado rabugento, de dar resposta atravessada aos repórteres pode ser considerado como um teatro. Agindo assim você não discute taticamente o seu time...

De jeito nenhum, mas há um pouco de verdade nisso que se fala. Eu não gosto de expor taticamente a maneira como eu monto a minha equipe. O São Paulo entra em campo preparado para atuar em dois, três esquemas completamente diferentes durante o jogo. E isso acontece. Mas do que adianta falar, explicar? Quase ninguém entende de futebol no Brasil. Todos vêem e ninguém enxerga.

Aqui é tudo na base da festa ou da preleção, com imagens dos parentes chorando. Vídeos que são mostrados quando os times ganham. E quando perdem? Há muita enganação, showzinho para a televisão. Mas vou fazendo o meu, cuidando da minha vida e do meu time. O resto que se dane!

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