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Há males que vêm para o bem, Tricolor

Neste sábado em clima de esquenta carnavalesco e fim do horário de verão, o Tricolor tomou um belo balde d'água gelada na cabeça ao sofrer o empate do líder Mirassol no último lance do jogo. O 2x2 foi altamente frustrante, mas tentarei abordá-lo por outros ângulos além do mais óbvio. Vem comigo, em 10 tópicos:



1 - A satisfatória estreia de Pratto
Com apenas 8 minutos de bola correndo, um gol com uma chicotada de cabeça, aproveitando uma falha do nosso velho conhecido Edson Silva. O recém-contratado brocador não poderia ter desejado um início melhor da sua história com o manto são paulino. No restante da partida, o argentino foi bastante acionado, mas, a exemplo de toda a equipe, pecou nas tomadas de decisão dentro da área. Suas melhores participações foram comandando a marcação pressão sobre a linha de zaga mirassolense e, quando o time retomava a posse, fazendo pivôs na intermediária, escorando bolas de primeira para quem chegava e dando velocidade aos ataques do São Paulo. Com maior rapidez de raciocínio e execução, tem tudo pra dar tango.

2 - Luiz Araújo e a questão das finalizações
Destaque maior das últimas duas vitórias, capa de todos os jornais, entrevistado por todos os canais de TV, dono de um penteado modernoso e elogiadíssimo por Rogério Ceni, é seguro dizer que Luiz Araújo está - com toda a justiça - na crista da onda. Contra o Mirassol (justamente o clube em cujas categorias de base brilhou antes de ser trazido ao São Paulo) o camisa 31 teve boa atuação. Vertical, driblador, veloz e combativo, Araújo condensa diversas características que não apenas são cruciais para o modelo de jogo pretendido por Rogério Ceni como de certa forma o simbolizam.

No entanto, nem mesmo os dois gols na Vila Belmiro no meio de semana podem servir para esconder o óbvio: o jogador de 20 anos ainda precisa de um trabalho específico de finalizações nos treinamentos. Ao longo do jogo de ontem, teve ao menos 5 oportunidades boas de conclusão: uma quase se tornou um golaço e as outras todas resultaram em chutes muito fracos ou tortos. Quem o acompanha de longa data pode confirmar que este fundamento tem sido seu calcanhar de Aquiles na equipe profissional. É preciso lapidar o garoto, que obviamente ainda não está formado. À torcida, cabe paciência. À comissão técnica, trabalho. À joia de Cotia, dedicação para corrigir seu maior defeito e se tornar um atleta de referência.

3 - Muricy, um profeta
Como diria um dos mais célebres e vitoriosos treinadores da história tricolor, a bola pune. O São Paulo dominou amplamente a posse - o que não significa necessariamente ter jogado bem - e teve diversas chances de matar o jogo ao longo das duas etapas. Não é difícil identificar que faltou seriedade para fazê-lo. Os dois gols sofridos em claras falhas individuais de Maicon (disparado o melhor em campo até ali) e Bruno foram uma justa punição para uma equipe que não foi capaz de fazer o simples, tanto atrás quanto na frente. O futebol não costuma perdoar a displicência.

4 - Há males que vêm para o bem
É estranho "comemorar" um resultado tão azedo, mas considero o empate um necessário freio ao clima de EMPOLGOU que compreensivelmente se instalou na Barra Funda após as duas convincentes vitórias sobre a Ponte e o Santos. Ter vencido uma partida em que não fomos tão bem quanto as anteriores talvez mascarasse a necessidade de concentração e seriedade em 100% do tempo, em especial para uma equipe em formação como a nossa. A empolgação nós deixamos para o outro lado do muro do CT. Queremos virar campeões, não memes. Por isso, o sinal amarelo trazido pelo empate tardio me parece salutar a essa altura. Tiremos lições.

5 - "Treis zaguero"
O 3-4-3 foi muito brevemente testado após a entrada de Buffarini como zagueiro pela direita na metade do segundo tempo. Após o primeiro gol do Mirassol, no entanto, Rogério retornou ao 4-3-3 de praxe utilizando Buffa na lateral-esquerda e Junior Tavares no meio-campo, na posição originalmente ocupada por Cícero. Particularmente, gostaria de ver o esquema com 3 zagueiros, como o Chelsea de Antonio Conte atua, ser experimentado mais vezes. Pode ser uma variação tática importante ao longo do ano.

6 - O Paulistão da torcida tricolor?
Após os 51 mil presentes para o duelo com a Ponte Preta domingo passado, o Morumbi voltou a receber um enorme público contra o Mirassol, quando tivemos 44 mil testemunhas empurrando o São Paulo. O show da massa tricolor é uma das boas surpresas desse campeonato e tem ligação direta não apenas com o fato de um ídolo histórico como Rogério Ceni estar vivendo seus primeiros dias como técnico, mas também aos preços acessíveis praticados pela diretoria. Não tem segredo, é uma via de duas mãos: se o clube não trai o torcedor, o torcedor não abandona o time. Se seguirmos nessa toada, seremos muito mais fortes dentro de campo.

7 - Neílton sofrendo para se adaptar
Após uma razoável atuação frente ao Moto Club e um absolutamente olvidável primeiro tempo contra o Santos, Neílton voltou a ganhar chance ontem, entrando na segunda etapa no lugar de Luiz Araújo. Se a palavra de ordem para a dupla Ceni-Beale é intensidade, não é isso que eles estão encontrando no camisa 7. Nitidamente, o ex-botafoguense está penando para se encaixar na ideia de rápidas tomadas de decisão e entrega física para a recuperação da posse de bola que vêm sendo a tônica do fevereiro são-paulino. A mesma receita recomendada a Luiz Araújo se aplica ao caso de Neílton: paciência, dedicação e atenção. Trata-se de um ponta que, pelo que demonstrou no último Brasileirão, pode ter bastante utilidade no rodízio de peças ao longo da temporada, e seria irresponsabilidade queimá-lo por conta de alguns jogos sonolentos. Levo fé.

8 - Nove gols sofridos em 4 jogos
Resultados positivos e boa campanha à parte, não pode ser considerado normal um time de alto nível ter média de mais de 2 gols sofridos por partida. O São Paulo precisa encontrar um balanço para o "estilo de basquete" mencionado por Rogério, em referência ao time que ataca e volta pra marcar em bloco, indo de área a área sem controlar e administrar o jogo. É algo que tem de ser devidamente treinado e desenvolvido, e cuja solução certamente reside no papel dos meio-campistas e alas, que ditam o tempo da engrenagem e devem ser mais criteriosos na hora de decidir por cruzamentos, lançamentos e passes longos ou a valorização da posse de bola. Além disso, é justo lembrar que houve diversos gols que foram frutos de falhas individuais de Sidão, Buffarini, Maicon e Bruno, por exemplo. É do jogo, não deveria acontecer, mas acontece.

9 - Sequência de jogos
Nos últimos 14 dias, o São Paulo encarou uma mini-maratona de jogos dificílimos: primeiro, um arteiro Audax de Fernando Diniz debaixo de um calor do cão; depois, um mata-mata da Copa do Brasil fora de casa; uma sempre traiçoeira Ponte Preta em casa; o fortíssimo Santos e sua longeva invencibilidade na Vila Belmiro e, por fim, o líder do campeonato no Morumbi. Ao todo, obtivemos 3 vitórias, 1 empate e 1 derrota, passamos de fase na Copa do Brasil, estamos na liderança do grupo no Paulista, demonstramos poder de reação diante de situações adversas e vemos um time em evidente gráfico ascendente, com a torcida a seu lado e jogadores outrora renegados (Gilberto) e outros pratas-da-casa (Junior Tavares e Luiz Araújo) assumindo importante papel. Se formos dividir o calendário em partes, pode-se dizer que o time passou no primeiro teste. Não deixemos essa peteca cair.

10 - Cuevadependência?
Não é de hoje que sabemos que Cueva, o Iniesta Inca, é o dono do time. Inteligente, criativo, atrevido e muito ágil, o camisa 10 peruano tornou-se uma referência técnica já no bagunçado escrete de Ricardo Gomes em 2016, e, por isso mesmo, começa a ser visado pelos rivais, que intensificarão a marcação no melhor jogador são-paulino, certamente. Além disso, fatores como a desgastante rotina de jogos, o rodízio implantado pelo treinador e as inevitáveis convocações para a seleção do Peru devem acender um sinal de alerta para a comissão técnica: como jogar sem Cueva? E ainda: como manter o nível quando ele não atuar bem, como contra o Mirassol?

Soluções como Lucas Fernandes e Shaylon precisam ser experimentadas. São os únicos jogadores do plantel que reúnem características semelhantes às do peruano, que tem inteligência de sobra para procurar espaços entre as linhas defensivas rivais e fazer passes a rasgar (saudades, Championship Manager) no costado da zaga (saudades, Luciano do Valle). Passada essa primeira mini-maratona de partidas mencionada no item anterior, seria apropriado ver Rogério dando quilometragem aos dois garotos de Cotia na equipe principal enquanto dosa a fadiga de seu craque. No médio prazo, isso pode se provar essencial para os resultados da temporada. O Paulista é, acima de tudo, para plantarmos sementes.

PS: Tem Twitter? Sigam-me os bons: @pedro_de_luna

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