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Pimenta promete rigor contra corrupção e garante R$ 100 milhões ao futebol

Candidato da oposição, ex-presidente planeja criar fundo milionário exclusivo para contratações de jogadores

Presidente em um dos períodos mais dourados da história do São Paulo, José Eduardo Mesquita Pimenta almeja uma segunda oportunidade na principal cadeira da diretoria. Em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva, o candidato da oposição nas eleições da próxima terça-feira (18) promete tirar o clube do “limbo” com uma gestão rigorosa contra a corrupção.

Garante ainda irrigar o departamento de futebol com, ao menos, R$ 100 milhões, provenientes de um fundo de investimentos capitalizado pelo empresário e maior aliado Abilio Diniz, de quem espera usar sua influência para angariar investidores no mercado.

É no mercado, inclusive, onde Pimenta almeja pinçar profissionais para compor a futura diretoria profissional, uma das novidades determinadas pela reforma estatutária. Com a ajuda deles, o ex-mandatário espera amortizar uma dívida que beira os R$ 300 milhões, culpa das “desastrosas administrações anteriores”, e tornar o Morumbi uma das principais fontes de renda novamente.

Com 78 anos, o advogado dirigiu o Tricolor entre 1990 e 1994, período em que o clube conquistou os bicampeonatos da Copa Libertadores e do Mundial de Clubes. Com o slogan “Volta, Pimenta”, a campanha do oposicionista resgata o que há de positivo em seu passado na tentativa de obter os votos necessários para derrotar Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, atual presidente.

Pimenta, cuja chapa pede “Por um São Paulo Unido e Vencedor”, enfatiza ainda que sua eventual gestão irá manter distância de Carlos Miguel Aidar, ex-mandatário do clube, que renunciou sob denúncias de corrupção e que foi expulso do Conselho Deliberativo.

A Gazeta Esportiva tentou entrevistar Leco para ouvir as propostas da situação. No entanto, a reportagem não teve o seu pedido atendido pela coordenação da campanha.



Gazeta Esportiva – Por que o senhor foi o escolhido como candidato da oposição?

Pimenta
– O Dr. Blum era o pré-candidato. Mas ele sentiu que a candidatura não estava evoluindo naquele momento. Então conversamos juntos com os companheiros da oposição e ele renunciou a essa candidatura. Entenderam que eu poderia ser o substituto, que seria interessante para o clube até pelo meu passado. Ele não tinha a mesma força política e foi o que se entendeu naquele momento. Naquela emergência, já estávamos em fevereiro, o candidato adversário já estava em plena campanha, então fui lançado.

Gazeta Esportiva – O senhor está preparado para modernizar o São Paulo em sua gestão?

Pimenta
– Eu considero que sim. Vamos instituir uma governança corporativa, que ainda não temos no nosso clube, e vamos introduzir um novo modelo de administração, com um Conselho de Administração, constituído de nove membros, três dos quais serão recrutados no mercado, profissionais que tenham conhecimento.

Gazeta Esportiva – Qual será sua prioridade em termos de administração?

Pimenta
– Vamos ter uma administração profissional, mais transparente, assim eu espero, e compartilhada, porque os poderes do presidente vão ser mitigados. Vamos compartilhar a administração com outros valores. Acho isso muito interessante, uma novidade que vai dar certo. Essa é minha expectativa.

Gazeta Esportiva – No lançamento de sua chapa, o Abilio Diniz disse que a situação tinha as armas para vencer. O senhor considera o Leco favorito na eleição?

Pimenta
– Não é favorito. A gente sabe que quem tem o poder, tem muita força. Até porque ele e vinculado a vários conselheiros que hoje são diretores do clube. Mas esse estatuto já está superado. Considero que ele tem a força da situação, mas eu vou ganhar essa eleição. Os conselheiros vão compreender que nós estamos numa fase de mudança e o São Paulo precisa de mudança. O São Paulo vem atravessando uma situação difícil. Tivemos administrações com muitas dificuldades, e o clube entrou no limbo e num processo de decomposição. Temos uma dívida enorme, que deve ser resgatada. Vamos modificar o São Paulo e o Conselho tem a capacidade de entender que isso é necessário.

Gazeta Esportiva – Qual será a posição do Abilio Diniz em sua gestão?

Pimenta
– Um consultor amigo. Evidentemente que a gente se aconselha com grandes empresários tão bem-sucedidos quanto ele. Mas nenhum cargo na administração foi cogitado para ele.



Gazeta Esportiva – Há a possibilidade de o clube pedir um empréstimo ao Diniz?

Pimenta
– Não creio que ele vai emprestar dinheiro. Ele vai capitalizar uma parte do fundo que será criado especialmente para investimento no futebol. Isso com certeza ele vai fazer.

Gazeta Esportiva – Qual o valor que se espera atingir com o fundo?

Pimenta
– Pretendemos alcançar os R$ 100 milhões e dar uma garantia de rentabilidade deste fundo. É muito mais baixo do que qualquer empréstimo financeiro. Vamos ter esse fundo e vamos dar de garantia os realizáveis do São Paulo, mas evidentemente vamos ter condições de pagar os investidores do fundo sem utilizar as garantias. Isso é o que a gente espera.

Gazeta Esportiva – O fundo vai servir para a contratação de jogadores?

Pimenta
– Isso, especialmente para a equipe de futebol.

Gazeta Esportiva – Ele poderá ajudar a amortizar a dívida do clube?

Pimenta
– O fundo não tem nada a ver com a dívida. Será exclusivamente para o futebol.

Gazeta Esportiva – O São Paulo tem muitas dívidas?

Pimenta
– A bancária talvez tenha reduzido, mas outras dívidas aumentaram com as contratações de jogadores, como o Pratto, etc. Há outros credores do São Paulo que não são os bancos. A dívida, provavelmente se mantém, e é muito elevada. Até aumenta um pouco, vamos esperar a publicação do balanço, mas certamente terá um acréscimo.

Gazeta Esportiva – Qual o seu plano para pagar essa dívida?

Pimenta
– Se nós tivermos o fundo que vai ser aplicado no futebol, vamos liberar as despesas do futebol e vamos ficar com as outras receitas para a administração do clube. Teremos que cuidar para amortizar essa dívida.

Gazeta Esportiva – O senhor pretende adiantar a cota de televisão em sua gestão?

Pimenta
– Não sei, vamos ver depois. O Conselho de Administração vai ver a conveniência ou não de antecipar alguma receita. Na minha época nunca aconteceu isso. A ideia não é adiantar. Talvez na transição, até que o fundo seja constituído, leva uns 90 dias.


Pimenta entrega placa ao argentino Diego Maradona antes do amistoso entre São Paulo e Sevilla, no Morumbi, em 1993 (Foto: Acervo/Gazeta Press)

Gazeta Esportiva – Hoje, o São Paulo não tem um patrocinador máster. Será uma prioridade de sua gestão obter uma nova marca para o espaço nobre da camisa?

Pimenta
– Creio que, com o restabelecimento da credibilidade e da confiança, vamos ter propostas interessantes. Isso é o tal do círculo vicioso, a gente começa a transformar o clube e certamente atrai os patrocinadores. Talvez o reflexo dessas administrações desastrosas que nós tivemos (tenha dificuldade no acerto com patrocinadores nos últimos anos). Infelizmente isso acabou prejudicando extremamente o São Paulo. Vamos restabelecer a confiança, isso é muito importante.

Gazeta Esportiva – Quais serão as medidas contra corrupção que o senhor implementará no clube?

Pimenta
– Com a administração compartilhada, vamos ter muito mais rigor no exame de contas, nas transferências de jogadores, aquisições, isso vai ser mais dissecado e vai diminuir a possibilidade de algum ato ‘fora da casinha’ como a gente diz.

Gazeta Esportiva – Como tornar as contas e receitas do clube mais transparentes?

Pimenta
– Publicar todas as informações, contratos de marketing, todos os contratos do São Paulo, contratações de serviços…Enfim, a gente quer tornar bastante transparente, é para valer. Não vamos ocultar nada, o propósito é tornar o São Paulo realmente transparente. Isso é uma condição, inclusive, para se fazer o fundo, para que a gente tenha a aprovação do fundo, com governança corporativa e a transparência sobretudo.

Gazeta Esportiva – O senhor teme que o caso “Mário Tilico” possa influenciar negativamente sua campanha na eleição?

Pimenta
– Não tenho por que temer. Primeiro que o Tilico nem foi vendido. Segundo que o episódio foi revelado através de uma fita adulterada em 1994. Fui eleito presidente, fomos campeões do mundo, da América, e ninguém sustou esse problema. Depois vieram com esse assunto para me perseguir politicamente. Achavam que com aqueles títulos todos que eu tinha ganho no São Paulo, eu poderia ser o grande líder político e despertei inveja certamente. Não tem sentido, o Mário Tilico nem foi negociado. Esse assunto foi sepultado porque eu consegui a prova pericial, provei que a fita era ilegal e isso foi considerado pelo conselho.

Nota da Redação: Meses depois de findar seu mandato como presidente do São Paulo, em 1994, Pimenta foi expulso do Conselho Deliberativo em função da divulgação de uma fita cujo áudio revela o dirigente supostamente negociando comissão na venda do atacante Mário Tilico com o Logroñes-ESP – a venda acabou não acontecendo.

No entanto, um laudo do Laboratório de Fonética Forense da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) mostrou evidências de houve montagem na gravação, o que levou Pimenta de volta aos quadros do clube.


Gazeta Esportiva – A situação tem usado isso como arma nos bastidores?

Pimenta
– Se usarem também…É falso, né. Seria só com esse propósito político com a eleição. Não teria nenhum significado maior. Até porque hoje eu sou presidente do Conselho Consultivo, dos ex-presidentes do São Paulo.


Já como secretário Municipal de Esportes e Laser de São Paulo, na gestão de Paulo Maluf, Pimenta inaugura pista de atletismo ao lado do bicampeão olímpico do salto triplo Adhemar Ferreira da Silva (Foto: Acervo/Gazeta Press)

Gazeta Esportiva – Um dos pilares de sua gestão é a modernização do Estádio do Morumbi. Ela se dará total ou parcialmente?

Pimenta
– Entendo como prioridade seria a cobertura e o estacionamento, que é fundamental. Não há um projeto. Nada premeditado, mas temos interesse em fazer.

Gazeta Esportiva – Como tornar o Morumbi mais rentável ao São Paulo?

Pimenta
– Nós não temos grandes jogos hoje como tínhamos no passado. Temos que incentivar a utilização do estádio. O estádio é muito grande, o maior de todos para espetáculos. Se tivermos condições de propiciar conforto e acesso às pessoas, o São Paulo poderá voltar a arrecadar com o estádio…E outras promoções, quem sabe, internas, temos as lojas, quem sabe criar um outro fator, um shopping. Uma unidade de negócio, com certeza isso será estudado.

Gazeta Esportiva – O programa de sócio-torcedor, por enquanto, não tem refletido em uma elevação de público no Morumbi. Como o senhor pretende melhorar isso no programa?

Pimenta
– Não tenho ainda um juízo final. Mas que tem que alterar os planos de hoje para que desperte mais interesse no torcedor, não tenho a menor dúvida. É uma fonte de arrecadação grande e tem o vínculo que traz do são-paulino com o clube. Isso será visto com muito cuidado. Essa é a ideia da profissionalização: ter um profissional em cada lugar. Importante porque gera receitas. Recrutando profissionais qualificados no mercado.


José Eduardo Mesquita Pímenta tenta retornar à presidência do São Paulo depois de 23 anos (Foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press)

Gazeta Esportiva – O senhor tem em mente os nomes para a diretoria executiva?

Pimenta
– Não tenho. São de três a nove membros. Com certeza serão recrutados no mercado, vamos procurar adaptar não só a qualificação, mas a possibilidade dos salários.

Gazeta Esportiva – No lançamento da chapa, o senhor disse que a sua gestão poderia rever o caso Carlos Miguel Aidar.

Pimenta
– Não falei isso. Eu disse que na legislação brasileira não temos nenhuma lei que preveja pena perpétua. É o que vem na cabeça do advogado, mas eu não tenho nada a ver com o Aidar. O Conselho é soberano, entendeu que devia eliminá-lo do Conselho, eu não tenho compromisso com ele em nada. Da minha gestão ele não vai participar. Agora, o Conselho é soberano. Se quiser tomar uma iniciativa lá na frente é problema do Conselho. Eu não tenho nada a ver com isso e nem vou provocar isso. Eu me expressei mal, mas foi porque é intuitivo. Não existe pena perpétua. Sempre poderá ser revista. Não tenho nada com o Aidar. Na minha gestão ele não vai participar. Somos adversários políticos desde 1988.

Gazeta Esportiva – O senhor dará algum cargo em sua diretoria a Alexandre Bourgeois, demitido duas vezes da função de CEO em gestões anteriores?

Pimenta
– Ele não é aliado. Ele é empregado do Diniz. Ele é profissional, administra as coisas do São Paulo sob a orientação do Diniz, que está nos ajudando na companha. Eu não tenho nenhum compromisso com ele. Ele foi demitido duas vezes por questões políticas, mas não sei exatamente a motivação. Não tenho nenhum compromisso com ele nesse sentido. Ele trabalha, é remunerado pelo Diniz. Nunca nem tratamos desse assunto, exatamente porque ele tem essa, não digo restrição, não sei se tem razão ou não. Quando reclamou os seus salários o mandaram reclamar em juízo. Nem sei por que foram os motivos de ele ter saído, nem converso com ele, até porque não tenho nenhum compromisso com ele.

Gazeta Esportiva – O senhor já tem os votos necessários para vencer a eleição?

Pimenta
– São 240 conselheiros, tem que ser 50% mais um. Está evoluindo, nós vamos ganhar, vamos conseguir. Espero que os conselheiros compreendam essa situação, que exige uma renovação para reconstruir o São Paulo.

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