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O gênio Ganso versus o futebol moderno. Por Carlos Port

Eu lamento muito pela geração tricolor que nasceu a partir de 1980, por tudo que perderam, no futebol.

Não viram, por exemplo, a seleção de 82, com o Mestre Telê.

Não souberam o que foram Falcão, Sócrates e Zico, jogando juntos.

Meia-direita e meia-esquerda, clássicos.

Mas aqui o assunto é São Paulo Futebol Clube. Pois bem, vamos a quem fez acontecer, em um dos times mais espetaculares do Tricolor, desde a fundação do Morumbi, os Menudos de Cilinho, em 1985.

Silas, destro. Pita, canhoto. Eram os meias geniais. E jogavam com apenas um volante!

Fizeram o SPFC conquistar tudo em SP e no Brasil. Acima de tudo, encantaram com futebol-arte!

Nostalgia e volta no tempo, do que foi fantástico nos gramados.

Mas a minha lamentação avança no presente e tem nome e sobrenome: Paulo Henrique Ganso.

É um "crime" o que o futebol moderno e os seus novos conceitos "europeus", dentro do Brasil, tem feito a este diamante a ser lapidado, chamado Ganso.

Ganso é jóia rara, sendo tratada feito bijouteria.

"Tem que correr, tem que marcar", dizem.

Perdão, senhores e senhoras reféns dos conceitos que um dia, Lazaroni implantou no Brasil e a partir daí, a Seleção Brasileira de Telê, de Coutinho, de Zagalo e outros tantos de escretes que encantaram, jamais reencontraram sua essência.

Ganso não tem que jogar como o futebol moderno de tantos meias-atacantes, mais atletas que craques, fazem.

O Maestro, como diz a própria função, precisa apenas, reger!

Conduzir, direcionar, cadenciar, colocar na cara do gol, ser genial na assistência, no lance inesperado, no toque de classe.

Tudo isso Ganso é capaz de fazer, com a raridade de uma "espécie em extinção" no Brasil e no mundo. O meia clássico.

No Brasil hoje, além de Ganso, apenas Alex, que retornou do seu reinado na Turquia.

Ah, em seus tempos de Palmeiras o chamavam de "Alexotan", alusão ao medicamente que dá sono, porque só criava.

Só que quando criava, foi capaz de lances absolutamente monstruosos, até a sequência de chapéus que infelizmente, foi a defesa do SPFC e Rogério Ceni que sofreram, em 2002.

Heresias da bola...

Se o SPFC que encantava em 1985 tinha Silas e Pita, o Tricolor de 2013 tem Jadson e Ganso.

Jadson, o destro que nunca foi 10 e sempre foi 8, se encontrou e está sendo o melhor jogador do ano na temporada.

Ganso, o canhoto que nunca foi 8 e sempre foi 10, espera a sua chance de sequência na titularidade.

Juntos, tem tudo pra arrebentar e compensar o tempo perdido, por erros de diretoria e de comissão técnica.

A negociação de Ganso foi um novela de milhões. Exaustiva, desgastante, vitoriosa para o São Paulo.

Que fez o quê, a partir daí?!

Nada!

Um marketing que foi nota zero, que nunca explorou a contratação do craque. Não gerou receitas, não fez de Ganso o genial a ser aguardado.

Sequer camisas, pasmem, foram encontradas do craque.

Qualquer grande time do mundo, quando traz um grande jogador, a primeira providência é o marketing em torno dele.

As primeiras notícias lidas são "camisas esgotam nas lojas".

O SPFC nada fez.

Contratou um craque e o tratou como jogador comum, a espera de uma oportunidade.

Com isso, a confiança de Ganso, naturalmente, baixou.

Principalmente, pela insistência errada de Ney Franco, em um sistema que está morto, desde a saída de Lucas.

Gosto do treinador são-paulino, o Tricolor deve muito a ele. O futebol ofensivo, a volta pra Libertadores, o título da Sul-Americana, o terceiro maior goleador em 2012, apenas atrás de Barcelona e Real Madrid, foram méritos de Ney Franco. Mas também de Lucas, que não está mais no Morumbi.

Não é o jogador que se adapta ao melhor esquema tático e sim, o esquema tático que se adapta aos melhores jogadores, Ney Franco!

E em 2013, o melhor para o São Paulo são os meias jogando juntos. Um time gigante que sofreu sem esse perfil de jogador por mais de 1200 dias, desde a saída de Danilo e quando tem de volta, não joga, sob alegação de falta de ritmo, de ser outro esquema.

Não insista no erro, Ney Franco! Por mais que a diretoria tenha errado antes!

Você, Ney, tão fã do futebol ofensivo, essência do futebol brasileiro, certamente viu o SPFC, em 1985.

Jadson e Ganso, podem ser o que foram Silas e Pita.

Esqueça essa bobagem e esse assassinato do talento, em nome de conceitos de marcação. Já existem tantos pra fazer isso. Aliás, é o que mais tem no futebol de hoje.

O Brasil não chega a dois dígitos de meias-clássicos, na atualidade.

O São Paulo, vem matando o que tem, aos poucos.

Chega! Vamos reagir com Ganso!

Privilegie a arte, Ney Franco.

Dê sequência de titularidade a Ganso, ao lado de Jadson, com Osvaldo e Fabuloso, com dois volantes protegendo e aguarde o resultado.

Acima de tudo, terá a nação tricolor ao lado, que já começa a questionar o seu trabalho.

Com razão.


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