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Como Abílio Diniz perdeu força no São Paulo

Empresário viu maior título de dentro do campo e recebeu técnicos em sua casa, mas rompeu de vez quando não aceitou contratação de Bauza e virou alvo de desabafos pós-eleição

Abílio Diniz (à dir.) apoiou Pimenta, candidato derrota na eleição à presidência do clube (Foto: Marcelo Hazan)

Aqui dentro do São Paulo, ele não é nada.

A frase de um dos aliados de Leco durante a comemoração de sua vitória na eleição da última terça-feira se referia a Abílio Diniz. Embora o candidato derrotado tenha sido José Eduardo Mesquita Pimenta, os desabafos do lado ganhador eram todos direcionados a um dos empresários mais famosos do país, considerado, juntamente ao seu braço-direito no futebol, Alexandre Bourgeois, os principais inimigos dessa gestão.



Desde que passou a ter maior influência na política tricolor, Abílio Diniz, que chegou a ficar no banco de reservas da equipe no tricampeonato mundial, em 2005, e se sentiu à vontade para palpitar sobre escalações e contratações de treinador, sofre agora seu maior isolamento.

O ilustre torcedor havia apoiado as eleições de Marcelo Portugal Gouvêa (2004), Juvenal Juvêncio (2006, 2008 e 2011), Carlos Miguel Aidar (2014) e do próprio Carlos Augusto de Barros e Silva (2015), inclusive com contribuições financeiras às campanhas. Só que semanas depois de doar R$ 180 mil para ajudar Leco a vencer Newton do Chapéu, em outubro de 2015, Abílio ultrapassou o que o presidente entendia ser o limite.

Na época, Milton Cruz comandava interinamente a equipe. Abílio, amigo pessoal do hoje treinador do Náutico, queria sua efetivação, mas disse a Leco que, se isso não acontecesse, o contratado deveria ser o ex-lateral-direito Jorginho, que tentava evitar o rebaixamento do Vasco. O empresário iria, inclusive, ao Rio de Janeiro para participar da negociação.

A opinião do empresário foi ignorada, e a diretoria contratou o argentino Edgardo Bauza. Um e-mail repleto de insatisfação enviado a Leco rompeu uma relação que começara décadas atrás, quando eles jogavam bola juntos e falavam do São Paulo, e se intensificou na aproximação que tinha o intuito de levar Aidar à renúncia, naquele mesmo ano de 2015.

Desde então, a situação acusa Abílio e Bourgeois, demitido do cargo de CEO por Aidar, e depois também por Leco, de atiçar conselheiros de oposição e reclama de "baixarias" como um vídeo em que Hitler e seus asseclas são dublados como personagens da atual diretoria, naquela famosa cena de cinema que se tornou pano de fundo para brincadeiras na internet.

Ao longo do ano passado, Abílio buscou inúmeras alternativas para concorrerem com Leco. O preferido era Júlio Casares, que recusou, apoiou Leco e se elegeu membro do Conselho de Administração, órgão responsável pela gestão do clube e criado pelo novo estatuto.
Em outro episódio polêmico, o empresário doou um galpão à principal torcida organizada do clube – sua assessoria confirmou o fato.

Pela primeira vez do lado que perdeu, o empresário terá dificultado o acesso ao futebol do São Paulo, seu time do coração. Durante anos, ele se aproveitou da amizade com Milton Cruz e do tapete vermelho estendido por Juvenal Juvêncio. Recebeu técnicos e dirigentes em sua casa para jantares. A impressão foi sempre a mesma: extremamente agradável, porém sem qualquer conhecimento de futebol.

Certa vez, numa reunião no Morumbi, Abílio comentou com os dirigentes sobre a escalação do jogo seguinte, contra o Atlético-MG. Só ele sabia. A cartolagem disfarçou, mas ficou enfurecida com o nível de influência que o empresário havia atingido.

A vitória de Leco nas urnas, pelo menos momentaneamente, relega Abílio, que é membro do Conselho Consultivo, à mais pura condição de torcedor – por não ser conselheiro, ele não pode ascender ao Conselho de Administração.

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