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SPFC.Net 10 anos: Entrevista com Marco Aurélio Cunha - EXCLUSIVO

MAC dá os parabéns ao SPFC.Net e quem ganha o presente é você

A série de dez matérias especiais pela comemoração da primeira década de existência do SPFC.Net chega ao segundo dia com um dos personagens tricolores mais queridos da torcida: Marco Aurélio Cunha. Defensor fervoroso do clube em todas as tribunas, o médico, superintendente e mais recentemente diretor-executivo falou com exclusividade ao nosso site. E, para reverenciar você, a razão de todo o sucesso do SPFC.Net, apresentamos uma entrevista absolutamente exclusiva mostrando toda a paixão do dirigente, de 62 anos, pelo Mais Querido.

No bate-papo de quase uma hora, ele falou sobre seus ídolos, da amizade com Rogério Ceni e Lugano, do melhor treinador, o maior presidente, seu primeiro jogo, maior maluquice... Confira:

SPFC.Net: Por que você virou são-paulino?

MARCO AURÉLIO CUNHA:
Meu pai (João Cunha) era muito são-paulino, assim como a família toda. Eu me lembro de ele querer me levar aos jogos desde muito novo. Eu ia ao Morumbi e ficava no colo dele. E foi assim que surgiu meu carinho pelo São Paulo. Com o tempo, fiquei mais são-paulino do que ele.

Já fez alguma maluquice pelo Tricolor?

Teve uma história engraçada em 1967, quando eu tinha 13 anos. Era a época dos Beatles e eu tinha cabelo cumprido, como quase todo mundo. Meu pai odiava. Eu pedi que a gente fosse para Araraquara ver um jogo decisivo do Paulista contra a Ferroviária e ele falou que só iríamos se eu cortasse o cabelo. Quase chorei quando cortei bem curtinho. Aí, pegamos o Fusca e fomos. O pior é que o time perdeu por 1 a 0 com um gol no comecinho do jogo, num dia em que fazia muito calor. E o título ficou mais distante.

Qual foi o primeiro jogo do São Paulo que assistiu do estádio?

(Pensativo) Foram tantos jogos... talvez tenha sido um São Paulo x Guarani no Pacaembu, em 1963 (a partida terminou com vitória por 2 a 1 do Tricolor). Lembro-me bem do Benê, que havia sido contratado do próprio Guarani.

Tem ideia de quantas partidas já viu no Morumbi?

Essa resposta é impossível. Não faço ideia. Foram algumas centenas de jogos. Ia a quase todos os jogos com o Luiz Carlos, o Lica, que acabou se tornando meu melhor amigo. Éramos menores de idade e então nem pagávamos ingresso. Nossa brincadeira era para ver quem tinha visitado mais estádios. O São Paulo nos aproximou e somos amigos até hoje. Moramos no mesmo prédio e sou padrinho da Patrícia, a filha dele.

Qual foi seu maior ídolo são-paulino?

O Roberto Dias foi, sem nenhuma dúvida, o grande ídolo da minha geração. Ele era uma espécie de Rogério Ceni da época, porque o São Paulo vivia numa penúria enquanto construía o Morumbi e o Roberto se manteve no clube todo o tempo. Agora, meu ídolo pessoal foi o Careca. Por tudo o que ele representou para mim dentro e fora de campo. Consegui descobrir e o ajudei a se recuperar de uma contusão séria, quando muita gente dizia que ele não jogaria mais.

O Careca foi o jogador mais completo com quem você já trabalhou?

Foi. Ele fazia tudo com perfeição, sem contar o caráter. Acompanhei o Careca nos exames médicos no Napoli e tempos depois fui convidado para ir até a Itália ver o jogo que valeria o título do Campeonato Italiano. Ele queria que eu entrasse em campo com o time e recusei. Aí, ele falou a frase mais bonita que escutei no futebol: “você me trouxe até aqui. Agora deixe que eu te leve até lá no campo”. No fim, o Napoli ganhou da Lazio e foi campeão e eu assisti a tudo atrás de um dos gols.

O Lugano e o Rogério Ceni também estão nessa galeria de amigos que o futebol te deu?

Com certeza. O Lugano é meu amigo muito particular. De trocar confidências, dividir momentos difíceis. Fui eu quem deu a notícia de que ele não conseguiria mais jogar a Copa do Mundo de 2014. Havia uma fratura de cartilagem e não dava. Ele ainda argumentou e eu disse que não o deixaria jogar. Somos bem próximos, de passar as férias juntos no apartamento dele em Miami.

E em relação ao Rogério Ceni?

É uma ligação de muitos anos. Acompanhei desde o começo a carreira dele. Tem o respeito do médico, do conselheiro e do amigo. Além da reverência ao Mito que ele é. E o Rogério também me respeita muito. Posso dizer com orgulho que fui um dos que mais insistiram na vinda dele como técnico. Sou um dos responsáveis por essa ideia.

Qual o seu jogo do São Paulo inesquecível?

São dois. O primeiro é aquela final de Brasileiro de 1986 com o Guarani. O jogo aconteceu no dia 25 de fevereiro, data do aniversário do Juvenal Juvêncio e do nosso técnico, o Pepe. Eu faço aniversário três dias depois. E a partida foi incrível, com dois gols para cada lado na prorrogação. O nosso saiu no último minuto. Depois, ainda veio a decisão por pênaltis (Dario Pereyra, Fonseca, Rômulo e Wagner Basílio garantiram a vitória por 4 a 3).

E o segundo?

Foi a final do Mundial contra o Liverpool, em 2005. A gente sabia que o time deles era mais poderoso, não tomava gols há 11 jogos... Tudo isso nos deixava bastante apreensivos, mas a vitória por 1 a 0 foi maravilhosa (Mineiro marcou o gol do título, após lindo passe de Aloísio). Eu já era superintendente de futebol. Contra o Guarani, atuava como médico.

Já que falamos de alegrias, qual a maior tristeza como torcedor?

Acho que foi aquele gol do Washington, do Fluminense, no último minuto (o Tricolor perdeu por 3 a 1 e foi eliminado nas quartas de final da Libertadores de 2008). Aquilo me deixou muito frustrado, porque havíamos chegado ao empate em 1 a 1 no 2º tempo e tinha certeza de que passaríamos.

Como se tornou funcionário do São Paulo?

Eu cresci dizendo para todo mundo que seria médico do São Paulo. Aí, fui aluno na faculdade do doutor (José Douglas) Dallora, que era diretor de futebol do São Paulo. Falávamos sobre as coisas do nosso time e começamos a ir ao estádio juntos. Um desses jogos foi a estreia do Muricy no profissional, em 1974. Até ganhei a camisa dele. Aí, no 5º ano de faculdade, fui estagiar em um hospital onde trabalhava o José Carlos Ricci, médico do Tricolor. A convite dele, passei a frequentar os treinos e comecei a ajudá-lo, em 1977. Dois anos depois, o médico da base foi com o Rubens Minelli para a Arábia Saudita e entrei oficialmente no São Paulo para o seu lugar. Em 1984, o Ricci teve um tumor cerebral e acabei assumindo o departamento médico do time profissional.

Por que saiu do São Paulo em 1990?

Eu havia me casado com a filha do Juvenal e ocorreu uma cisão política entre ele e o (Antonio Leme Nunes) Galvão (presidente de 1978 a 82). Aí, acabei saindo.

A partir daí, você trabalhou por Bragantino, Guarani, Juventude, Japão, Coritiba, Santos, Figueirense... Como era enfrentar o São Paulo nessa época?

Era doido, mas eu queria ganhar. O curioso é que mais perdi do que ganhei. Foi assim na final do Brasileirão de 1991, quando o São Paulo ganhou o título em cima do meu Bragantino, pelo Santos...

Qual o melhor técnico com quem trabalhou no Tricolor?

O Cilinho. Ele era um sujeito de difícil temperamento duro, mas tinha tudo para ser um dos melhores do mundo pelo conhecimento. Era estrategista e já fazia na década de 1980 coisas dos tempos de hoje, como treinamento em campo curto, linha alta... Ele era brilhante.

E o melhor presidente?

O Marcelo Portugal Gouvêa, pela generosidade e porque ele sabia lidar com gente.

O melhor diretor de futebol?

O Juvenal com seu tom imperativo funcionava muito bem no futebol. Ele sabia lidar com os jogadores. Como presidente, foi bem até o terceiro mandato. A ausência do Marcelo foi o grande problema para ele, porque o saudoso ex-presidente dava um tom humanizado ao São Paulo do Juvenal.

O torcedor pode ter esperança de vê-lo de volta ao São Paulo em abril, após a eleição presidencial?

Eu não antecipo nada antes da eleição, até porque tenho muita responsabilidade na CBF. Talvez eu não volte, independentemente de quem ganhe a eleição. Tenho muita vontade, mas preciso respeitar os compromissos com a confederação.

Para fechar: sabemos que o senhor lê com frequência o SPFC.Net. Que mensagem manda pelos 10 anos de aniversário?

Eu realmente leio as matérias de vocês, acesso sempre que posso, por curiosidade e interesse de opinião. E posso dizer que recomendo!

"você já viu a primeira matéria da série especial de 10 anos do SPFC.NEt? Clique Aqui e confira nossa linha do tempo"


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