Cinco meses depois, Jô dá razão a Rogério Ceni - Mauro Cezar - ESPN
Rodrigo Caio disse ao árbitro de São Paulo x Corinthians que ele, e não o adversário Jô, pisara no goleiro são-paulino Renan Ribeiro. O gesto fez o árbitro Luiz Flávio de Oliveira cancelar o cartão amarelo dado ao atacante corintiano, que estaria suspenso do jogo de volta com aquela advertência. Aconteceu em 16 de abril.
O zagueiro foi elogiado e até convocado por isso. Técnico tricolor na ocasião, Rogério Ceni não gostou e teria dado bronca em Rodrigo Caio. Muita gente não concordou, mas a reação do ex-goleiro foi normal. Que fair-play unilateral é esse? Um joga limpo com o outro, sem reciprocidade?! Jô poderia mudar isso.
No calor do jogo, o treinador teria questionado a postura de seu atleta justamente pela incerteza do que viria com papéis invertidos. É muito simples para nós, de fora, discursar pelo fair-play elogiando atitudes como a de Rodrigo Caio e, ao contrário, é complicadíssimo para quem trabalha para vencer ou é demitido. Complexo.
Ceni ainda argumentou que Jô teria empurrado Rodrigo Caio, fazendo com que ele pisasse Renan, raciocínio que faz sentido e poderia sustentar o cartão amarelo. A decisão do zagueiro, ali, em meio à disputa, foi inegavelmente nobre, mas por muitos foi vista como ingênua, por não se saber o que faria seu adversário.
Agora sabemos. Apesar das declarações elogiosas ao são-paulino, inclusive no Bola da Vez, programa que irá ao ar amanhã na ESPN Brasil às 21 horas (veja trecho no vídeo acima), Jô fez diferente. Marcou o gol da vitória sobre o Vasco com braço, comemorou e sinalizou ao vascaíno Ramon que fizera com o peito.
Tudo no ambiente da peleja, ok! Mas e depois? Na entrevista falou até em Deus e não admitiu o ato. Sim. Teve a chance de dizer, de cabeça fria e banho tomado, algo como "na hora me atirei na bola, sai festejando. Mas vi o lance no vestiário e realmente bateu no meu braço". Seria o mínimo, mas Jô não fez isso.
“Eu me joguei na bola, não deu para ver. Não sei onde bateu”, disse o atacante. “Eu não tenho convicção se foi com o braço, se tivesse eu ia falar. Pela TV é fácil de ver. Me joguei, tanto que caí dentro do gol. Se ele deu gol, foi gol. Só vi que a bola entrou”. Mas se não sabe onde bateu, o que significa o gesto ao lado e abaixo?
Se Rogério Ceni não gostou da ação de Rodrigo Caio por duvidar de uma atitude parecida de seu adversário, o tempo lhe deu razão. Jô lhe deu razão. Não apenas pelo que aconteceu em campo, mas principalmente pelas suas palavras após a partida, contraditórias em relação ao que disse depois do clássico de abril.
Seria lindo o jogo disputado apenas por pessoas supersinceras, com o esporte servindo de exemplo para uma sociedade contaminada pelo "levar vantagem em tudo". Mas o fato é que fair-play no futebol não existe, tampouco se impõe numa canetada da Fifa. O domingo em Itaquera mostrou isso mais uma vez.
Se você duvida, veja abaixo o que disse o meia corintiano Rodriguinho, em entrevista coletiva, após uma noite de sono, no dia seguinte à partida. "Lance difícil de ser visto pela arbitragem", "divide opiniões", diz ele. Não seria melhor admitir que o gol da vitória foi, sim, feito com o braço? Constrangedor.